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Rocco Granata é um cantor muito conhecido na Bélgica, país que o acolheu junto com sua família após a Segunda Guerra Mundial. E Marina é a sua cinebiografia, com todos os recursos possíveis do melodrama para envolver o público em sua história de superação.
Na verdade, dizer que a Bélgica o acolheu é quase um eufemismo. Na verdade, seu pai foi para lá trabalhar em minas sonhando com uma vida melhor. A família, que a princípio ficou na Itália, acabou seguindo-o e sofrendo com a difícil adaptação. Vistos como estrangeiros e alvos de preconceitos, os italianos tinha diversas privações no país, desde preconceitos nos colégios ou comércio local, até na dificuldade de se colocar no mercado de trabalho. Filho de mineiro, teria que ser mineiro.
Rocco não se adapta a isso. Odeia a Bélgica a princípio, tem problemas com os colegas de colégio, sente falta dos amigos italianos e sonha em viver de música. Se encanta também por uma menina belga, filha do dono da mercearia que o considera um entrave ao sonho de ver a filha casada com um jovem belga rico, ou pelo menos com um futuro promissor.
Todo o sofrimento e injustiças passados por Rocco e sua família são detalhados por Stijn Coninx, pesando a mão na emoção. Não chega a ser piegas, mas força algumas passagens em um roteiro longo e repetitivo que poderia condensar melhor as quase duas horas de projeção. A própria relação de Rocco com a música é desenvolvida tardiamente, reservando muito tempo nas dificuldades com o pai.
Neste ponto, não há como os brasileiros não compararem com outra trajetória musical que nosso cinema já retratou. Em Dois Filhos de Francisco, o pai era o motor do sonho dos filhos, incentivando, trabalhando pela divulgação, sonhando junto com eles. Aqui, no fundo, há isso, principalmente pelo que presenciamos no seu final. Porém, nada é tão explícito, na verdade, o pai do garoto não quer que ele viva de música. Tudo que ele quer é que o filho nunca entre em uma mina e tenha a chance de um futuro melhor.
A música, no entanto, norteia as escolhas Rocco, até sua relação com Helena começa através da música que a menina está ouvindo no rádio. Uma música italiana, claro, que ele ainda cantará muito para ela. É interessante como o filme vai permeando o filme com as melodias, nos familiarizando com o ritmo, com a voz do personagem, criando o clima para o desfecho.
Poderia ser mais envolvente. O vai e volta do roteiro é que deixa tudo mais cansativo. Assim como a necessidade de ressaltar sofrimentos, dificuldades que valorizam o caráter e persistência do protagonista. Ainda que tenha carisma e que o ator Matteo Simoni consiga defender bem o personagem, acaba soando exagerado. De qualquer maneira, ele é charmoso e envolvente, principalmente quando está no palco, o que ajuda a comprar a ideia de talento e sucesso.
No final das contas, Marina é uma cinebiografia que não esconde seu objetivo de nos vender um artista, pouco conhecido na maioria dos países, como um talento nato que merece o reconhecimento pela luta que foi sua vida. Não deixa de cumprir seu objetivo, já que saímos do cinema cantarolando o refrão de Marina. De quebra, nos apresenta o jovem Matteo Simoni. Porém, enquanto cinema, poderia ser muito mais. Principalmente por seu diretor e por ter as mãos dos irmãos Dardenne na produção.
Marina (2013 / Bélgica, Itália)
Direção: Stijn Coninx
Roteiro: Rik D'Hiet
Com: Matteo Simoni, Cristiaan Campagna, Luigi Lo Cascio
Duração: 118 min.
Na verdade, dizer que a Bélgica o acolheu é quase um eufemismo. Na verdade, seu pai foi para lá trabalhar em minas sonhando com uma vida melhor. A família, que a princípio ficou na Itália, acabou seguindo-o e sofrendo com a difícil adaptação. Vistos como estrangeiros e alvos de preconceitos, os italianos tinha diversas privações no país, desde preconceitos nos colégios ou comércio local, até na dificuldade de se colocar no mercado de trabalho. Filho de mineiro, teria que ser mineiro.
Rocco não se adapta a isso. Odeia a Bélgica a princípio, tem problemas com os colegas de colégio, sente falta dos amigos italianos e sonha em viver de música. Se encanta também por uma menina belga, filha do dono da mercearia que o considera um entrave ao sonho de ver a filha casada com um jovem belga rico, ou pelo menos com um futuro promissor.
Todo o sofrimento e injustiças passados por Rocco e sua família são detalhados por Stijn Coninx, pesando a mão na emoção. Não chega a ser piegas, mas força algumas passagens em um roteiro longo e repetitivo que poderia condensar melhor as quase duas horas de projeção. A própria relação de Rocco com a música é desenvolvida tardiamente, reservando muito tempo nas dificuldades com o pai.
Neste ponto, não há como os brasileiros não compararem com outra trajetória musical que nosso cinema já retratou. Em Dois Filhos de Francisco, o pai era o motor do sonho dos filhos, incentivando, trabalhando pela divulgação, sonhando junto com eles. Aqui, no fundo, há isso, principalmente pelo que presenciamos no seu final. Porém, nada é tão explícito, na verdade, o pai do garoto não quer que ele viva de música. Tudo que ele quer é que o filho nunca entre em uma mina e tenha a chance de um futuro melhor.
A música, no entanto, norteia as escolhas Rocco, até sua relação com Helena começa através da música que a menina está ouvindo no rádio. Uma música italiana, claro, que ele ainda cantará muito para ela. É interessante como o filme vai permeando o filme com as melodias, nos familiarizando com o ritmo, com a voz do personagem, criando o clima para o desfecho.
Poderia ser mais envolvente. O vai e volta do roteiro é que deixa tudo mais cansativo. Assim como a necessidade de ressaltar sofrimentos, dificuldades que valorizam o caráter e persistência do protagonista. Ainda que tenha carisma e que o ator Matteo Simoni consiga defender bem o personagem, acaba soando exagerado. De qualquer maneira, ele é charmoso e envolvente, principalmente quando está no palco, o que ajuda a comprar a ideia de talento e sucesso.
No final das contas, Marina é uma cinebiografia que não esconde seu objetivo de nos vender um artista, pouco conhecido na maioria dos países, como um talento nato que merece o reconhecimento pela luta que foi sua vida. Não deixa de cumprir seu objetivo, já que saímos do cinema cantarolando o refrão de Marina. De quebra, nos apresenta o jovem Matteo Simoni. Porém, enquanto cinema, poderia ser muito mais. Principalmente por seu diretor e por ter as mãos dos irmãos Dardenne na produção.
Marina (2013 / Bélgica, Itália)
Direção: Stijn Coninx
Roteiro: Rik D'Hiet
Com: Matteo Simoni, Cristiaan Campagna, Luigi Lo Cascio
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Marina
2014-04-18T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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