
O foco principal do evento, no entanto, não foi o cinema. Televisão, internet e novas mídias foram os assuntos da vez, animados principalmente pela lei 12.485 que obriga todas as televisões por assinatura do país a terem uma cota mínima de programação nacional. Todos estão se mexendo em busca das novas oportunidades. É preciso se capacitar, se unir e começar a produzir, construindo suas próprias oportunidades. Essa foi a sensação que ficou após o evento.

Na mesa, Anderson Soares, produtor do Projeto Cine Arts, a roteirista do mesmo projeto, Eliane Vasconcelos e o produtor Raoni Oliveira, da Liga dos Baianos falaram sobre suas experiências e visões sobre o negócio possível na internet. Raoni foi bastante sensato ao destacar que tudo depende do seu objetivo e planejamento traçado para atingi-lo. A internet pode ser apenas uma vitrine para alçar outros voos, como ser contratado para algum projeto ou mesmo migrar completamente para outras mídias como a televisão. Mas, pode também ser o negócio em si, para isso, é preciso conquistar um público e ter o bom número de acessos.

O que me parece é que quando as produtoras falam "falta roteirista", elas estão apenas simplificando um processo bem mais complexo onde querem roteiristas que trabalhem no risco e já levem projetos prontos. Então, não falta roteiristas, falta roteiros que eles aprovem e só paguem quando o produto estiver produzido e gerando lucro. Não vemos produtoras contratando roteiristas para desenvolver um projeto. E isso é mesmo complicado.

Também mediei essa mesa e foi o trabalho mais fácil já que ambos tinham muito a falar, compartilhar e estavam ávidos por isso. Pudemos saber um pouco mais sobre os processos práticos de busca por um objetivo a ser traçado. Amadeu nos mostrou os caminhos das pedras, principalmente focando na questão das oportunidades com os canais menores. "Devemos conhecer o canal e pensar em uma proposta que se encaixe com o perfil dela", lembrou. Já Ducca falou bastante da necessidade de se capacitar e treinar a linguagem, "apenas com quantidade vamos começar a tirar qualidade", disse.

Uma dica de Amadeu ainda foi sobre as oficinas de capacitação que o Sebrae pretende produzir em 2014 em algumas cidades do país. Muitas tem ocorrido como o projeto do NetLab que escolheu projetos para orientar, ou os eventos da Globosat com Robert Mckee, que terá sua segunda edição em janeiro de 2014. Isso sem falar no Rio Content Market que é uma ótima vitrine para negócios diversos.

Em todas as mesas, o que ficou claro também é que no atual cenário brasileiro, produtores e roteiristas têm que ter suas funções misturadas. Não dá para simplesmente criar e esperar as coisas acontecerem. Nem dá para produzir algo que não foi bem criado, por um profissional especializado. Sonhar é importante, mas é preciso saber realizar seus sonhos. Esta é a palavra de ordem. Ir em busca da realização.
Como fomento inicial foi um ótimo evento. Muito ainda precisa ser feito. Que venham outros como esse, assim como outras oficinas, encontros, grupos, forças e ideias. Talentos estão por aí, em busca de caminhos para realizações mais consistentes.