
Na trama, um homem falido pensa um golpe perfeito. Simular o sequestro de sua esposa, para que o sogro rico pague o resgate que será dividido entre ele e os bandidos contratados. O problema é que nada sai como o planejado, envolvendo assassinatos e a investigação de uma delegada bem incomum, que ainda está grávida.

Jerry Lundegaard, vivido por William H. Macy, é um tolo. Toda a sua trama é tola, todas as confusões que vai criando com seu plano mirabolante são tolas e ficamos mais incomodados com ele do que torcendo por seu sucesso. Principalmente quando as coisas começam a piorar e o final trágico vai se desenrolando.

E é no roteiro o outro grande trunfo de Fargo. Não apenas pela história mirabolante que vai se complicando a cada passo, mas principalmente pelos diálogos ágeis. Cada cena é uma espécie de duelo verbal instigante, com diversas construções memoráveis. É gostoso acompanhar todo o processo, principalmente com atores tão bem dirigidos, nos envolvendo naquele texto.

Temos também algumas inserções estranhas que provavelmente ajudarão a dar continuidade ao universo em uma série, como o encontro de Marge com o ex-colega Mike. Todo a trama fica a parte da trama principal, e seria até mesmo desnecessária. Só vale para aumentar o estranhamento do universo e nos mostrar um pouco mais da personagem.
Fargo já se tornou uma espécie de clássico moderno. Ajudando na fama dos irmãos Coen, já que este era apenas o quinto filme da dupla e nos dando um vislumbre do que ainda viria por aí. Vamos torcer para a série ser tão boa quanto, se tornando, quem sabe, uma experiência próxima a Twin Peaks de David Lynch (com a diferença que, neste caso, a série veio antes).
Fargo (Fargo, 1996 / EUA)
Direção: Joel Coen, (Ethan Coen)
Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen
Com: William H. Macy, Frances McDormand, Steve Buscemi
Duração: 98 min.