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Como Não Perder Essa Mulher
Como Não Perder Essa Mulher
Como Não Perder Essa Mulher. Cada vez mais me surpreendo com a capacidade criativa dos que escolhem os títulos nacionais de um filme. Ainda mais quando o nome original poderia funcionar perfeitamente para as plateias do país. Afinal, quem não entenderia o nome Don Jon? Uma pena, pois o filme merecia mais que esse chamariz de comédias românticas.
Em seu primeiro filme longametragem como diretor, Joseph Gordon-Levitt, que também assina o roteiro e protagoniza o filme, mostra que tem talento para nos contar uma boa história. Don Jon possui antes de tudo um ritmo impressionante. Tudo é muito bem cuidado, os detalhes da composição da rotina do personagem, as pequenas mudanças ao conhecer a personagem de Scarlett Johansson e outras mudanças ao conhecer a personagem de Julianne Moore, por exemplo, são dignas de aplausos.
Jon é um jovem bonito, solteiro e com uma situação financeira estável. Porém, sem nenhuma ligação afetiva com o sexo oposto. Por isso, o apelido de Don, que os próprios amigos de balada lhe deram. Como Não Perder Essa Mulher, ao contrário do que o título em português nos indica, é isso, um Don Juan moderno. Com todas as adaptações de baladas, tecnologias, famas que o século XXI poderia influir no mito, até mesmo a mudança pós revolução feminina, onde a moça não é mais apenas uma ingênua a ser conquistada.
É interessante perceber as nuanças da construção dos personagens. Jon é comparado ao mito, por ser um homem que não se satisfaz com uma só mulher, usando-as a cada noite, mas também é um homem de família. Vai a missa, se confessa e almoça com os pais todo domingo. Tem seus códigos de honra e não é um cafajeste no sentido mais literal da palavra. Ele simplesmente não se compromete.
A questão religiosa traz ainda uma construção rotineira curiosa, que, como disse, vai sendo transformada de maneira sutil à medida em que mudanças vão ocorrendo na psiquê do personagem. Ele sempre briga no trânsito antes de chegar à Igreja, mas assiste a missa com interesse e se confessa com sinceridade. A penitência, ele paga na academia, rezando enquanto vai levantando pesos. Perceber esses três detalhes depois que ele começa a namorar Barbara e depois de dois acontecimentos posteriores torna tudo ainda mais interessante.
O filme traz ainda uma discussão moderna sobre os papéis dos homens e das mulheres em nossa sociedade atual. Barbara só conseguiu a atenção de Jon porque não teve relações sexuais com ele durante um bom tempo? E a posição da mãe do rapaz, sempre sonhando em ver seu filho encontrar a mulher que irá cuidar dele? Isso sem falar na forma como Barbara obriga Jon a estudar para ir além da profissão que tem, ou quando reclama que ele faz a faxina da própria casa, achando isso depreciativo.
Neste ponto, a figura de Esther, personagem de Julianne Moore, nos traz a visão mais equilibrada. Desde o momento em que vê o personagem assistindo a um filme pornô no celular e lhe dá um muito melhor em DVD. Do estranhamento que começa com um choro contido e passa por abordagens incômodas, a personagem se mostra fundamental para Jon finalmente compreender o que são sentimentos reais e o que é simplesmente repetição robótica.
Apesar do título nacional, não se engane, Don Jon é um filme maduro de um diretor iniciante, mas que parece ter muita coisa a mostrar. Um tema que fala muito da nossa sociedade atual, dos relacionamentos instáveis, da busca pelo prazer rápido e do medo da entrega completa.
Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon, 2013 / EUA)
Direção: Joseph Gordon-Levitt
Roteiro: Joseph Gordon-Levitt
Com: Joseph Gordon-Levitt, Scarlett Johansson, Julianne Moore, Tony Danza, Glenne Headly, Brie Larson, Rob Brown e Jeremy Luke
Duração: 90 min.
Em seu primeiro filme longametragem como diretor, Joseph Gordon-Levitt, que também assina o roteiro e protagoniza o filme, mostra que tem talento para nos contar uma boa história. Don Jon possui antes de tudo um ritmo impressionante. Tudo é muito bem cuidado, os detalhes da composição da rotina do personagem, as pequenas mudanças ao conhecer a personagem de Scarlett Johansson e outras mudanças ao conhecer a personagem de Julianne Moore, por exemplo, são dignas de aplausos.
Jon é um jovem bonito, solteiro e com uma situação financeira estável. Porém, sem nenhuma ligação afetiva com o sexo oposto. Por isso, o apelido de Don, que os próprios amigos de balada lhe deram. Como Não Perder Essa Mulher, ao contrário do que o título em português nos indica, é isso, um Don Juan moderno. Com todas as adaptações de baladas, tecnologias, famas que o século XXI poderia influir no mito, até mesmo a mudança pós revolução feminina, onde a moça não é mais apenas uma ingênua a ser conquistada.
É interessante perceber as nuanças da construção dos personagens. Jon é comparado ao mito, por ser um homem que não se satisfaz com uma só mulher, usando-as a cada noite, mas também é um homem de família. Vai a missa, se confessa e almoça com os pais todo domingo. Tem seus códigos de honra e não é um cafajeste no sentido mais literal da palavra. Ele simplesmente não se compromete.
A questão religiosa traz ainda uma construção rotineira curiosa, que, como disse, vai sendo transformada de maneira sutil à medida em que mudanças vão ocorrendo na psiquê do personagem. Ele sempre briga no trânsito antes de chegar à Igreja, mas assiste a missa com interesse e se confessa com sinceridade. A penitência, ele paga na academia, rezando enquanto vai levantando pesos. Perceber esses três detalhes depois que ele começa a namorar Barbara e depois de dois acontecimentos posteriores torna tudo ainda mais interessante.
O filme traz ainda uma discussão moderna sobre os papéis dos homens e das mulheres em nossa sociedade atual. Barbara só conseguiu a atenção de Jon porque não teve relações sexuais com ele durante um bom tempo? E a posição da mãe do rapaz, sempre sonhando em ver seu filho encontrar a mulher que irá cuidar dele? Isso sem falar na forma como Barbara obriga Jon a estudar para ir além da profissão que tem, ou quando reclama que ele faz a faxina da própria casa, achando isso depreciativo.
Neste ponto, a figura de Esther, personagem de Julianne Moore, nos traz a visão mais equilibrada. Desde o momento em que vê o personagem assistindo a um filme pornô no celular e lhe dá um muito melhor em DVD. Do estranhamento que começa com um choro contido e passa por abordagens incômodas, a personagem se mostra fundamental para Jon finalmente compreender o que são sentimentos reais e o que é simplesmente repetição robótica.
Apesar do título nacional, não se engane, Don Jon é um filme maduro de um diretor iniciante, mas que parece ter muita coisa a mostrar. Um tema que fala muito da nossa sociedade atual, dos relacionamentos instáveis, da busca pelo prazer rápido e do medo da entrega completa.
Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon, 2013 / EUA)
Direção: Joseph Gordon-Levitt
Roteiro: Joseph Gordon-Levitt
Com: Joseph Gordon-Levitt, Scarlett Johansson, Julianne Moore, Tony Danza, Glenne Headly, Brie Larson, Rob Brown e Jeremy Luke
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Como Não Perder Essa Mulher
2013-12-11T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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