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Sem Escalas
Sem Escalas
Parece que Liam Neeson virou sinônimo de filmes de ação com um agente em situação limite. O que é uma pena, já que o ator tem potencial para muito mais. De qualquer maneira, ele funciona no papel e Sem Escalas nos envolve em um suspense tenso com várias reviravoltas que aguçam nossa curiosidade. Pena que o desfecho fique aquém da expectativa criada.
Bill Marks é um agente de voo responsável pela segurança dos passageiros locais. Porém, sua rede privada acaba sendo invadida por uma pessoa que ameaça matar uma pessoa no avião a cada 20 minutos, caso US$ 150 mil não sejam depositados em determinada conta. Desconfiado, ele alerta a tripulação e investiga os passageiros procurando saber a veracidade da ameaça. Porém, quando a primeira pessoa morre, ele percebe que o jogo é bem mais complexo do que esperava.
Diretor de obras como A Casa de Cera, A Órfã e Desconhecido, Jaume Collet-Serra já provou que sabe manipular os elementos fílmicos para construir bons efeitos de tensão e despertar a curiosidade do público. Aqui, não é diferente. Desde a primeira cena, colamos no personagem de Liam Neeson porque pouco nos é ofertado sobre ele. E tudo que vai se desenvolvendo até que ele receba a primeira mensagem do terrorista é muito bem planejado e construído.
Um homem visivelmente perturbado, com uma garrafa de uísque e a foto de uma garotinha. Sua passagem pelo aeroporto é intrigante. Ele observa a tudo e a todos, nos dá detalhes visuais dos passageiros. Cria uma tensão antes mesmo do embarque, mesmo sem saber a sinopse. Toda a mise-en-scéne nos prepara para um perigo iminente. E nessa passagem de olho, vamos vislumbrando os demais personagens que serão importantes para a trama.
A inserção da personagem de Julianne Moore e da comissária vivida por Michelle Dockery também são providenciais para nos aproximar do personagem. A primeira quer sentar na janela e acaba conseguindo trocar de lugar com outro passageiro, nos dando algumas suposições posteriores. Fora que é o primeiro ponto para Bill falar um pouco dele. A segunda, já conhecia Bill e até o fato dele pedir uma Gin Tônica e ela trazer água já demonstra que o seu problema com bebidas é relevante.
A partir daí, o filme se torna uma perseguição de gato e rato, na tentativa de descobrir quem é o culpado pelas ameaças e mortes. Temos um lugar fechado, o avião, e uma hora determinada, as seis horas de voo e uma morte a cada vinte minutos. Não é preciso muito mais para construir o suspense e Jaume Collet-Serra sabe se utilizar bem do que tem em mãos. Ainda que pequenos furos sempre aconteçam, como a exposição excessiva do personagem ao procurar o culpado.
Mas, temos ainda cuidados estéticos interessantes, como quando ele usa um celular quebrado e as mensagens vão aparecendo para nós com as falhas do visor. Aliás, o recurso da aparição das mensagens intercalando na tela do aparelho e na tela do cinema traz uma dinâmica interessante, agilizando a montagem e tornando a linguagem atual para os tempos de hoje.
O elenco também ajuda muito no bom resultado final em tela. Liam Neeson vestiu de vez a persona do agente super-homem, Julianne Moore sempre dá um plus às cenas com seu talento e os demais também correspondem ao esperado. Temos até a participação da indicada ao Oscar Lupita Nyong'o quase como figurante de luxo.
No entanto, tanta curiosidade e expectativa acaba sendo frustrada no terceiro ato quando as coisas precisam começar a se revelar para a resolução. Temos exageros, tons errados na condução da maioria dos profissionais contactados por Bill e até mesmo uma queda para o exagero emotivo com uma criancinha a bordo. Isso sem falar na revelação em si que traz problemas e outros pequenos furos.
De qualquer maneira, Sem Escalas consegue superar o Desconhecido que traz falhas mais complexas na condução narrativa. Acaba sendo um filme de ação com suspense bastante eficaz em sua maior parte do tempo.
