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Especial Grease: nos Tempos da Brilhantina
Especial Grease: nos Tempos da Brilhantina
Grease voltou aos cinemas em três sessões especiais e rever esse clássico já visto tantas vezes na Sessão da Tarde não deixa de ser interessante. É um valor afetivo maior que o próprio filme que não deixa de ser um fenômeno. Até hoje é o musical de maior bilheteria nos Estados Unidos. E suas músicas continuam ecoando em nossos ouvidos.
Um filme tão icônico que preferi fazer um texto especial em vez de uma crítica. Vale mais matar saudades que analisar tecnicamente. Então, cuidado com os spoilers, pois terão vários.
Baseado em um musical da Broadway, a trama é bastante simples, quase tola. Ambientada nos anos 50, mostra a confusa história de amor entre Sandy e Danny que se apaixonaram nas férias, mas ao se reencontrar no colégio onde o rapaz é o líder de uma turma de bad boys vão ter que enfrentar os costumes e preconceitos da época.
O filme retrata bem essa juventude em conflito, quando a liberdade sexual ainda não tinha feito sua revolução e os estereótipos eram mais fortes em cada grupo. Inclusive no nome do filme Grease que vem da brilhantina usada no cabelo dos jovens rebeldes de uma classe social mais baixa na época, os greasers.
Danny pertence a esse grupo e sua postura fica muito clara em comparação aos outros grupos de rapazes do colégio, como os esportistas ou a gangue rival. Já Sandy vem de uma família rica, morava na Austrália e tem todos os trejeitos de boa moça, educada. Não bebe, não fuma, não fala palavrão, como zomba Rizzo em determinado momento do filme. A cena de abertura de Grease, inclusive, retrata Sandy como uma Cinderela com direito a bichinhos a ajudando a se arrumar.
Em oposição a Sandy, temos Rizzo, a líder das "rosas". Uma mulher a frente do seu tempo, autêntica e que não tem pudores em se entregar a um homem, o que a faz muitas vezes ser mal vista. A cena em que ela canta "There Are Worse Things I Could Do", é uma das mais interessantes de Grease, por mostrar exatamente essa sociedade de aparências e falsa moral dos anos 50.
Nesta cena, ela ainda acredita estar grávida e virou alvo fácil de fofocas no colégio. Sandy, mesmo sempre sendo alvo de sua rixa, lhe oferece ajuda. Mas, ela apenas agradece anda pelo pátio, pensando em suas opções e nas das mulheres em geral daquela época. Engraçado que alguns ainda a vejam como vilã.
Mas, o que marcou Grease foi mesmo os seus números musicais mais famosos. Como Summer Nights logo no início, onde Danny e Sandy contam aos amigos suas férias. A composição cênica dessa cena é muito boa. Desde a postura machista de Danny e os amigos em uma arquibancada de futebol. Até a meiguice de Sandy contrastando com diversas reações e interesses das meninas no pátio do refeitório. A posição de Rizzo também já é marcada em cena, sendo a única de preto em cena e que fala coisas desagradáveis como "deve ter sido um saco".
Falando nessa música, o elenco do filme se reencontrou em 2010 em um show de Olivia Newton-John e não deixa de ser divertido e emocionante vê-los em cena. Uma pena que o cinegrafista não estava tão bem ensaiado e perdeu quase todos os momentos da música, mostrando mais reações e esperar que cantos. Mas, funciona como reencontro nostálgico. Interessante a felicidade de todos no palco. Uma verdadeira diversão.
E claro, não poderia deixar de citar o número final de Danny e Sandy, com You're the one that I want. Na verdade é o penúltimo, já que todos ainda cantam We Go Together com aquele final meio nonsense deles indo para o céu... Mas, You're the one that I want é mesmo o grande hit e também reafirmação da postura "greaser" do filme. Afinal, a mocinha pura se transformou para ficar com o seu príncipe encantado torto. Isso é tão sintomático que a capa do DVD é com eles dois nesse figurino final.
Sandy em um modelito de couro preto, super apertado, com cabelo em permanente e com um cigarro na boca chega para desafiar o assustado Danny que estava tentando se transformar no bom moço esportista para agradá-la. A dança pelo parque de diversão tem momentos memoráveis como ela sem saber o que fazer e as meninas mandando apagar o cigarro de forma sensual, coisa que ela não faz exatamente bem. Mas, no resto, é outra mulher. A cena em que eles se aproximam de uma placa com os dizeres Danger Ahead, por exemplo, é bastante simbólica. Ou quando se sacodem ao som do refrão em um brinquedo que chama Shake.
No mesmo show em que o elenco relembrou as "Summer Nights", John Travolta tentou repetir o dueto com Newton-John nessa segunda música, sua voz não consegue chegar tão bem ao refrão, mas também ficou um momento de emoção para os fãs do filme.
