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Violação de Privacidade
Violação de Privacidade
Gosto quando Robin Williams sai do rótulo de comediante a que ficou preso. Filmes como Insônia ou Retratos de uma Obsessão trazem tensões e belas interpretações. Mas, no caso de Violação de Privacidade, falta um foco e um melhor desenvolvimento do personagem para, de fato, funcionar.
Em um futuro alternativo, existe uma tecnologia capaz de gravar em um chip toda a nossa vida. Basta os pais implantarem no cérebro do bebê. Retirado após a morte do indivíduo é possível editá-la e criar um vídeo-resumo sobre aquela pessoa para passar no enterro da mesma. Isto gera discordâncias e discussões éticas, levando a protestos e criações de facções organizadas.
Alan Hakman, o personagem de Robin Williams, é o melhor editor da empresa, capaz de assistir a situações diversas das vidas alheias e por isso fica com os casos mais difíceis. O ponto ético principal a ser discutido do filme, nem mesmo é a invasão da privacidade, mas a manipulação das imagens, tornando pessoas em santos. É uma materialização perfeitamente plausível do que já acontece em sociedade. Quando a pessoa morre, ficam apenas os "bons momentos", todos tem algo de legal para falar, lembrar, comentar.
O universo criado e a premissa do filme são extremamente inteligentes, o problema é que o roteirista e diretor Omar Naim não soube como organizar e aprofundar tudo isso. Violação de Privacidade se torna um filme solto, com diversas vertentes e viradas mirabolantes na trama que a tornam frágil. O próprio Alan é mal construído, vivendo a partir de um trauma de infância, órfão, aparentemente frio, mas extremamente imaturo emocionalmente.
A própria revelação na parte final que culmina na resolução é tola, ainda que a cena em si seja extremamente bem realizada. Forte, com bons efeitos com imagens e sons picotados demonstrando a confusão mental de Alan após a descoberta. É também a cena de melhor interpretação de Robin Williams que, no geral, parece tão perdido quanto seu personagem.
O que incomoda na revelação é o rumo que a trama segue a partir de então. O que caminhava para um drama maduro, com doses de suspense e questões éticas e políticas a serem levantadas, se torna um thriller raso, com alguns Deus ex-machina para fazer a narrativa andar, a exemplo da experiência revivida de Alan.
Violação de Privacidade acaba trazendo um tema instigante mal desenvolvido. Se fosse melhor explorado e focado em uma unidade dramática, talvez funcionasse melhor. Pelo menos, se tivesse desenvolvido com maior profundidade, ficasse mais fácil acompanhar a jornada do protagonista Alan e compreender suas atitudes.
Violação de Privacidade (The Final Cut, 2004 / EUA)
Direção: Omar Naim
Roteiro: Omar Naim
Com: Robin Williams, Jim Caviezel, Mira Sorvino
Duração: 95 min.
Em um futuro alternativo, existe uma tecnologia capaz de gravar em um chip toda a nossa vida. Basta os pais implantarem no cérebro do bebê. Retirado após a morte do indivíduo é possível editá-la e criar um vídeo-resumo sobre aquela pessoa para passar no enterro da mesma. Isto gera discordâncias e discussões éticas, levando a protestos e criações de facções organizadas.
Alan Hakman, o personagem de Robin Williams, é o melhor editor da empresa, capaz de assistir a situações diversas das vidas alheias e por isso fica com os casos mais difíceis. O ponto ético principal a ser discutido do filme, nem mesmo é a invasão da privacidade, mas a manipulação das imagens, tornando pessoas em santos. É uma materialização perfeitamente plausível do que já acontece em sociedade. Quando a pessoa morre, ficam apenas os "bons momentos", todos tem algo de legal para falar, lembrar, comentar.
O universo criado e a premissa do filme são extremamente inteligentes, o problema é que o roteirista e diretor Omar Naim não soube como organizar e aprofundar tudo isso. Violação de Privacidade se torna um filme solto, com diversas vertentes e viradas mirabolantes na trama que a tornam frágil. O próprio Alan é mal construído, vivendo a partir de um trauma de infância, órfão, aparentemente frio, mas extremamente imaturo emocionalmente.
A própria revelação na parte final que culmina na resolução é tola, ainda que a cena em si seja extremamente bem realizada. Forte, com bons efeitos com imagens e sons picotados demonstrando a confusão mental de Alan após a descoberta. É também a cena de melhor interpretação de Robin Williams que, no geral, parece tão perdido quanto seu personagem.
O que incomoda na revelação é o rumo que a trama segue a partir de então. O que caminhava para um drama maduro, com doses de suspense e questões éticas e políticas a serem levantadas, se torna um thriller raso, com alguns Deus ex-machina para fazer a narrativa andar, a exemplo da experiência revivida de Alan.
Violação de Privacidade acaba trazendo um tema instigante mal desenvolvido. Se fosse melhor explorado e focado em uma unidade dramática, talvez funcionasse melhor. Pelo menos, se tivesse desenvolvido com maior profundidade, ficasse mais fácil acompanhar a jornada do protagonista Alan e compreender suas atitudes.
Violação de Privacidade (The Final Cut, 2004 / EUA)
Direção: Omar Naim
Roteiro: Omar Naim
Com: Robin Williams, Jim Caviezel, Mira Sorvino
Duração: 95 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Violação de Privacidade
2014-06-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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