Dia Internacional da Mulher: Let It Go
Hoje é o Dia Internacional da Mulher. E resolvi fazer uma homenagem diferente. Acredito que a animação da Disney, Frozen reflete muito a posição da mulher em nossa sociedade hoje. Já analisei isto no texto Princesas da Disney e resgato aqui a cena mais simbólica disso, a da música tema Let it go.
Melhor cena do filme, traz consigo diversos significados e o maior deles: o desejo de Elsa de ser livre. Não apenas do medo que lhe foi embutido por seus pais, nem das regras que a sociedade lhe impõe. Mas, livre de todo e qualquer jugo. E a música diz muito disso. Na própria letra, ela diz ter a consciência do que deixou para trás, mas está aliviada demais para lamentar.
Faz parte do processo de crescimento, de auto-afirmação. Um processo interno e externo pelo qual Elsa passa e é tão bem demonstrado nessa cena. Inclusive pela sua transformação corporal. Antes vestida com roupas fechadas, com cores densas, um vestido verde e preto, uma capa roxa. E como diz Patti Bellantoni, se tem roxo, alguém vai morrer.
E é significativo que ela se liberte primeiro desta capa roxa, exatamente quando termina a primeira parte da música e ela sentencia: "Let it go, let it go. The cold never bothered me anyway". Isso tudo com o cuidado da Disney em construir a animação com uma interpretação, ao ponto dela olhar para capa, fazer uma expressão de "já foi" e largá-la o vento.
O resto da roupa, ela só mudará no final, após finalizar a construção do seu castelo. Completamente segura, então, ela deixa o seu poder libertá-la de tanto peso, transformando sua roupa em um azul claro com tons brancos, próximos da neve que é o seu símbolo atual, junto aos fractais. A roupa também fica com um decote mais aberto, tanto no busto, quanto na saia. Elsa se torna uma mulher mais interessante, sensual, decidida, não mais aquela menina assustada, acuada.
Ainda que só, ela fica feliz e constrói o seu próprio mundo ao redor. A parte em que ela pisa forte na neve e surge um fractal, de onde ela ergue o castelo, demonstra bem isso. A sua casa surge do seu próprio símbolo e é lindo vê-lo subindo ao som instrumental da música, que vai no ritmo exato, vide os braços dela conduzindo a virada da percussão, para recomeçar a cantar o único verso que sai da melodia padrão: "My power flurries through the air into the ground, My soul is spiraling in frozen fractals all around, And one thought crystallizes like an icy blast, I'm never going back, the past is in the past".
Pode parecer exagero a comparação, mas quantas mulheres não viviam ou ainda vivem acuadas tal qual Elsa? Seja pelos pais, pelo marido, pela sociedade que sempre lhe impôs regras duras, onde aos homens tudo sempre foi permitido. Isso vem mudando aos poucos, mas ainda é mais fácil julgar uma mulher que um homem. Ele sempre parece impor mais respeitabilidade, em qualquer cargo que seja.
Inclusive no cinema, onde os papéis femininos ainda são forte em tramas sentimentais. Em filmes de ação, por exemplo, ainda resta a mulher o papel de objeto de desejo de homens diversos. Não é raro a construção de estereótipos nesse sentido. A elas também é exigido um padrão maior de beleza e julgamentos diversos. Isso sem falar na soberania de homens atrás das câmeras e também na função de análise do próprio cinema.
Talvez por isso, Frozen tenha encantado tanto. Aqui, os homens é que estão em função das mulheres. E elas estão livres dos encargos que sempre a deram.
Melhor cena do filme, traz consigo diversos significados e o maior deles: o desejo de Elsa de ser livre. Não apenas do medo que lhe foi embutido por seus pais, nem das regras que a sociedade lhe impõe. Mas, livre de todo e qualquer jugo. E a música diz muito disso. Na própria letra, ela diz ter a consciência do que deixou para trás, mas está aliviada demais para lamentar.
Faz parte do processo de crescimento, de auto-afirmação. Um processo interno e externo pelo qual Elsa passa e é tão bem demonstrado nessa cena. Inclusive pela sua transformação corporal. Antes vestida com roupas fechadas, com cores densas, um vestido verde e preto, uma capa roxa. E como diz Patti Bellantoni, se tem roxo, alguém vai morrer.
E é significativo que ela se liberte primeiro desta capa roxa, exatamente quando termina a primeira parte da música e ela sentencia: "Let it go, let it go. The cold never bothered me anyway". Isso tudo com o cuidado da Disney em construir a animação com uma interpretação, ao ponto dela olhar para capa, fazer uma expressão de "já foi" e largá-la o vento.
O resto da roupa, ela só mudará no final, após finalizar a construção do seu castelo. Completamente segura, então, ela deixa o seu poder libertá-la de tanto peso, transformando sua roupa em um azul claro com tons brancos, próximos da neve que é o seu símbolo atual, junto aos fractais. A roupa também fica com um decote mais aberto, tanto no busto, quanto na saia. Elsa se torna uma mulher mais interessante, sensual, decidida, não mais aquela menina assustada, acuada.
Ainda que só, ela fica feliz e constrói o seu próprio mundo ao redor. A parte em que ela pisa forte na neve e surge um fractal, de onde ela ergue o castelo, demonstra bem isso. A sua casa surge do seu próprio símbolo e é lindo vê-lo subindo ao som instrumental da música, que vai no ritmo exato, vide os braços dela conduzindo a virada da percussão, para recomeçar a cantar o único verso que sai da melodia padrão: "My power flurries through the air into the ground, My soul is spiraling in frozen fractals all around, And one thought crystallizes like an icy blast, I'm never going back, the past is in the past".
Pode parecer exagero a comparação, mas quantas mulheres não viviam ou ainda vivem acuadas tal qual Elsa? Seja pelos pais, pelo marido, pela sociedade que sempre lhe impôs regras duras, onde aos homens tudo sempre foi permitido. Isso vem mudando aos poucos, mas ainda é mais fácil julgar uma mulher que um homem. Ele sempre parece impor mais respeitabilidade, em qualquer cargo que seja.
Inclusive no cinema, onde os papéis femininos ainda são forte em tramas sentimentais. Em filmes de ação, por exemplo, ainda resta a mulher o papel de objeto de desejo de homens diversos. Não é raro a construção de estereótipos nesse sentido. A elas também é exigido um padrão maior de beleza e julgamentos diversos. Isso sem falar na soberania de homens atrás das câmeras e também na função de análise do próprio cinema.
Talvez por isso, Frozen tenha encantado tanto. Aqui, os homens é que estão em função das mulheres. E elas estão livres dos encargos que sempre a deram.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Dia Internacional da Mulher: Let It Go
2014-03-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|grandes cenas|infantil|materias|musical|
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