Porque, no final, Grease é isso. Um filme para se divertir e cantar sem tantas preocupações ou senso crítico. E mesmo hoje, continua divertido.
Um filme tão icônico que preferi fazer um texto especial em vez de uma crítica. Vale mais matar saudades que analisar tecnicamente. Então, cuidado com os spoilers, pois terão vários.
Baseado em um musical da Broadway, a trama é bastante simples, quase tola. Ambientada nos anos 50, mostra a confusa história de amor entre Sandy e Danny que se apaixonaram nas férias, mas ao se reencontrar no colégio onde o rapaz é o líder de uma turma de bad boys vão ter que enfrentar os costumes e preconceitos da época.
O filme retrata bem essa juventude em conflito, quando a liberdade sexual ainda não tinha feito sua revolução e os estereótipos eram mais fortes em cada grupo. Inclusive no nome do filme Grease que vem da brilhantina usada no cabelo dos jovens rebeldes de uma classe social mais baixa na época, os greasers.
Danny pertence a esse grupo e sua postura fica muito clara em comparação aos outros grupos de rapazes do colégio, como os esportistas ou a gangue rival. Já Sandy vem de uma família rica, morava na Austrália e tem todos os trejeitos de boa moça, educada. Não bebe, não fuma, não fala palavrão, como zomba Rizzo em determinado momento do filme. A cena de abertura de Grease, inclusive, retrata Sandy como uma Cinderela com direito a bichinhos a ajudando a se arrumar.
Em oposição a Sandy, temos Rizzo, a líder das "rosas". Uma mulher a frente do seu tempo, autêntica e que não tem pudores em se entregar a um homem, o que a faz muitas vezes ser mal vista. A cena em que ela canta "There Are Worse Things I Could Do", é uma das mais interessantes de Grease, por mostrar exatamente essa sociedade de aparências e falsa moral dos anos 50.
Nesta cena, ela ainda acredita estar grávida e virou alvo fácil de fofocas no colégio. Sandy, mesmo sempre sendo alvo de sua rixa, lhe oferece ajuda. Mas, ela apenas agradece anda pelo pátio, pensando em suas opções e nas das mulheres em geral daquela época. Engraçado que alguns ainda a vejam como vilã.
Mas, o que marcou Grease foi mesmo os seus números musicais mais famosos. Como Summer Nights logo no início, onde Danny e Sandy contam aos amigos suas férias. A composição cênica dessa cena é muito boa. Desde a postura machista de Danny e os amigos em uma arquibancada de futebol. Até a meiguice de Sandy contrastando com diversas reações e interesses das meninas no pátio do refeitório. A posição de Rizzo também já é marcada em cena, sendo a única de preto em cena e que fala coisas desagradáveis como "deve ter sido um saco".
Falando nessa música, o elenco do filme se reencontrou em 2010 em um show de Olivia Newton-John e não deixa de ser divertido e emocionante vê-los em cena. Uma pena que o cinegrafista não estava tão bem ensaiado e perdeu quase todos os momentos da música, mostrando mais reações e esperar que cantos. Mas, funciona como reencontro nostálgico. Interessante a felicidade de todos no palco. Uma verdadeira diversão.
E claro, não poderia deixar de citar o número final de Danny e Sandy, com You're the one that I want. Na verdade é o penúltimo, já que todos ainda cantam We Go Together com aquele final meio nonsense deles indo para o céu... Mas, You're the one that I want é mesmo o grande hit e também reafirmação da postura "greaser" do filme. Afinal, a mocinha pura se transformou para ficar com o seu príncipe encantado torto. Isso é tão sintomático que a capa do DVD é com eles dois nesse figurino final.
Sandy em um modelito de couro preto, super apertado, com cabelo em permanente e com um cigarro na boca chega para desafiar o assustado Danny que estava tentando se transformar no bom moço esportista para agradá-la. A dança pelo parque de diversão tem momentos memoráveis como ela sem saber o que fazer e as meninas mandando apagar o cigarro de forma sensual, coisa que ela não faz exatamente bem. Mas, no resto, é outra mulher. A cena em que eles se aproximam de uma placa com os dizeres Danger Ahead, por exemplo, é bastante simbólica. Ou quando se sacodem ao som do refrão em um brinquedo que chama Shake.
No mesmo show em que o elenco relembrou as "Summer Nights", John Travolta tentou repetir o dueto com Newton-John nessa segunda música, sua voz não consegue chegar tão bem ao refrão, mas também ficou um momento de emoção para os fãs do filme.
Porque, no final, Grease é isso. Um filme para se divertir e cantar sem tantas preocupações ou senso crítico. E mesmo hoje, continua divertido.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Especial Grease: nos Tempos da Brilhantina
2014-07-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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