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Dudu Azevedo
Edu Santos
Felipe Joffily
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Henri Pagnoncelli
Leonardo Carvalho
Ódiquê?
Ódiquê?
Em seu primeiro longa-metragem Felipe Joffily chutou o balde na cara da sociedade tentando retratar uma juventude perdida e sem o menor senso de ética ou escrúpulos. Chega a ser irônico que seus filmes seguintes sejam as comédias Muita Calma Nessa Hora e E Aí, Comeu?.
A trama, ou o que quer que seja essa estrutura, se centra em três amigos, Tito, Dudu e Monet que estão planejando o Carnaval, mas precisam de dinheiro após a demissão de um deles do emprego. Para isso, irão se envolver em um esquema junto a um policial corrupto e um "playboy" que pode terminar muito mal.
A trama, na realidade, é o que menos importa nessa sucessão de esterótipos e ódio lançados ao vento. O que marca o filme é esse jogo cênico com uma caricatura exagerada do jovem, do carioca e da própria concepção de crime, classe média, classe alta e classe baixa. Os diálogos são carregados de gírias e cacoetes típicos em uma construção frenética que parece nos querer chocar.
A cena em que Tito, Dudu e Monet vão tirar satisfações com vendedores de drogas por terem enganado o primeiro ao vender folha de bananeira no lugar de maconha mostra bem essa sensação de falta de consequências. Atores de um baile desafinado em uma vida sem rumo ou regras. Mas, nenhuma outra é tão forte quanto a que o personagem de Cauã Reymond humilha um flanelinha criança e deficiente.
Cauã, por sinal, ainda jovem, em início de carreira, tem o personagem mais caricato. Tito é construído em estereótipos, sem muita coerência, agindo quase de forma bipolar a cada situação, entre a raiva e a pirraça. Explode facilmente, assim como joga com gírias e trejeitos exagerados. Não chega a ser um problema do ator, ainda que a imaturidade prejudique, mas é um problema de personagem mesmo. Assim como o Duda, personagem de Dudu Azevedo que por vezes parece infantil e por outras o mais maduro da turma. Mas, o líder é mesmo Monet, personagem de Alexandre Moretzsohn.
A construção do "oba oba" do início vai se tornando tensa e complexa à medida que os três vão construindo seu plano. Desde a arma que chega às mãos e quase acerta um amigo por erro, passando pela festa, o "sequestro" e todas as consequências. A inserção do personagem de Leonardo Carvalho, um garoto inconsequente da classe alta, filho de deputado se torna uma denúncia vazia e quase ingênua desse quadro que tentam pintar dos jovens dos anos 2000.
Falta uma discussão mais autêntica ou uma ação melhor construída. Do jeito que se apresenta, Ódiquê? é apenas um protótipo de ideias que poderiam ser desenvolvidas e que se ameniza com o golpe final. Um filme que serve mais para um exercício de linguagem e estilo de seu diretor, que começava promissor, provocativo, mas se rendeu ao caminho fácil das comédias tolas.
Ódiquê? (Ódiquê?, 2004 / Brasil)
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Guga Coelho
Com: Alexandre Moretzsohn, Cauã Reymond, Dudu Azevedo, Leonardo Carvalho, Cássia Kiss, Henri Pagnoncelli, Edu Santos
Duração: 90 min.
A trama, ou o que quer que seja essa estrutura, se centra em três amigos, Tito, Dudu e Monet que estão planejando o Carnaval, mas precisam de dinheiro após a demissão de um deles do emprego. Para isso, irão se envolver em um esquema junto a um policial corrupto e um "playboy" que pode terminar muito mal.
A trama, na realidade, é o que menos importa nessa sucessão de esterótipos e ódio lançados ao vento. O que marca o filme é esse jogo cênico com uma caricatura exagerada do jovem, do carioca e da própria concepção de crime, classe média, classe alta e classe baixa. Os diálogos são carregados de gírias e cacoetes típicos em uma construção frenética que parece nos querer chocar.
A cena em que Tito, Dudu e Monet vão tirar satisfações com vendedores de drogas por terem enganado o primeiro ao vender folha de bananeira no lugar de maconha mostra bem essa sensação de falta de consequências. Atores de um baile desafinado em uma vida sem rumo ou regras. Mas, nenhuma outra é tão forte quanto a que o personagem de Cauã Reymond humilha um flanelinha criança e deficiente.
Cauã, por sinal, ainda jovem, em início de carreira, tem o personagem mais caricato. Tito é construído em estereótipos, sem muita coerência, agindo quase de forma bipolar a cada situação, entre a raiva e a pirraça. Explode facilmente, assim como joga com gírias e trejeitos exagerados. Não chega a ser um problema do ator, ainda que a imaturidade prejudique, mas é um problema de personagem mesmo. Assim como o Duda, personagem de Dudu Azevedo que por vezes parece infantil e por outras o mais maduro da turma. Mas, o líder é mesmo Monet, personagem de Alexandre Moretzsohn.
A construção do "oba oba" do início vai se tornando tensa e complexa à medida que os três vão construindo seu plano. Desde a arma que chega às mãos e quase acerta um amigo por erro, passando pela festa, o "sequestro" e todas as consequências. A inserção do personagem de Leonardo Carvalho, um garoto inconsequente da classe alta, filho de deputado se torna uma denúncia vazia e quase ingênua desse quadro que tentam pintar dos jovens dos anos 2000.
Falta uma discussão mais autêntica ou uma ação melhor construída. Do jeito que se apresenta, Ódiquê? é apenas um protótipo de ideias que poderiam ser desenvolvidas e que se ameniza com o golpe final. Um filme que serve mais para um exercício de linguagem e estilo de seu diretor, que começava promissor, provocativo, mas se rendeu ao caminho fácil das comédias tolas.
Ódiquê? (Ódiquê?, 2004 / Brasil)
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Guga Coelho
Com: Alexandre Moretzsohn, Cauã Reymond, Dudu Azevedo, Leonardo Carvalho, Cássia Kiss, Henri Pagnoncelli, Edu Santos
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Ódiquê?
2014-07-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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