Philomena
Em determinado momento do filme, a senhora Philomena pede que seu acompanhante, Martin Sixsmith pare o carro porque eles passaram por uma Igreja e ela precisa se confessar. "Que pecados você tem para confessar", pergunta ele. "A Igreja é quem lhe deve perdão", completa irritado.
Estas falas resumem bem do que se trata Philomena, uma história emotiva sobre uma mulher completamente crente e entregue a Deus que sofreu por um "pecado mortal" e um jornalista ríspido e ateu que acaba sendo comovido por sua história. Interpretados por Judi Dench e o comediante Steve Coogan, torna-se uma bela obra para encantar, divertir, emocionar e fazer pensar todos os tipos de plateias.
A trama é baseada em uma história real e nos traz o drama dessa mulher e tantas outras que sofreram com o preconceito e a repressão sexual. Moças que eram depositadas em conventos por terem engravidado sem ter casado. Meninas ainda em fase de crescimento até, que sofriam no parto e ainda tinham que dar os filhos à Igreja que providenciava adoções, muitas vezes por dinheiro.
Philomena foi uma dessas meninas, uma irlandesa inocente que nem sabia direito como se fazia crianças e que pagou por este pecado durante toda a vida. No ano em que seu filho faria 50 anos, ela acaba confessando o segredo a sua filha e esta procura o jornalista Martin Sixsmith pedindo que este ajude a descobrir o paradeiro do irmão perdido.
Martin Sixsmith é um homem arrogante e orgulhoso, mas acaba de perder o emprego na BBC e se vê compelido a investigar e escrever esta história que considera de segunda grandeza. Drama humano para pessoas infelizes. Porém, ele acaba se envolvendo aos poucos com aquela senhora simples, quase ingênua. E, no final, ele realmente se importa com aquilo, tanto que toma atitudes antes impensadas em diversas ocasiões.
O filme acaba tratando disso, mais do que de uma busca por um filho perdido. Fala de relacionamentos, de quebra de barreiras, da construção de cumplicidade de dois mundos tão distintos. E o roteiro e o tom do filme acabam traduzindo exatamente esta dualidade. É um melodrama, mas que não cai em muitos dos vícios do gênero e envolve mesmo os espectadores avessos a ele. Tal qual Martin Sixsmith, os menos sensíveis são sendo dobrados por aquela senhora.
As doses de humor ajudam no processo. Steve Coogan traz uma graça especial ao filme, com muita ironia e pitadas de sarcasmos. Mas, também constrói com Judi Dench uma química especial, onde tudo se torna espontâneo e divertido. Mas, é a atriz que realmente dá um show de emoção e graça. Longe da postura austera de muitos outros papéis, ela se torna frágil em nossa frente, uma mulher pura e extremamente cativante. Destaque para a cena do confessionário.
Diante do ponto de vista de Philomena e Martin Sixsmith, principalmente este último que escreveu o livro no qual o filme se baseou, a Igreja Católica se apresenta como a grande vilã da humanidade. O que talvez seja um exagero. Mulheres como a irmã Hildegarde se apresentam como pessoas amarguradas, quase sem alma. Tendo a culpa católica do pecado original rondando por todas as cabeças de uma maneira cruel. Não discordo, nem duvido do problema real, mas talvez, o exagero aqui seja um dos únicos senãos do filme.
Com uma construção agradável, que sabe dosar o suspense da busca, com as descobertas de cada dia, Philomena é um belo filme. Seu roteiro é hábil ao costurar presente e passado, seja por lembranças ou imagens em Super 8, nos dando um panorama correto da história. Ainda mais com a boa sincronia e entrega dos dois protagonistas. Sem dúvidas, daqueles filmes que encanta.
Philomena (Philomena, 2013 / EUA)
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Steve Coogan, Jeff Pope
Com: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark
Duração: 98 min.
Estas falas resumem bem do que se trata Philomena, uma história emotiva sobre uma mulher completamente crente e entregue a Deus que sofreu por um "pecado mortal" e um jornalista ríspido e ateu que acaba sendo comovido por sua história. Interpretados por Judi Dench e o comediante Steve Coogan, torna-se uma bela obra para encantar, divertir, emocionar e fazer pensar todos os tipos de plateias.
A trama é baseada em uma história real e nos traz o drama dessa mulher e tantas outras que sofreram com o preconceito e a repressão sexual. Moças que eram depositadas em conventos por terem engravidado sem ter casado. Meninas ainda em fase de crescimento até, que sofriam no parto e ainda tinham que dar os filhos à Igreja que providenciava adoções, muitas vezes por dinheiro.
Philomena foi uma dessas meninas, uma irlandesa inocente que nem sabia direito como se fazia crianças e que pagou por este pecado durante toda a vida. No ano em que seu filho faria 50 anos, ela acaba confessando o segredo a sua filha e esta procura o jornalista Martin Sixsmith pedindo que este ajude a descobrir o paradeiro do irmão perdido.
Martin Sixsmith é um homem arrogante e orgulhoso, mas acaba de perder o emprego na BBC e se vê compelido a investigar e escrever esta história que considera de segunda grandeza. Drama humano para pessoas infelizes. Porém, ele acaba se envolvendo aos poucos com aquela senhora simples, quase ingênua. E, no final, ele realmente se importa com aquilo, tanto que toma atitudes antes impensadas em diversas ocasiões.
O filme acaba tratando disso, mais do que de uma busca por um filho perdido. Fala de relacionamentos, de quebra de barreiras, da construção de cumplicidade de dois mundos tão distintos. E o roteiro e o tom do filme acabam traduzindo exatamente esta dualidade. É um melodrama, mas que não cai em muitos dos vícios do gênero e envolve mesmo os espectadores avessos a ele. Tal qual Martin Sixsmith, os menos sensíveis são sendo dobrados por aquela senhora.
As doses de humor ajudam no processo. Steve Coogan traz uma graça especial ao filme, com muita ironia e pitadas de sarcasmos. Mas, também constrói com Judi Dench uma química especial, onde tudo se torna espontâneo e divertido. Mas, é a atriz que realmente dá um show de emoção e graça. Longe da postura austera de muitos outros papéis, ela se torna frágil em nossa frente, uma mulher pura e extremamente cativante. Destaque para a cena do confessionário.
Diante do ponto de vista de Philomena e Martin Sixsmith, principalmente este último que escreveu o livro no qual o filme se baseou, a Igreja Católica se apresenta como a grande vilã da humanidade. O que talvez seja um exagero. Mulheres como a irmã Hildegarde se apresentam como pessoas amarguradas, quase sem alma. Tendo a culpa católica do pecado original rondando por todas as cabeças de uma maneira cruel. Não discordo, nem duvido do problema real, mas talvez, o exagero aqui seja um dos únicos senãos do filme.
Com uma construção agradável, que sabe dosar o suspense da busca, com as descobertas de cada dia, Philomena é um belo filme. Seu roteiro é hábil ao costurar presente e passado, seja por lembranças ou imagens em Super 8, nos dando um panorama correto da história. Ainda mais com a boa sincronia e entrega dos dois protagonistas. Sem dúvidas, daqueles filmes que encanta.
Philomena (Philomena, 2013 / EUA)
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Steve Coogan, Jeff Pope
Com: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark
Duração: 98 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Philomena
2014-02-12T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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