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O Menino e O Mundo
O Menino e O Mundo
Grande vencedor do Annecy de 2014, com prêmio do júri e do público, O Menino e O Mundo retornou aos cinemas e é uma ótima oportunidade de ver uma animação tão madura e instigante.
A trama poderia ser resumida como um garoto que vê seu pai abandonar a casa onde mora com a mãe, para tentar um emprego melhor na cidade grande. Inconformado com isso, ele tenta segui-lo e descobre um mundo belo e ao mesmo tempo assustador, com uma diversidade cultural e social imensa.
Mas, mais do que uma história linear, O Menino e O Mundo nos apresenta sensações. É uma jornada de descoberta que já começa na experimentação sensorial do menino no início do filme. A técnica de colocar o cenário vazio, apenas com ele e poucos objetos que aos poucos vão ganhando forma e cores já demonstra isso. E nessa visão infantil de descoberta, as leis da física não são tão importantes, podendo andar entre nuvens ou guardar sons em uma latinha.
Aliás, a viagem sensorial do menino através da música é uma das coisas mais belas do filme. A forma como suas lembranças do pai ou mesmo daquele lugar vão se construindo e se desfazendo em sua frente. E como o som é representado por bolinhas coloridas que flutuam no ar. Vamos viajando com elas e com o menino nesse mundo maravilhoso do sentimento.
Aos poucos, esta ingenuidade vai se desfazendo com o que vai presenciando na plantação de algodão, nas fábricas, no morro, ou mesmo nas estradas. Com o tempo até o seu pai se torna um rosto comum, incapaz de ser diferenciado de outros adultos. E tudo fica marcado em uma foto familiar que guarda em seu bolso.
A capacidade de transmitir sentimentos com traços tão simples faz a animação de Alê Abreu ser tão especial. O menino é quase um traçado infantil que toda criança rabisca, mas seu olhar nos passa emoções diversas que nos tocam a alma. Da mesma forma que os cenários se formam em nossa frente de maneira simples e forte ao mesmo tempo.
A sutileza de colocar "rostos" nos meios de transporte e de construir os morros como castelos, também nos dão a dimensão exata desse mundo entre a realidade e a fantasia. Onde dor e esperança se misturam de uma maneira única. E a trilha sonora também ajuda a construir esse sentimento. Assim como a escolha acertada de não se comunicar por palavras. Os poucos diálogos do filme são em uma língua estranha.
O Menino e O Mundo é, talvez, a animação mais ousada já realizada no Brasil. Dialoga com as experimentações da linguagem, sem perder seu público de vista, nos brindando e fazendo viajar com uma jornada de crescimento como poucas. Em alguns aspectos me lembra Persepolis, filme francês de 2007. Uma verdadeira pérola que merece ser descoberta pelo público brasileiro.
O Menino e O Mundo (O Menino e O Mundo, 2013 / Brasil)
Direção: Alê Abreu
Roteiro: Alê Abreu
Duração: 80 min.
A trama poderia ser resumida como um garoto que vê seu pai abandonar a casa onde mora com a mãe, para tentar um emprego melhor na cidade grande. Inconformado com isso, ele tenta segui-lo e descobre um mundo belo e ao mesmo tempo assustador, com uma diversidade cultural e social imensa.
Mas, mais do que uma história linear, O Menino e O Mundo nos apresenta sensações. É uma jornada de descoberta que já começa na experimentação sensorial do menino no início do filme. A técnica de colocar o cenário vazio, apenas com ele e poucos objetos que aos poucos vão ganhando forma e cores já demonstra isso. E nessa visão infantil de descoberta, as leis da física não são tão importantes, podendo andar entre nuvens ou guardar sons em uma latinha.
Aliás, a viagem sensorial do menino através da música é uma das coisas mais belas do filme. A forma como suas lembranças do pai ou mesmo daquele lugar vão se construindo e se desfazendo em sua frente. E como o som é representado por bolinhas coloridas que flutuam no ar. Vamos viajando com elas e com o menino nesse mundo maravilhoso do sentimento.
Aos poucos, esta ingenuidade vai se desfazendo com o que vai presenciando na plantação de algodão, nas fábricas, no morro, ou mesmo nas estradas. Com o tempo até o seu pai se torna um rosto comum, incapaz de ser diferenciado de outros adultos. E tudo fica marcado em uma foto familiar que guarda em seu bolso.
A capacidade de transmitir sentimentos com traços tão simples faz a animação de Alê Abreu ser tão especial. O menino é quase um traçado infantil que toda criança rabisca, mas seu olhar nos passa emoções diversas que nos tocam a alma. Da mesma forma que os cenários se formam em nossa frente de maneira simples e forte ao mesmo tempo.
A sutileza de colocar "rostos" nos meios de transporte e de construir os morros como castelos, também nos dão a dimensão exata desse mundo entre a realidade e a fantasia. Onde dor e esperança se misturam de uma maneira única. E a trilha sonora também ajuda a construir esse sentimento. Assim como a escolha acertada de não se comunicar por palavras. Os poucos diálogos do filme são em uma língua estranha.
O Menino e O Mundo é, talvez, a animação mais ousada já realizada no Brasil. Dialoga com as experimentações da linguagem, sem perder seu público de vista, nos brindando e fazendo viajar com uma jornada de crescimento como poucas. Em alguns aspectos me lembra Persepolis, filme francês de 2007. Uma verdadeira pérola que merece ser descoberta pelo público brasileiro.
O Menino e O Mundo (O Menino e O Mundo, 2013 / Brasil)
Direção: Alê Abreu
Roteiro: Alê Abreu
Duração: 80 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Menino e O Mundo
2014-06-28T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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