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Caçadores de Obras-Primas
Caçadores de Obras-Primas
O que vale mais: a vida de um homem ou uma obra de arte? Dito assim, de maneira crua, a maioria das pessoas vão optar pela vida, claro. Mas, o que Caçadores de Obras-Primas nos mostra é que uma obra de arte é mais do que uma tela ou uma escultura. É o registro da nossa cultura, de uma época, daquilo que nos define enquanto civilização. E só por esse viés já traz questionamentos interessantes. Pena que muito se perca fazendo piadas bobas e se esforçando para colocar os russos como vilões da história junto com Hitler.
Estamos em plena Segunda Guerra Mundial e Hitler tem um plano de montar um museu em sua homenagem com diversas obras de arte que foi pegando de cada cidade que invadiu. Além de todas as implicações que isso teria para a história da humanidade, ainda tem um decreto de que, se ele for morto, o exército alemão deve destruir tudo. Para salvar a história de anos de civilização européia, um grupo liderado pelo personagem de George Clooney, Frank Stokes, sai em busca de resgate e preservação do máximo possível.
Nenhum deles é um exímio militar, são estudiosos, arquitetos, homens de arte, não de armas. Mas, todos vão pelo bem comum, a preservação da mesma. Você se colocaria entre uma arma alemã e uma estátua feita por Michelangelo, por exemplo? Estes homens sim, acreditando que estavam fazendo algo pela história. Um guerra com melhores propósitos, intenções austeras até, diriam. E é mais do que justo que essa história seja contada, reverenciada até.
O problema é que com uma história bacana e um elenco de peso, George Clooney não conseguiu fazer um filme à altura. Não chega a ser ruim, porém tem problemas em diversos níveis que no final constroem um produto que não empolga. Perdemos tempo com piadinhas tolas como as atrapalhadas que envolvem o personagem de Jean Dujardin, e a legenda perfeita em português não nos ajuda com piadas como o péssimo francês do personagem de Matt Damon, por exemplo.
Ainda assim, temos bons momentos como a mina em que Damon pisa, ou a cena na fazenda de um determinado colecionador. A construção da personagem de Cate Blanchett também é interessante e sua relação com Matt Damon rende outros bons momentos. A cena de Bill Murray com um soldado alemão também é sensacional. Porém, são momentos, muito por conta do talento dos atores, menos pela liga que a obra proporciona.
Outra questão em relação a narrativa está na insistência de posicionar os russos como vilões, mesmo quando ainda são aliados na guerra. Bater em Hitler pareceu pouco a George Clooney. Os russos também estavam atrás das obras e não para devolver de maneira altruísta, como o grupo montado pelos americanos, mas para levar para o país deles. Toda a parte final chega a ser tola, criando uma tensão e clímax forçados apenas para valorizar ainda mais aquela jornada, como se ela necessitasse disso.
Caçadores de Obras-Primas acaba sendo uma trama leve, sem maiores compromissos, que poderia gerar muito mais. Pela história que conta, pelos atores que reuniu, e mesmo pelo talento de George Clooney que já demonstrou potencial para muito mais como no filme Tudo Pelo Poder.
Caçadores de Obras-Primas (The Monuments Men, 2014 / EUA)
Direção: George Clooney
Roteiro: George Clooney, Grant Heslov
Com: George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin
Duração: 118 min.
Estamos em plena Segunda Guerra Mundial e Hitler tem um plano de montar um museu em sua homenagem com diversas obras de arte que foi pegando de cada cidade que invadiu. Além de todas as implicações que isso teria para a história da humanidade, ainda tem um decreto de que, se ele for morto, o exército alemão deve destruir tudo. Para salvar a história de anos de civilização européia, um grupo liderado pelo personagem de George Clooney, Frank Stokes, sai em busca de resgate e preservação do máximo possível.
Nenhum deles é um exímio militar, são estudiosos, arquitetos, homens de arte, não de armas. Mas, todos vão pelo bem comum, a preservação da mesma. Você se colocaria entre uma arma alemã e uma estátua feita por Michelangelo, por exemplo? Estes homens sim, acreditando que estavam fazendo algo pela história. Um guerra com melhores propósitos, intenções austeras até, diriam. E é mais do que justo que essa história seja contada, reverenciada até.
O problema é que com uma história bacana e um elenco de peso, George Clooney não conseguiu fazer um filme à altura. Não chega a ser ruim, porém tem problemas em diversos níveis que no final constroem um produto que não empolga. Perdemos tempo com piadinhas tolas como as atrapalhadas que envolvem o personagem de Jean Dujardin, e a legenda perfeita em português não nos ajuda com piadas como o péssimo francês do personagem de Matt Damon, por exemplo.
Ainda assim, temos bons momentos como a mina em que Damon pisa, ou a cena na fazenda de um determinado colecionador. A construção da personagem de Cate Blanchett também é interessante e sua relação com Matt Damon rende outros bons momentos. A cena de Bill Murray com um soldado alemão também é sensacional. Porém, são momentos, muito por conta do talento dos atores, menos pela liga que a obra proporciona.
Outra questão em relação a narrativa está na insistência de posicionar os russos como vilões, mesmo quando ainda são aliados na guerra. Bater em Hitler pareceu pouco a George Clooney. Os russos também estavam atrás das obras e não para devolver de maneira altruísta, como o grupo montado pelos americanos, mas para levar para o país deles. Toda a parte final chega a ser tola, criando uma tensão e clímax forçados apenas para valorizar ainda mais aquela jornada, como se ela necessitasse disso.
Caçadores de Obras-Primas acaba sendo uma trama leve, sem maiores compromissos, que poderia gerar muito mais. Pela história que conta, pelos atores que reuniu, e mesmo pelo talento de George Clooney que já demonstrou potencial para muito mais como no filme Tudo Pelo Poder.
Caçadores de Obras-Primas (The Monuments Men, 2014 / EUA)
Direção: George Clooney
Roteiro: George Clooney, Grant Heslov
Com: George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Caçadores de Obras-Primas
2014-02-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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