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Oscar 2014
Álbum de Família
Álbum de Família
Baseado na peça de Tracy Letts, que também assina o roteiro, Álbum de Família é uma tragicomédia sobre as relações familiares construídas a partir da depressão norte-americana. Com um certo exagero no tom, chama a atenção mesmo por seu elenco estelar.
Barbara, Ivy e Karen (Julia Roberts, Julianne Nicholson e Juliette Lewis, respectivamente), voltam à casa dos pais para apoiar a mãe Violet Weston, quando o pai some. A matriarca da família, vivida por Meryl Streep, ainda está tentando se recuperar de um câncer na boca e vive perdendo a mão com o excesso de remédios. Cada um tem seus problemas, seus segredos, suas questões mal resolvidas e o reencontro será um prato cheio para colocar tudo em cheque.
Alguns estão comparando a premissa ao filme de Thomas Vinterberg, Festa de Família. Mas, esta comparação seria meio óbvia e nada sutil. Principalmente diante de um detalhe bem importante, a família Weston em nenhum momento quer parecer ser modelo de nada. Pelo contrário, já começa a demonstrar o desconforto ao falar do calor excessivo do local, que chegou a matar alguns periquitos.
Tracy Letts consegue transformar sua peça em filme, sem deixar muitos vestígios da linguagem teatral, porém, o diretor John Wells parece insistir no tema ao manter o tom sempre acima, dando a sensação de interpretação over, muitas vezes. Ainda assim, temos boas interpretações, a começar por Meryl Streep que definitivamente encarna a mulher complexa e quase cruel que é Violet. Os seus melhores momentos são os que está mais contida e não os rompantes que a faz rolar no chão com a personagem de Julia Roberts, por exemplo.
A cena em que o xerife entra na casa da família Weston para dar uma certa notícia é a melhor de todas em relação à interpretação da protagonista. A forma como ela constrói a sensação de quase demência, falando e dançando, construindo em cada gesto a fragilidade emocional da personagem é impressionante. Pena que John Wells quase destrói a cena com uma insistente e melosa música "incidental".
Aliás, a insistência no melodrama excessivo é outro problema do filme que nos parece um grande dramalhão a maior parte do tempo. Tudo parece em excesso naquela família infeliz. Até a adolescente Jean Fordham, vivida pela já crescida Abigail Breslin, começa a demonstrar um excesso de auto-piedade e revoltas tolas.
Ainda assim, é gostoso de acompanhar a trajetória de reconhecimento e confronto entre mãe e filhas. A começar pela personagem de Julia Roberts, que começa a se tornar um pouco Violet, talvez por ser a mais velha e se ver em situações de decisões rápidas em prol da família. Mas, a atriz que chama a atenção entre as coadjuvantes é mesmo Julianne Nicholson, como a irmã Ivy, eterna patinha feia, que começa sua virada complexa. Juliette Lewis é quase figurante de luxo, em um tipo que parece ter se eternizado na atriz, de mulher exótica.
E em um mundo com tantas mulheres fortes e determinadas, e nisso não tiro nem mesmo a quase esquecida índia vivida por Misty Upham que toma uma atitude decisiva com uma pá em determinado momento, temos homens que se deixam levar pela situação. A começar pelo personagem de Sam Shepard, patriarca da família, que não suporta a pressão e sai de cena. Mas, todos os outros parecem joguetes frágeis naquele mundo complexo.
E em meio a toda essa tragédia há um tom irônico que nos leva ao riso quase involuntário. Neste ritmo, John Wells consegue se sair melhor do que quando trabalha o drama. Temos bons momentos, como Julia Roberts e Ewan McGregor verborragicamente discutindo enquanto pegam uma cadeira. Ou a impagável prece de tio Charlie, vivido por Chris Cooper. Isso sem falar na já citada cena da pá. Ou o momento em que o "Little" Charles vai dizer uma verdade e Violet olha diretamente para sua filha Ivy.
Álbum de Família é isso, um limiar entre a tragédia e a comédia da vida íntima de uma família. Já dizia uma amiga: se cerca, vira um hospício, se joga uma lona, vira um circo. Temas assim são prato cheio para interpretações grandiosas, ainda mais com um elenco tão bem escolhido. Uma pena que o tom seja over a maior parte do tempo.
Álbum de Família (August: Osage County, 2013 / EUA)
Direção: John Wells
Roteiro: Tracy Letts
Com: Meryl Streep, Dermot Mulroney, Julia Roberts, Chris Cooper, Ewan McGregor, Margo Martindale, Sam Shepard, Julianne Nicholson, Juliette Lewis, Abigail Breslin, Benedict Cumberbatch, Misty Upham
Duração: 121 min.
