
Patrick Bateman é um típico yuppie. Empresário de sucesso de Walt Street, bonito, atraente, com um belo apartamento e uma ótima situação financeira. Porém, assim como muitos dos americanos dos anos 80 lhe falta um sentido para a vida. Bateman preenche esse vazio com um impulso bastante estranho, no entanto: matando pessoas.

Aliás, a cena da apresentação dos cartões de visita são um show à parte. Como cavaleiros em um duelo, eles vão sacando os cartões na mesa. É interessante observar os detalhes dos gestos. Tirando o porta-cartões do paletó com um gesto rápido. Sacando o cartão, jogando-o na mesa, a troca de olhares observando cada um deles. Os planos detalhes nos cartões. Há ainda um certo eco nessa cena da cena inicial onde todos sacam um cartão de crédito da bandeira American Express para pagar a conta de "apenas" $ 570,00.


Mas, o que chama a atenção mesmo no filme é Christian Bale. A interpretação do ator merece aplausos em todos os níveis. Desde a forma fria com que nos apresenta a rotina do seu personagem, passando pelos acessos de raiva, os desconfortos com o TOC, ou mesmo o narcisismo extremo na cena em que faz sexo olhando-se no espelho. Isso sem falar no descontrole de algumas cenas.
Psicopata Americano é um filme incômodo. Quase risível para alguns, Christian Bale declarou que sua mãe riu a sessão inteira. E talvez, por isso, tão assustador. Porque por mais irreal e distante que o personagem pareça de nossa realidade, é possível construir paralelos, mesmo que simbólicos. Como um desejo incontrolável de esganar um desafeto, ou um xingamento excessivo no trânsito, por exemplo. Um filme que nos faz pensar.
Psicopata Americano (American Psycho, 2000 / EUA)
Direção: Mary Harron
Roteiro: Mary Harron e Guinevere Turner
Com: Christian Bale, Justin Theroux, Josh Lucas, Willem Dafoe
Duração: 102 min.