
Em um futuro alternativo, existe uma tecnologia capaz de gravar em um chip toda a nossa vida. Basta os pais implantarem no cérebro do bebê. Retirado após a morte do indivíduo é possível editá-la e criar um vídeo-resumo sobre aquela pessoa para passar no enterro da mesma. Isto gera discordâncias e discussões éticas, levando a protestos e criações de facções organizadas.

O universo criado e a premissa do filme são extremamente inteligentes, o problema é que o roteirista e diretor Omar Naim não soube como organizar e aprofundar tudo isso. Violação de Privacidade se torna um filme solto, com diversas vertentes e viradas mirabolantes na trama que a tornam frágil. O próprio Alan é mal construído, vivendo a partir de um trauma de infância, órfão, aparentemente frio, mas extremamente imaturo emocionalmente.

O que incomoda na revelação é o rumo que a trama segue a partir de então. O que caminhava para um drama maduro, com doses de suspense e questões éticas e políticas a serem levantadas, se torna um thriller raso, com alguns Deus ex-machina para fazer a narrativa andar, a exemplo da experiência revivida de Alan.
Violação de Privacidade acaba trazendo um tema instigante mal desenvolvido. Se fosse melhor explorado e focado em uma unidade dramática, talvez funcionasse melhor. Pelo menos, se tivesse desenvolvido com maior profundidade, ficasse mais fácil acompanhar a jornada do protagonista Alan e compreender suas atitudes.
Violação de Privacidade (The Final Cut, 2004 / EUA)
Direção: Omar Naim
Roteiro: Omar Naim
Com: Robin Williams, Jim Caviezel, Mira Sorvino
Duração: 95 min.