Devolução 24h
Qual foi a última vez que você foi a uma vídeo locadora? E qual a frequência com que loca um filme? As novas tecnologias trouxeram muitas melhorias para a vida de todo cinéfilo, mas uma coisa sofreu e ainda sofre muito com os avanços dos novos tempos.
As vídeos locadoras são quase locais em extinção. Uma pena. Mais do que um espaço para locar filmes, elas eram redutos de encontro de cinéfilos, locais para trocar ideias sobre filmes, dar dicas de raridades vindas de diversas partes do mundo, conhecer pessoas com os mesmos gostos que o seu.
Hoje esse espaço se muda, cada vez mais, para internet. Fóruns, grupos, blogs, redes sociais são um paliativo da troca física. E a pirataria e facilidade de encontrar filmes na web tornaram a ida às locadoras algo realmente raro.
Pensando nisso, Maurício Lídio e Leonardo Parente fizeram o documentário Devolução 24h. O curta-metragem é bastante simples, composto apenas por depoimentos diretos, mas traz em voga esse tema tão caro aos cinéfilos e que poderia render muito mais do que quinze minutos.
Entrevistando quatro donos de locadora, um ex-funcionário de uma delas e dois clientes, o filme fala sobre os tempos áureos das lojas, as mudanças com o tempo e as dificuldades com os tempos atuais. É interessante ver que, entre os depoentes, apenas um está fechando as portas e ainda há os que resistem, mesmo em locadoras de bairro. É o vínculo emocional, mas do que a necessidade de procurar um filme.
"Muitos clientes meus têm TV a Cabo, tem internet banda larga, mas gostam de vir aqui", diz um deles. É uma troca, um ponto de encontro, um espaço para discutir filmes, eles explicam. Porque no fundo é, mesmo quando se precisava locar filmes.
Quando os primeiros vídeo cassetes chegaram ao Brasil, foi uma felicidade. Antes deles para ver um filme era preciso ele estar no cinema ou aguardar passar na televisão. Ter um acervo de milhares de títulos à sua disposição era um sonho. Com os DVDs, essa tecnologia melhorou, não era preciso mais sofrer com fitas que corriam o risco de embolar, ter que rebobinar ou escolher entre a fita dublada ou legendada. Mas, com ele também veio a pirataria e tudo só tendeu a piorar com os anos.
Hoje as opções são infinitas, inclusive com sites legalizados para se ver filmes. As vídeo locadoras se tornaram quase museus. "É como ver uma biblioteca se fechando", diz um dos entrevistados. Tem um pouco desse significado. Um espaço cultural onde filmes diversos estão em exposição e à disposição de todos. Mas, mais do que isso, é essa troca física que se vai. O que é uma pena. Todos têm alguma história em locadoras de bairro ou grandes megastores.
Era divertido chegar à locadora e o balconista já te conhecer, saber seu gosto e indicar algo novo. Era bacana essa troca com outros clientes também. E é bom ver que ainda há pessoas que resistem às facilidades tecnológicas mantendo esse hábito, como vemos no documentário. Ter locadoras que não fecharam, nem pensam em fechar, é uma boa notícia. Notícia de que a cinefilia ainda está aí, pelas ruas. E que ainda há um prazer especial em ter um DVD nas mãos, conversar com outras pessoas sobre ele, manter viva essa troca.
Pensando no público cinéfilo e observando as disponibilidades na web, penso que uma opção seria que os DVDs de locação deixassem de ser simples e tivesse mais opções de extras. Eles são mais difíceis de encontrar e agregam um valor a mais ao produto, principalmente para os que amam o cinema. Mas, esse é apenas um pensamento que surgiu em minha mente, enquanto via o filme.
Confiram:
Devolução 24h (Brasil, 2014)
Direção: Maurício Lídio e Leonardo Parente
Roteiro: Maurício Lídio
Duração: 15 min.
As vídeos locadoras são quase locais em extinção. Uma pena. Mais do que um espaço para locar filmes, elas eram redutos de encontro de cinéfilos, locais para trocar ideias sobre filmes, dar dicas de raridades vindas de diversas partes do mundo, conhecer pessoas com os mesmos gostos que o seu.
Hoje esse espaço se muda, cada vez mais, para internet. Fóruns, grupos, blogs, redes sociais são um paliativo da troca física. E a pirataria e facilidade de encontrar filmes na web tornaram a ida às locadoras algo realmente raro.
Pensando nisso, Maurício Lídio e Leonardo Parente fizeram o documentário Devolução 24h. O curta-metragem é bastante simples, composto apenas por depoimentos diretos, mas traz em voga esse tema tão caro aos cinéfilos e que poderia render muito mais do que quinze minutos.
Entrevistando quatro donos de locadora, um ex-funcionário de uma delas e dois clientes, o filme fala sobre os tempos áureos das lojas, as mudanças com o tempo e as dificuldades com os tempos atuais. É interessante ver que, entre os depoentes, apenas um está fechando as portas e ainda há os que resistem, mesmo em locadoras de bairro. É o vínculo emocional, mas do que a necessidade de procurar um filme.
"Muitos clientes meus têm TV a Cabo, tem internet banda larga, mas gostam de vir aqui", diz um deles. É uma troca, um ponto de encontro, um espaço para discutir filmes, eles explicam. Porque no fundo é, mesmo quando se precisava locar filmes.
Quando os primeiros vídeo cassetes chegaram ao Brasil, foi uma felicidade. Antes deles para ver um filme era preciso ele estar no cinema ou aguardar passar na televisão. Ter um acervo de milhares de títulos à sua disposição era um sonho. Com os DVDs, essa tecnologia melhorou, não era preciso mais sofrer com fitas que corriam o risco de embolar, ter que rebobinar ou escolher entre a fita dublada ou legendada. Mas, com ele também veio a pirataria e tudo só tendeu a piorar com os anos.
Hoje as opções são infinitas, inclusive com sites legalizados para se ver filmes. As vídeo locadoras se tornaram quase museus. "É como ver uma biblioteca se fechando", diz um dos entrevistados. Tem um pouco desse significado. Um espaço cultural onde filmes diversos estão em exposição e à disposição de todos. Mas, mais do que isso, é essa troca física que se vai. O que é uma pena. Todos têm alguma história em locadoras de bairro ou grandes megastores.
Era divertido chegar à locadora e o balconista já te conhecer, saber seu gosto e indicar algo novo. Era bacana essa troca com outros clientes também. E é bom ver que ainda há pessoas que resistem às facilidades tecnológicas mantendo esse hábito, como vemos no documentário. Ter locadoras que não fecharam, nem pensam em fechar, é uma boa notícia. Notícia de que a cinefilia ainda está aí, pelas ruas. E que ainda há um prazer especial em ter um DVD nas mãos, conversar com outras pessoas sobre ele, manter viva essa troca.
Pensando no público cinéfilo e observando as disponibilidades na web, penso que uma opção seria que os DVDs de locação deixassem de ser simples e tivesse mais opções de extras. Eles são mais difíceis de encontrar e agregam um valor a mais ao produto, principalmente para os que amam o cinema. Mas, esse é apenas um pensamento que surgiu em minha mente, enquanto via o filme.
Confiram:
Devolução 24h (Brasil, 2014)
Direção: Maurício Lídio e Leonardo Parente
Roteiro: Maurício Lídio
Duração: 15 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Devolução 24h
2014-08-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema baiano|critica|curtas|documentario|Leonardo Parente|Maurício Lídio|
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