Uma Aventura Lego
Tijolinhos coloridos que são uma espécie de quebra-cabeças criativos, podendo se transformar nas formas mais diversas. Isto é a Lego, uma marca que marcou a vida de gerações e até hoje busca se reinventar. E foi com este plot que a dupla Phil Lord e Christopher Miller criou a sua aventura.
Emmet é um operário padrão, sempre seguindo as regras e procurando ser amigo de todos. Um dia ele é confundido com o "especial", porque encontra por acaso a "Peça da Resistência" que faz parte de uma profecia antiga. Mega Estilo o leva, então, para o esconderijo dos Mestres Construtores, liderados por Vitruvius, na tentativa de criar um plano para acabar com o Senhor Negócios e salvar a liberdade criativa de todos naquele mundo.
A sinopse pode parecer confusa, mas na verdade é uma mistura de muita coisa que já vimos por aí. O vilão, Senhor Negócios, é um homem controlador que cerceia a criatividade do seu povo. Quer controlar tudo através de regras rígidas e não permite o novo, controlando todos de perto. Qualquer semelhança com 1984 ou qualquer filme de autocracias não é mera coincidência.
Uma profecia anunciando um "eleito" que será capaz de modificar tudo também já é algo bastante utilizado em histórias. Emmet ainda tem o plus de ser um escolhido que não parece escolhido. É um cara comum, não é criativo, não consegue liderar o seu povo, é visto como um erro, um derrotado. A trajetória de um personagem assim é sempre de superação e prova de valor. No caso de Emmet, ainda mostra aquela velha máxima de que todos podem ser especiais. Basta acreditar.
Para completar, o mundo precisa se unir em prol de um bem maior. E as coisas sempre vão piorando a cada segundo. A grande questão que faz de Uma Aventura Lego algo além de cópias e junções de ideias requentadas é o fato de ser um filme com brinquedos feitos de Lego. Principalmente pelas revelações no seu terceiro ato. Ainda que muitas vezes seja quase uma propaganda explícita, com direito a pausas e packshots de "aventuras" criadas.
O plot da criação e da capacidade de reunir peças da Lego para criar qualquer coisa é muito bem explorada na produção. Mesmo que muita coisa tenha sido produzida em CGI parece mesmo que estamos vendo Legos montando e desmontando em nossa frente. Até a água é uma junção de pecinhas azuis que se esparramam pelo chão. Dá um visual bonito, além de ser uma brincadeira divertida.
Nesse mundo do "pode ser", o filme acaba construindo uma verdadeira mistura de mundos e personagens, ao ponto do namorado da Mega Estilo ser o Batman. E, em uma reunião de mestres construtores, podermos presenciar Dumbledore e Gandalf discutindo. Ou ver o Super-homem tentando fugir do "mala" do Lanterna Verde. Isso sem falar na possibilidade de passear por mundos como o Velho Oeste ou o Medieval. E ainda passear em um navio pirata.
Mas, fora isso, Uma Aventura Lego não chega a trazer algo realmente impactante, inovador ou especial. É uma aventura divertida para as crianças, pode ser uma memória afetiva para os adultos e proporcionar alguma espécie de catarse na parte final, principalmente se você foi ou é uma criança reprimida por seus pais quando se fala em soltar a imaginação para brincar. Ainda assim, não passa de um filme que cumpre o objetivo da diversão sem compromisso.
Uma Aventura Lego (The Lego Movie, 2014 / EUA)
Direção: Phil Lord, Christopher Miller
Roteiro: Phil Lord, Christopher Miller
Duração: 100 min.
Emmet é um operário padrão, sempre seguindo as regras e procurando ser amigo de todos. Um dia ele é confundido com o "especial", porque encontra por acaso a "Peça da Resistência" que faz parte de uma profecia antiga. Mega Estilo o leva, então, para o esconderijo dos Mestres Construtores, liderados por Vitruvius, na tentativa de criar um plano para acabar com o Senhor Negócios e salvar a liberdade criativa de todos naquele mundo.
A sinopse pode parecer confusa, mas na verdade é uma mistura de muita coisa que já vimos por aí. O vilão, Senhor Negócios, é um homem controlador que cerceia a criatividade do seu povo. Quer controlar tudo através de regras rígidas e não permite o novo, controlando todos de perto. Qualquer semelhança com 1984 ou qualquer filme de autocracias não é mera coincidência.
Uma profecia anunciando um "eleito" que será capaz de modificar tudo também já é algo bastante utilizado em histórias. Emmet ainda tem o plus de ser um escolhido que não parece escolhido. É um cara comum, não é criativo, não consegue liderar o seu povo, é visto como um erro, um derrotado. A trajetória de um personagem assim é sempre de superação e prova de valor. No caso de Emmet, ainda mostra aquela velha máxima de que todos podem ser especiais. Basta acreditar.
Para completar, o mundo precisa se unir em prol de um bem maior. E as coisas sempre vão piorando a cada segundo. A grande questão que faz de Uma Aventura Lego algo além de cópias e junções de ideias requentadas é o fato de ser um filme com brinquedos feitos de Lego. Principalmente pelas revelações no seu terceiro ato. Ainda que muitas vezes seja quase uma propaganda explícita, com direito a pausas e packshots de "aventuras" criadas.
O plot da criação e da capacidade de reunir peças da Lego para criar qualquer coisa é muito bem explorada na produção. Mesmo que muita coisa tenha sido produzida em CGI parece mesmo que estamos vendo Legos montando e desmontando em nossa frente. Até a água é uma junção de pecinhas azuis que se esparramam pelo chão. Dá um visual bonito, além de ser uma brincadeira divertida.
Nesse mundo do "pode ser", o filme acaba construindo uma verdadeira mistura de mundos e personagens, ao ponto do namorado da Mega Estilo ser o Batman. E, em uma reunião de mestres construtores, podermos presenciar Dumbledore e Gandalf discutindo. Ou ver o Super-homem tentando fugir do "mala" do Lanterna Verde. Isso sem falar na possibilidade de passear por mundos como o Velho Oeste ou o Medieval. E ainda passear em um navio pirata.
Mas, fora isso, Uma Aventura Lego não chega a trazer algo realmente impactante, inovador ou especial. É uma aventura divertida para as crianças, pode ser uma memória afetiva para os adultos e proporcionar alguma espécie de catarse na parte final, principalmente se você foi ou é uma criança reprimida por seus pais quando se fala em soltar a imaginação para brincar. Ainda assim, não passa de um filme que cumpre o objetivo da diversão sem compromisso.
Uma Aventura Lego (The Lego Movie, 2014 / EUA)
Direção: Phil Lord, Christopher Miller
Roteiro: Phil Lord, Christopher Miller
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Uma Aventura Lego
2014-02-06T08:20:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|Christopher Miller|critica|fici2014|infantil|oscar 2015|Phil Lord|
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