Barbara, Ivy e Karen (Julia Roberts, Julianne Nicholson e Juliette Lewis, respectivamente), voltam à casa dos pais para apoiar a mãe Violet Weston, quando o pai some. A matriarca da família, vivida por Meryl Streep, ainda está tentando se recuperar de um câncer na boca e vive perdendo a mão com o excesso de remédios. Cada um tem seus problemas, seus segredos, suas questões mal resolvidas e o reencontro será um prato cheio para colocar tudo em cheque.
Alguns estão comparando a premissa ao filme de Thomas Vinterberg, Festa de Família. Mas, esta comparação seria meio óbvia e nada sutil. Principalmente diante de um detalhe bem importante, a família Weston em nenhum momento quer parecer ser modelo de nada. Pelo contrário, já começa a demonstrar o desconforto ao falar do calor excessivo do local, que chegou a matar alguns periquitos.
Tracy Letts consegue transformar sua peça em filme, sem deixar muitos vestígios da linguagem teatral, porém, o diretor John Wells parece insistir no tema ao manter o tom sempre acima, dando a sensação de interpretação over, muitas vezes. Ainda assim, temos boas interpretações, a começar por Meryl Streep que definitivamente encarna a mulher complexa e quase cruel que é Violet. Os seus melhores momentos são os que está mais contida e não os rompantes que a faz rolar no chão com a personagem de Julia Roberts, por exemplo.
A cena em que o xerife entra na casa da família Weston para dar uma certa notícia é a melhor de todas em relação à interpretação da protagonista. A forma como ela constrói a sensação de quase demência, falando e dançando, construindo em cada gesto a fragilidade emocional da personagem é impressionante. Pena que John Wells quase destrói a cena com uma insistente e melosa música "incidental".
Aliás, a insistência no melodrama excessivo é outro problema do filme que nos parece um grande dramalhão a maior parte do tempo. Tudo parece em excesso naquela família infeliz. Até a adolescente Jean Fordham, vivida pela já crescida Abigail Breslin, começa a demonstrar um excesso de auto-piedade e revoltas tolas.
Ainda assim, é gostoso de acompanhar a trajetória de reconhecimento e confronto entre mãe e filhas. A começar pela personagem de Julia Roberts, que começa a se tornar um pouco Violet, talvez por ser a mais velha e se ver em situações de decisões rápidas em prol da família. Mas, a atriz que chama a atenção entre as coadjuvantes é mesmo Julianne Nicholson, como a irmã Ivy, eterna patinha feia, que começa sua virada complexa. Juliette Lewis é quase figurante de luxo, em um tipo que parece ter se eternizado na atriz, de mulher exótica.
E em um mundo com tantas mulheres fortes e determinadas, e nisso não tiro nem mesmo a quase esquecida índia vivida por Misty Upham que toma uma atitude decisiva com uma pá em determinado momento, temos homens que se deixam levar pela situação. A começar pelo personagem de Sam Shepard, patriarca da família, que não suporta a pressão e sai de cena. Mas, todos os outros parecem joguetes frágeis naquele mundo complexo.
E em meio a toda essa tragédia há um tom irônico que nos leva ao riso quase involuntário. Neste ritmo, John Wells consegue se sair melhor do que quando trabalha o drama. Temos bons momentos, como Julia Roberts e Ewan McGregor verborragicamente discutindo enquanto pegam uma cadeira. Ou a impagável prece de tio Charlie, vivido por Chris Cooper. Isso sem falar na já citada cena da pá. Ou o momento em que o "Little" Charles vai dizer uma verdade e Violet olha diretamente para sua filha Ivy.
Álbum de Família é isso, um limiar entre a tragédia e a comédia da vida íntima de uma família. Já dizia uma amiga: se cerca, vira um hospício, se joga uma lona, vira um circo. Temas assim são prato cheio para interpretações grandiosas, ainda mais com um elenco tão bem escolhido. Uma pena que o tom seja over a maior parte do tempo.
Álbum de Família (August: Osage County, 2013 / EUA)
Direção: John Wells
Roteiro: Tracy Letts
Com: Meryl Streep, Dermot Mulroney, Julia Roberts, Chris Cooper, Ewan McGregor, Margo Martindale, Sam Shepard, Julianne Nicholson, Juliette Lewis, Abigail Breslin, Benedict Cumberbatch, Misty Upham
Duração: 121 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Álbum de Família
2014-01-04T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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