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Trainspotting - Sem Limites
Trainspotting - Sem Limites
Segundo filme de Danny Boyle, Trainspotting marcou época. Muitos comparam a Laranja Mecânica, outros a Pulp Fiction. De fato, ele tem características de ambos, Danny Boyle bebe em diversas fontes para realizar um retrato da juventude no Reino Unido, apesar de construir suas próprias marcas.
Renton, o protagonista vivido por Ewan McGregor, é também o narrador da trama que constrói uma trajetória cíclica bastante interessante. Ele começa falando das cobranças naturais da sociedade e das expectativas da vida de um jovem. Ele, porém, não parece querer nada disso, vivendo mergulhado nos efeitos da heroína, ou da tentativa de se livrar dela. Da mesma forma que seus melhores amigos, Sick Boy vivido por Jonny Lee Miller, Tommy vivido por Kevin McKidd, Spud vivido por Ewen Bremner e Begbie vivido por Robert Carlyle.
O roteiro faz diversas digressões, pulando e retornando no tempo, nos dando um pouco da visão da rotina daqueles jovens. A princípio, parece que eles não tem objetivo, mas a maneira que as coisas se desenrolam vamos tendo algumas surpresas. Mas, o que funciona mesmo no estilo de Danny Boyle é a narração irônica de Renton em contraste com as imagens. Tudo é muito ágil, envolvente e até mesmo assustador. A cena após o julgamento, por exemplo, é extremamente sagaz com a simulação de um "restaurante" de drogas.
Ainda falando do roteiro, é preciso destacar os diálogos ágeis e inteligentes, principalmente as referências e discussões sobre cinema. Neste ponto, muitos comparam a Tarantino, o que não deixa de fazer sentido. As discussões de Renton e Sick Boy sobre 007, principalmente Sean Connery, são impagáveis. Tudo é construído em um tom acima, jocoso e divertido, por mais pesado que seja o tema, mesmo as imagens de uso da droga, alucinações proporcionadas ou mesmo o desespero dos efeitos colaterais.
A cena do banheiro público, por exemplo, é de dar angústia em plateias diversas, mas Danny Boyle trabalha a realidade alterada, nos dando metáforas visuais e diversas reconstruções alucinógenas e belas. Isso faz Trainspotting ser mais palatável ainda que existam cenas fortes, como uma relacionada a um bebê.
O período de Renton em abstinência em seu quarto é outro exemplo onde angústia e construção estética nos dão sensações diversas, amenizando a dureza do real através de simbologias. Os efeitos do quarto, com a parede em movimento, a visão de Renton, as misturas diversas, constroem um quadro forte, mas ao mesmo tempo artístico, belo de se observar.
Trainspotting, que no Brasil ganhou o desnecessário subtítulo, Sem Limites, acaba sendo um dos filmes mais interessantes de Danny Boyle, se não for o primeiro. É um filme inventivo, solto, forte e, ao mesmo tempo, belo. Com ótimas atuações e um roteiro que se fecha de uma maneira muito inteligente. Ao final, temos a certeza de que o que parecia um amontoado de ideias, possuía um planejamento minucioso e passa a sua tese.
Trainspotting - Sem Limites - filme (Trainspotting, 1996 / EUA)
Direção: Danny Boyle
Roteiro: John Hodge
Com: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle, Kevin McKidd
Duração: 94 min.
Renton, o protagonista vivido por Ewan McGregor, é também o narrador da trama que constrói uma trajetória cíclica bastante interessante. Ele começa falando das cobranças naturais da sociedade e das expectativas da vida de um jovem. Ele, porém, não parece querer nada disso, vivendo mergulhado nos efeitos da heroína, ou da tentativa de se livrar dela. Da mesma forma que seus melhores amigos, Sick Boy vivido por Jonny Lee Miller, Tommy vivido por Kevin McKidd, Spud vivido por Ewen Bremner e Begbie vivido por Robert Carlyle.
O roteiro faz diversas digressões, pulando e retornando no tempo, nos dando um pouco da visão da rotina daqueles jovens. A princípio, parece que eles não tem objetivo, mas a maneira que as coisas se desenrolam vamos tendo algumas surpresas. Mas, o que funciona mesmo no estilo de Danny Boyle é a narração irônica de Renton em contraste com as imagens. Tudo é muito ágil, envolvente e até mesmo assustador. A cena após o julgamento, por exemplo, é extremamente sagaz com a simulação de um "restaurante" de drogas.
Ainda falando do roteiro, é preciso destacar os diálogos ágeis e inteligentes, principalmente as referências e discussões sobre cinema. Neste ponto, muitos comparam a Tarantino, o que não deixa de fazer sentido. As discussões de Renton e Sick Boy sobre 007, principalmente Sean Connery, são impagáveis. Tudo é construído em um tom acima, jocoso e divertido, por mais pesado que seja o tema, mesmo as imagens de uso da droga, alucinações proporcionadas ou mesmo o desespero dos efeitos colaterais.
A cena do banheiro público, por exemplo, é de dar angústia em plateias diversas, mas Danny Boyle trabalha a realidade alterada, nos dando metáforas visuais e diversas reconstruções alucinógenas e belas. Isso faz Trainspotting ser mais palatável ainda que existam cenas fortes, como uma relacionada a um bebê.
O período de Renton em abstinência em seu quarto é outro exemplo onde angústia e construção estética nos dão sensações diversas, amenizando a dureza do real através de simbologias. Os efeitos do quarto, com a parede em movimento, a visão de Renton, as misturas diversas, constroem um quadro forte, mas ao mesmo tempo artístico, belo de se observar.
Trainspotting, que no Brasil ganhou o desnecessário subtítulo, Sem Limites, acaba sendo um dos filmes mais interessantes de Danny Boyle, se não for o primeiro. É um filme inventivo, solto, forte e, ao mesmo tempo, belo. Com ótimas atuações e um roteiro que se fecha de uma maneira muito inteligente. Ao final, temos a certeza de que o que parecia um amontoado de ideias, possuía um planejamento minucioso e passa a sua tese.
Trainspotting - Sem Limites - filme (Trainspotting, 1996 / EUA)
Direção: Danny Boyle
Roteiro: John Hodge
Com: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle, Kevin McKidd
Duração: 94 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Trainspotting - Sem Limites
2014-05-31T12:00:00-03:00
Amanda Aouad
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