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Malévola
Malévola
Parece que os contos de fadas perderam força nos tempos atuais. Não por acaso, vemos a renovação de valores nos filmes recentes, onde príncipes e princesas fogem do estereótipo antigo. E vemos também história renovando a história, como a série Once Upon a Time. Mas até para brincar com o já visto, é preciso ter coerência, senão perde o sentido.
A Bela Adormecida, que ficou conhecida a partir do conto dos irmãos Grimm de 1812 e que a Disney imortalizou no desenho de 1959, já teve diversas versões. Mas em todas, claro, Malévola é uma fada amargurada, que se sentiu preterida no batizado da princesa Aurora e lançou uma maldição. Nesta nova versão, ela é a protagonista, e como tal, vamos conhecer a visão dela da história.
Até aí, tudo bem. Marion Zimmer Bradley fez isso com a lenda do Rei Artur e foi uma das histórias mais fascinantes que já li. Ela trouxe a visão feminina dos bastidores, mostrando que Morgana não era a bruxa má que muitos diziam, mas tinha sua própria história. Ao ler o livro, é possível perceber onde o mito surgiu e o porquê de suas atitudes negativas. Morgana não se tornou uma vítima inocente, apenas um ser humano com sombra e luz. Não foi o que aconteceu com Malévola.
Ao construir a visão de fada vingativa, Linda Woolverton construiu uma vítima da humanidade, modificando pontos importantes da trama. E transformando o rei Stefan em um completo idiota. Assim como as três fadas Violeta, Primavera e Fauna que, de atrapalhadas, se transformaram em completas incapazes a ponto de Malévola precisar vigiar dia e noite a pequena Aurora para que chegasse aos 16 anos. Mesmo as atitudes más que ela tomou, são amenizadas aqui.
Essa reconstrução de roteiro tira muito do brilho da ideia. Em vez de humanizar Malévola, o filme acaba por torná-la um ser extremamente puro que, ferido, defendeu-se das injustiças mundanas. Trabalha contra o filme, também, o fato dele ser contado por uma voz over extremamente maçante, tirando o ritmo da trama, sendo didático ao extremo e forçando uma falsa curiosidade sobre quem estaria narrando a história.
Ainda assim, há méritos no filme de Robert Stromberg. Principalmente no visual, muito bem cuidado e construído, com uma direção de arte que encanta, principalmente nas cenas do reino da floresta. Os vôos de Malévola pelo reino são envolventes e todas as criaturas que ali vivem são belas, mesmo os monstrinhos. É impressionante também a cena da maldição, recriada quase em cópia fiel do desenho, sem ficar caricata. Sentimos a magia, mas compramos a ideia daquele mundo.
Angelina Jolie também consegue nos convencer com um papel tão controverso. Afinal, é um símbolo de maldade que é reconstruído como um símbolo de bondade. Fora que fazer uma "bruxa" de contos de fadas é sempre um risco de cair no caricato, e ela consegue trazer verdade à personagem. O resto do elenco também funciona, principalmente Sharlto Copley como Stefan. Destaque ainda para a curiosa cena de Aurora pequena, por ser interpretada pela filha de Jolie com Brad Pitt.
No final das contas, Malévola poderia ser um excelente filme. Uma reconstrução única de um conto de fadas, tal qual foi As Brumas de Avalon para a lenda do Rei Artur. Mas seus criadores perderam a oportunidade de criar um novo clássico, ao insistir na dualidade Bem vs Mal, simplesmente trocando os papéis e colocando toda a carga da maldade no personagem Stefan. Ao isentar Malévola de suas atitudes negativas, acabaram por transformá-la em um personagem medíocre. E tudo o que Malévola não merecia era isso.
Malévola (Maleficent, 2014 / EUA)
Direção: Robert Stromberg
Roteiro: Linda Woolverton, Charles Perrault
Com: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley
Duração: 97 min.
A Bela Adormecida, que ficou conhecida a partir do conto dos irmãos Grimm de 1812 e que a Disney imortalizou no desenho de 1959, já teve diversas versões. Mas em todas, claro, Malévola é uma fada amargurada, que se sentiu preterida no batizado da princesa Aurora e lançou uma maldição. Nesta nova versão, ela é a protagonista, e como tal, vamos conhecer a visão dela da história.
Até aí, tudo bem. Marion Zimmer Bradley fez isso com a lenda do Rei Artur e foi uma das histórias mais fascinantes que já li. Ela trouxe a visão feminina dos bastidores, mostrando que Morgana não era a bruxa má que muitos diziam, mas tinha sua própria história. Ao ler o livro, é possível perceber onde o mito surgiu e o porquê de suas atitudes negativas. Morgana não se tornou uma vítima inocente, apenas um ser humano com sombra e luz. Não foi o que aconteceu com Malévola.
Ao construir a visão de fada vingativa, Linda Woolverton construiu uma vítima da humanidade, modificando pontos importantes da trama. E transformando o rei Stefan em um completo idiota. Assim como as três fadas Violeta, Primavera e Fauna que, de atrapalhadas, se transformaram em completas incapazes a ponto de Malévola precisar vigiar dia e noite a pequena Aurora para que chegasse aos 16 anos. Mesmo as atitudes más que ela tomou, são amenizadas aqui.
Essa reconstrução de roteiro tira muito do brilho da ideia. Em vez de humanizar Malévola, o filme acaba por torná-la um ser extremamente puro que, ferido, defendeu-se das injustiças mundanas. Trabalha contra o filme, também, o fato dele ser contado por uma voz over extremamente maçante, tirando o ritmo da trama, sendo didático ao extremo e forçando uma falsa curiosidade sobre quem estaria narrando a história.
Ainda assim, há méritos no filme de Robert Stromberg. Principalmente no visual, muito bem cuidado e construído, com uma direção de arte que encanta, principalmente nas cenas do reino da floresta. Os vôos de Malévola pelo reino são envolventes e todas as criaturas que ali vivem são belas, mesmo os monstrinhos. É impressionante também a cena da maldição, recriada quase em cópia fiel do desenho, sem ficar caricata. Sentimos a magia, mas compramos a ideia daquele mundo.
Angelina Jolie também consegue nos convencer com um papel tão controverso. Afinal, é um símbolo de maldade que é reconstruído como um símbolo de bondade. Fora que fazer uma "bruxa" de contos de fadas é sempre um risco de cair no caricato, e ela consegue trazer verdade à personagem. O resto do elenco também funciona, principalmente Sharlto Copley como Stefan. Destaque ainda para a curiosa cena de Aurora pequena, por ser interpretada pela filha de Jolie com Brad Pitt.
No final das contas, Malévola poderia ser um excelente filme. Uma reconstrução única de um conto de fadas, tal qual foi As Brumas de Avalon para a lenda do Rei Artur. Mas seus criadores perderam a oportunidade de criar um novo clássico, ao insistir na dualidade Bem vs Mal, simplesmente trocando os papéis e colocando toda a carga da maldade no personagem Stefan. Ao isentar Malévola de suas atitudes negativas, acabaram por transformá-la em um personagem medíocre. E tudo o que Malévola não merecia era isso.
Malévola (Maleficent, 2014 / EUA)
Direção: Robert Stromberg
Roteiro: Linda Woolverton, Charles Perrault
Com: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Malévola
2014-06-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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