
A trama, ou o que quer que seja essa estrutura, se centra em três amigos, Tito, Dudu e Monet que estão planejando o Carnaval, mas precisam de dinheiro após a demissão de um deles do emprego. Para isso, irão se envolver em um esquema junto a um policial corrupto e um "playboy" que pode terminar muito mal.

A cena em que Tito, Dudu e Monet vão tirar satisfações com vendedores de drogas por terem enganado o primeiro ao vender folha de bananeira no lugar de maconha mostra bem essa sensação de falta de consequências. Atores de um baile desafinado em uma vida sem rumo ou regras. Mas, nenhuma outra é tão forte quanto a que o personagem de Cauã Reymond humilha um flanelinha criança e deficiente.

A construção do "oba oba" do início vai se tornando tensa e complexa à medida que os três vão construindo seu plano. Desde a arma que chega às mãos e quase acerta um amigo por erro, passando pela festa, o "sequestro" e todas as consequências. A inserção do personagem de Leonardo Carvalho, um garoto inconsequente da classe alta, filho de deputado se torna uma denúncia vazia e quase ingênua desse quadro que tentam pintar dos jovens dos anos 2000.
Falta uma discussão mais autêntica ou uma ação melhor construída. Do jeito que se apresenta, Ódiquê? é apenas um protótipo de ideias que poderiam ser desenvolvidas e que se ameniza com o golpe final. Um filme que serve mais para um exercício de linguagem e estilo de seu diretor, que começava promissor, provocativo, mas se rendeu ao caminho fácil das comédias tolas.
Ódiquê? (Ódiquê?, 2004 / Brasil)
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Guga Coelho
Com: Alexandre Moretzsohn, Cauã Reymond, Dudu Azevedo, Leonardo Carvalho, Cássia Kiss, Henri Pagnoncelli, Edu Santos
Duração: 90 min.