Sem Escalas (Non-Stop, 2014 / EUA)
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: John W. Richardson, Christopher Roach
Com: Liam Neeson, Julianne Moore, Lupita Nyong'o, Scoot McNairy, Nate Parker, Michelle Dockery
Duração: 106 min.
Bill Marks é um agente de voo responsável pela segurança dos passageiros locais. Porém, sua rede privada acaba sendo invadida por uma pessoa que ameaça matar uma pessoa no avião a cada 20 minutos, caso US$ 150 mil não sejam depositados em determinada conta. Desconfiado, ele alerta a tripulação e investiga os passageiros procurando saber a veracidade da ameaça. Porém, quando a primeira pessoa morre, ele percebe que o jogo é bem mais complexo do que esperava.
Diretor de obras como A Casa de Cera, A Órfã e Desconhecido, Jaume Collet-Serra já provou que sabe manipular os elementos fílmicos para construir bons efeitos de tensão e despertar a curiosidade do público. Aqui, não é diferente. Desde a primeira cena, colamos no personagem de Liam Neeson porque pouco nos é ofertado sobre ele. E tudo que vai se desenvolvendo até que ele receba a primeira mensagem do terrorista é muito bem planejado e construído.
Um homem visivelmente perturbado, com uma garrafa de uísque e a foto de uma garotinha. Sua passagem pelo aeroporto é intrigante. Ele observa a tudo e a todos, nos dá detalhes visuais dos passageiros. Cria uma tensão antes mesmo do embarque, mesmo sem saber a sinopse. Toda a mise-en-scéne nos prepara para um perigo iminente. E nessa passagem de olho, vamos vislumbrando os demais personagens que serão importantes para a trama.
A inserção da personagem de Julianne Moore e da comissária vivida por Michelle Dockery também são providenciais para nos aproximar do personagem. A primeira quer sentar na janela e acaba conseguindo trocar de lugar com outro passageiro, nos dando algumas suposições posteriores. Fora que é o primeiro ponto para Bill falar um pouco dele. A segunda, já conhecia Bill e até o fato dele pedir uma Gin Tônica e ela trazer água já demonstra que o seu problema com bebidas é relevante.
A partir daí, o filme se torna uma perseguição de gato e rato, na tentativa de descobrir quem é o culpado pelas ameaças e mortes. Temos um lugar fechado, o avião, e uma hora determinada, as seis horas de voo e uma morte a cada vinte minutos. Não é preciso muito mais para construir o suspense e Jaume Collet-Serra sabe se utilizar bem do que tem em mãos. Ainda que pequenos furos sempre aconteçam, como a exposição excessiva do personagem ao procurar o culpado.
Mas, temos ainda cuidados estéticos interessantes, como quando ele usa um celular quebrado e as mensagens vão aparecendo para nós com as falhas do visor. Aliás, o recurso da aparição das mensagens intercalando na tela do aparelho e na tela do cinema traz uma dinâmica interessante, agilizando a montagem e tornando a linguagem atual para os tempos de hoje.
O elenco também ajuda muito no bom resultado final em tela. Liam Neeson vestiu de vez a persona do agente super-homem, Julianne Moore sempre dá um plus às cenas com seu talento e os demais também correspondem ao esperado. Temos até a participação da indicada ao Oscar Lupita Nyong'o quase como figurante de luxo.
No entanto, tanta curiosidade e expectativa acaba sendo frustrada no terceiro ato quando as coisas precisam começar a se revelar para a resolução. Temos exageros, tons errados na condução da maioria dos profissionais contactados por Bill e até mesmo uma queda para o exagero emotivo com uma criancinha a bordo. Isso sem falar na revelação em si que traz problemas e outros pequenos furos.
De qualquer maneira, Sem Escalas consegue superar o Desconhecido que traz falhas mais complexas na condução narrativa. Acaba sendo um filme de ação com suspense bastante eficaz em sua maior parte do tempo.
Sem Escalas (Non-Stop, 2014 / EUA)
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: John W. Richardson, Christopher Roach
Com: Liam Neeson, Julianne Moore, Lupita Nyong'o, Scoot McNairy, Nate Parker, Michelle Dockery
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sem Escalas
2014-02-27T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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