
Roteirista de algumas pequenas pérolas do gênero, como Um Lugar Chamado Notting Hill e Quatro Casamentos e Um Funeral, Curtis já tinha demonstrado talento também na direção de Simplesmente Amor e Os Piratas do Rock. Com Questão de Tempo, ele lida com um tema que sempre gera polêmica. Viagens temporais e possibilidades de universos paralelos são sempre passíveis de furos. Mas, aqui o foco não é este, e sim, o aprendizado sobre o que seria a fórmula para a felicidade, por isso, pequenas possíveis incongruências são irrelevantes diante da história contada.

Poderia dizer, então, que Tim utilizou esse dom para conquistar a mulher de sua vida, como li em muitas sinopses do filme. Mas, é mais do que isso. Na verdade, para conquistar Mary, vivida por Rachel McAdams, ele precisou ser apenas ele em um encontro às escuras. Mas, ele precisou aprender a lidar com as escolhas e consequências de alguns impulsos em modificar a realidade. Este é o ponto principal, um homem aprendendo a lidar com a vida, seus ganhos, suas perdas e suas escolhas.


Os personagens são também muito bem construídos, dosando humor e emoção de uma maneira leve. Como o confuso tio D. ou a divertida irmã Kit Kat. O pai de Tim, vivido por Bill Nighy é outro personagem que nos encanta. Sempre sereno, com um livro nas mãos, em sua sabedoria de quem já viveu muito mais do que a idade que lhe apresentam. Afinal, algumas viagens no tempo ajudaram bastante. A relação de Tim com o pai é outro ponto forte da trama, que nos brinda com momentos emocionantes.
Questão de Tempo não é o filme do ano, mas é daquelas tramas bem feitas e envolventes que adoramos acompanhar. Uma boa comédia romântica como há muito não vemos. Inteligente, divertida e que não se utiliza dos clichês mais óbvios do gênero. Pelo contrário, está sempre nos surpreendendo.
Questão de Tempo (About Time, 2013 / EUA)
Direção: Richard Curtis
Roteiro: Richard Curtis
Com: Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy
Duração: 123 min.