Falar em Muppets 2 é até engraçado diante de tantos filmes do grupo que já foram feitos. Mas, essa continuação do retorno dos fantoches mais amados da América não deixa de ter várias qualidades, principalmente no bom humor em brincar consigo mesmo e das milhares de participações especiais.Continuações são sempre criticadas e tendem a descer o nível original. Pelo menos é o que o senso comum costuma dizer. Sabendo disso, os Muppets já começam brincando com isso, quando após a cena final do último filme, percebem que ainda tem uma câmera ligada. Temos, então, o primeiro número musical falando sobre esta questão: a adaptação. Como fazer um novo filme, qual o tema e como não enrolar a plateia. Ao fazer isso, já quebram qualquer tipo de comentário negativo a isso.
A história, então, vai mostrar uma turnê mundial dos Muppets após o reencontro de 2011. E para agenciá-lo, o personagem de Ricky Gervais, Dominic Badguy. A própria piada do sobrenome já é uma pista para o caráter de Dominic, que na verdade, é cúmplice de Constantine, o sapo mais perigoso do mundo, que pretende tomar o lugar de Kermit e realizar um roubo histórico, incriminando os Muppets. Enquanto isso, Kermit tenta sobreviver em uma cadeia russa. Para nós brasileiros, pelo menos para mim, ainda é estranho chamar o Caco de Kermit, mas de qualquer maneira, o perfil do atrapalhado sapo continua sendo divertido e envolvente. Apesar de parecer absurdo muitas vezes, a parte da cadeia é das mais divertidas, com a guarda vivida por Tina Fey e os presos como Germaine Clement, Ray Liotta e Danny Trejo. Caco (ou Kermit, como preferir) ajuda a personagem de Tina Fey a organizar um número musical com os presos, gerando boas piadas.
Como é de costume dos Muppets, nada parece fazer muito sentido ou seguir um script formal. A bagunça faz parte da obra, podendo surgir participações das mais inusitadas seja na própria trama, no palco dos shows ou em pensamentos. Como a cena em que Piggy está em dúvida sobre um certo acontecimento, e Celine Dion aparece para cantar com ela. Ou quando Christoph Waltz aparece no palco para dançar uma valsa. As referências ao cinema também povoam a obra, desde questões mais óbvias como Caco entrando na prisão como se fosse Hannibal Lecter, ou escondendo um túnel atrás do poster de Miss Piggy como em Um Sonho de Liberdade. Até diversas pequenas referências, principalmente a filmes policiais e de suspense. A briga entre o policial da Interpol interpretado por Ty Burrell e o oficial da CIA como um boneco também gera ótimas piadas e referências.
Mas, apesar de tanta diversão e boa vontade. Muppets 2: Procurados e Amados acaba não trazendo muita coisa além do já visto. É divertido e demonstra que os realizadores também se divertiram bastante, incluindo as participações especiais. Mas, traz um ar nostálgico de uma fórmula já repetida que não sei até que ponto merece continuar sendo explorada. As próprias apresentações catastróficas do grupo sem a direção de Caco demonstra que os bichinhos não são tão bons assim. Há um carinho especial dos fãs e até me incluo nesse quadro, mas a sensação é de que não há renovação. Ainda divertidos, ainda amados e agora procurados, mas com uma certa aura de passado. Assim, são os Muppets, que fizeram tanto sucesso nos anos 80 e retornaram em 2011 com um bom filme, que, de certa forma, se repete aqui. Mas precisa de algo mais para conquistar as novas gerações e justificar sua permanência nas grandes telas.
Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted, 2014 / EUA)
Direção: James Bobin
Roteiro: James Bobin, Nicholas Stoller
Com: Ricky Gervais, Ty Burrell, Tina Fey
Duração: 107 min.
