Chinatown
Era para ser o início de uma trilogia, mas as aventuras pensadas pelo roteirista Robert Towne para o detetive J.J. Gittes ficaram em apenas dois filmes. E poderia ter permanecido apenas nesta belíssima obra de Roman Polanski, já que A Chave do Enigma dirigida por Jack Nicholson ficou aquém.
Chinatown é um exemplar raro de um noir colorido e sem o acentuado contraste de claro e escuro. Toda a fotografia do filme é leve, com nuanças suaves, que diferem de uma das principais características do gênero popularizado nos Estados Unidos entre as décadas de 30 e 50. De qualquer maneira, o clima dúbio, com um detetive particular como protagonista, ambientado no submundo do crime, com uma femme fatale para confundir a ele e a nós, não deixa dúvidas do que estamos vendo.
Curiosamente, é no roteiro também que está o maior trunfo do filme. Ainda que a direção de Roman Polanski faça a história fluir de uma maneira única, é a trama que nos envolve do princípio ao fim. A trama e o personagem J.J. Gittes, interpretado por Jack Nicholson com um carisma único que nos faz criar empatia desde a primeira aparição.
O mistério em torno do assassinato do empresário Hollis Mulwray e toda a questão da água da região se torna interessante pela forma como é contada. As implicações do caso, a falsa Sra. Mulwray que contrata Gittes para descobrir o caso do marido, as reviravoltas, o assassinato, a figura da personagem de Faye Dunaway, Evelyn Mulwray, o policial Escobar, o misterioso Noah Cross. Tudo vai acrescentando mistério e interesse em dosagens corretas.
Chinatown possui mais de duas horas de duração e não nos sentimos cansados ou entediados com o que vemos em tela. Tudo é bem construído para nos envolver e aguçar nossa curiosidade. A forma como os nós vão sendo desatados aos poucos é bem pensada. O objeto no lago da casa dos Mulwray, os mistérios na represa, a água salgada, as terras recém compradas, o asilo, a amante de Mulwray. Todas as revelações vão ampliando nosso envolvimento e tornando tudo mais interessante.
Apesar da fotografia clássica, o clima noir preenche o filme em todos os seus detalhes. Há uma sensação constante de instabilidade e reviravoltas. Há um cenário ambientado no submundo de Los Angeles e, engana-se quem pensa que esse local é o bairro Chinatown do título do filme. A referência é muito mais simbólica e está refletida na frase final de um dos personagens, que pede que Gittes esqueça, "é Chinatown".
Jack Nicholson merece um destaque a parte como o detetive J.J. Gittes. A construção do personagem ganha muito com o trabalho do ator, que empresta mais do que o carisma já citado. Há alma em Gittes que o torna real, crível e próximo de nós. Sempre curioso e nunca desistindo de buscar a verdade. Já Faye Dunaway consegue nos deixar em dúvida em relação ao caráter e intenções de sua personagem Evelyn Mulwray, cumprindo o papel que ela exerce na trama.
Chinatown é uma das mais belas obras de Polanski. Um filme que permanece em nossa mente como um símbolo de uma época. E curioso também que seja um dos únicos filmes noir fora da época áurea do movimento.
Chinatown (Chinatown, 1974 / EUA)
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Robert Towne
Com: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston
Duração: 130 min.
Chinatown é um exemplar raro de um noir colorido e sem o acentuado contraste de claro e escuro. Toda a fotografia do filme é leve, com nuanças suaves, que diferem de uma das principais características do gênero popularizado nos Estados Unidos entre as décadas de 30 e 50. De qualquer maneira, o clima dúbio, com um detetive particular como protagonista, ambientado no submundo do crime, com uma femme fatale para confundir a ele e a nós, não deixa dúvidas do que estamos vendo.
Curiosamente, é no roteiro também que está o maior trunfo do filme. Ainda que a direção de Roman Polanski faça a história fluir de uma maneira única, é a trama que nos envolve do princípio ao fim. A trama e o personagem J.J. Gittes, interpretado por Jack Nicholson com um carisma único que nos faz criar empatia desde a primeira aparição.
O mistério em torno do assassinato do empresário Hollis Mulwray e toda a questão da água da região se torna interessante pela forma como é contada. As implicações do caso, a falsa Sra. Mulwray que contrata Gittes para descobrir o caso do marido, as reviravoltas, o assassinato, a figura da personagem de Faye Dunaway, Evelyn Mulwray, o policial Escobar, o misterioso Noah Cross. Tudo vai acrescentando mistério e interesse em dosagens corretas.
Chinatown possui mais de duas horas de duração e não nos sentimos cansados ou entediados com o que vemos em tela. Tudo é bem construído para nos envolver e aguçar nossa curiosidade. A forma como os nós vão sendo desatados aos poucos é bem pensada. O objeto no lago da casa dos Mulwray, os mistérios na represa, a água salgada, as terras recém compradas, o asilo, a amante de Mulwray. Todas as revelações vão ampliando nosso envolvimento e tornando tudo mais interessante.
Apesar da fotografia clássica, o clima noir preenche o filme em todos os seus detalhes. Há uma sensação constante de instabilidade e reviravoltas. Há um cenário ambientado no submundo de Los Angeles e, engana-se quem pensa que esse local é o bairro Chinatown do título do filme. A referência é muito mais simbólica e está refletida na frase final de um dos personagens, que pede que Gittes esqueça, "é Chinatown".
Jack Nicholson merece um destaque a parte como o detetive J.J. Gittes. A construção do personagem ganha muito com o trabalho do ator, que empresta mais do que o carisma já citado. Há alma em Gittes que o torna real, crível e próximo de nós. Sempre curioso e nunca desistindo de buscar a verdade. Já Faye Dunaway consegue nos deixar em dúvida em relação ao caráter e intenções de sua personagem Evelyn Mulwray, cumprindo o papel que ela exerce na trama.
Chinatown é uma das mais belas obras de Polanski. Um filme que permanece em nossa mente como um símbolo de uma época. E curioso também que seja um dos únicos filmes noir fora da época áurea do movimento.
Chinatown (Chinatown, 1974 / EUA)
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Robert Towne
Com: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Chinatown
2013-11-26T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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