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Meu Passado Me Condena: O Filme
Meu Passado Me Condena: O Filme
Casal se conhece e em um mês de namoro resolve casar e sair em lua de mel em um Cruzeiro para a Itália. Essa é a premissa de Meu Passado Me Condena, filme baseado na série homônima do Multishow. O problema é que, além da previsibilidade do longa-metragem, ele é quase uma cópia da primeira temporada da série.
Fábio Porchat é Fábio, Miá Mello é Miá. O Cruzeiro também é real, com tripulantes e passageiros reais interagindo com os atores. A diferença é que o real passeou pela costa brasileira, enquanto o do filme atravessa o Atlântico. Tanta intercessão entre realidade e ficção parece ter deixado o filme mais preocupado com situações reais do que com a verossimilhança da trama.
Não é apenas um filme com uma história boba recheada com algumas esquetes divertidas. O roteiro de Tati Bernardi e Leonardo Muniz parece perder o rumo, criando situações inexplicáveis como o comandante mal-humorado no meio da festa à fantasia. Ou a funcionária Suzana, interpretada por Inez Viana que simplesmente invade os quartos dos hóspedes sem pedir licença. A situação na casa da madrinha e a posterior foto também é difícil de engolir.
Mas, complicado mesmo é acreditar totalmente no casal Fábio e Miá. Tudo bem que paixão fulminante existe, mas casar e sair em lua de mel para Europa em um mês de convívio nos parece mais uma trama de Vegas. Ele nem sabe o nome dos pais da moça? E se ao entrar no navio, a primeira coisa que Fábio faz é ligar para a família, dando a entender que é bastante ligado a ela, como se casaria sem tê-los como testemunha?
Por outro lado, os roteiristas parecem se inspirar em Renato Russo. "Afinal, quem irá dizer que existe razão para as coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?" Literalmente, eles se inspiram em Eduardo e Mônica. Fábio é o meninão que ainda não cresceu, parece perdido na adolescência, ligado à família. Enquanto Miá é a mulher resolvida, de negócios, culta, que adora filme de Truffaut (uma brincadeira com a Mônica que queria ver o filme de Godard). O problema é que mesmo Eduardo e Mônica, "se encontravam todo dia e a vontade crescia como tinha de ser", ou seja, conviveram antes de se unir de fato.
Talvez por tudo isso, Fábio Porchat e Miá Mello não pareçam à vontade em cena. Principalmente, Miá que tem muitos momentos com falas artificiais e sem timming de comédia. Da mesma forma, o casal de vilões interpretados por Marcelo Valle e Inez Viana também são tolos, sem muitos propósitos. Não conseguimos criar empatia, nem temer por suas artimanhas. Destaque mesmo para a participação inusitada de Elke Maravilha, como uma senhora rica se divertindo no navio. Isso sim, bastante crível.
Por ser o primeiro longa-metragem da diretora Julia Rezende, o fato da produção ser em um Cruzeiro real, com tempo exato de viagem, pode ter prejudicado a decupagem. É visível que muitas situações são construídas de maneira descuidada, como se feitas às pressas. Mas, apesar disso, não chega a ser um filme mal feito com erros que prejudiquem a fruição da comédia. É apenas sem muito propósito mesmo, principalmente pela história tola.
Meu Passado Me Condena: O Filme tem pouco de cinema e muito ainda de televisão. É quase um episódio estendido, aliás, repaginado, já que muito da trama da série é reconstruída no filme. Falta originalidade, falta o timming perfeito da comédia e há um abuso de clichês que incomoda. De qualquer maneira pode ser uma diversão despretensiosa para os fãs da série, do casal ou de comédias brasileiras.
Meu Passado Me Condena: O Filme (idem, 2013, Brasil)
Direção: Julia Rezende
Roteiro: Tati Bernardi, Leonardo Muniz
Com: Fábio Porchat, Miá Mello, Catarina Abdala, Alejandro Claveaux, Juliana Didone, Elke Maravilha, Rafael Queiroga, Marcelo Valle, Inez Viana
Duração: 102 min.
Fábio Porchat é Fábio, Miá Mello é Miá. O Cruzeiro também é real, com tripulantes e passageiros reais interagindo com os atores. A diferença é que o real passeou pela costa brasileira, enquanto o do filme atravessa o Atlântico. Tanta intercessão entre realidade e ficção parece ter deixado o filme mais preocupado com situações reais do que com a verossimilhança da trama.
Não é apenas um filme com uma história boba recheada com algumas esquetes divertidas. O roteiro de Tati Bernardi e Leonardo Muniz parece perder o rumo, criando situações inexplicáveis como o comandante mal-humorado no meio da festa à fantasia. Ou a funcionária Suzana, interpretada por Inez Viana que simplesmente invade os quartos dos hóspedes sem pedir licença. A situação na casa da madrinha e a posterior foto também é difícil de engolir.
Mas, complicado mesmo é acreditar totalmente no casal Fábio e Miá. Tudo bem que paixão fulminante existe, mas casar e sair em lua de mel para Europa em um mês de convívio nos parece mais uma trama de Vegas. Ele nem sabe o nome dos pais da moça? E se ao entrar no navio, a primeira coisa que Fábio faz é ligar para a família, dando a entender que é bastante ligado a ela, como se casaria sem tê-los como testemunha?
Por outro lado, os roteiristas parecem se inspirar em Renato Russo. "Afinal, quem irá dizer que existe razão para as coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?" Literalmente, eles se inspiram em Eduardo e Mônica. Fábio é o meninão que ainda não cresceu, parece perdido na adolescência, ligado à família. Enquanto Miá é a mulher resolvida, de negócios, culta, que adora filme de Truffaut (uma brincadeira com a Mônica que queria ver o filme de Godard). O problema é que mesmo Eduardo e Mônica, "se encontravam todo dia e a vontade crescia como tinha de ser", ou seja, conviveram antes de se unir de fato.
Talvez por tudo isso, Fábio Porchat e Miá Mello não pareçam à vontade em cena. Principalmente, Miá que tem muitos momentos com falas artificiais e sem timming de comédia. Da mesma forma, o casal de vilões interpretados por Marcelo Valle e Inez Viana também são tolos, sem muitos propósitos. Não conseguimos criar empatia, nem temer por suas artimanhas. Destaque mesmo para a participação inusitada de Elke Maravilha, como uma senhora rica se divertindo no navio. Isso sim, bastante crível.
Por ser o primeiro longa-metragem da diretora Julia Rezende, o fato da produção ser em um Cruzeiro real, com tempo exato de viagem, pode ter prejudicado a decupagem. É visível que muitas situações são construídas de maneira descuidada, como se feitas às pressas. Mas, apesar disso, não chega a ser um filme mal feito com erros que prejudiquem a fruição da comédia. É apenas sem muito propósito mesmo, principalmente pela história tola.
Meu Passado Me Condena: O Filme tem pouco de cinema e muito ainda de televisão. É quase um episódio estendido, aliás, repaginado, já que muito da trama da série é reconstruída no filme. Falta originalidade, falta o timming perfeito da comédia e há um abuso de clichês que incomoda. De qualquer maneira pode ser uma diversão despretensiosa para os fãs da série, do casal ou de comédias brasileiras.
Meu Passado Me Condena: O Filme (idem, 2013, Brasil)
Direção: Julia Rezende
Roteiro: Tati Bernardi, Leonardo Muniz
Com: Fábio Porchat, Miá Mello, Catarina Abdala, Alejandro Claveaux, Juliana Didone, Elke Maravilha, Rafael Queiroga, Marcelo Valle, Inez Viana
Duração: 102 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Meu Passado Me Condena: O Filme
2013-10-26T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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