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Feitiço do Tempo
Feitiço do Tempo
Um filme que não canso de assistir é Feitiço do Tempo. Uma história simples, uma comédia romântica cheia de clichês, bobo até, mas divertido e envolvente como poucos.
A história mesmo quem nunca viu o filme sabe. É o Dia da Marmota, e o repórter do tempo Phil Connors vai à pequena cidade de Punxsutawney para acompanhar o evento. Mas, algo misterioso acontece e Phil começa a reviver o mesmo dia incontáveis vezes, ficando preso em seu maior pesadelo. Mas, também tendo a oportunidade de aprender e se tornar uma pessoa melhor.
O roteiro é nonsense, da mesma forma que a festa da Marmota. Afinal, aguardar todo dois de fevereiro para ver se uma animalzinho, ao sair de sua toca, irá prever se o inverno acabará ou durará mais seis semanas não tem lógica. O porquê de Phil ficar preso naquele dia é um mistério. Não há explicação científica, talvez uma metáfora emocional. Mas, o filme não se preocupa muito com isso.
A trama se baseia no carisma de Bill Murray que sempre parece fazer esse rabugento de bom coração. O personagem já tinha sido lapidado por uma experiência fantástica na comédia Os Fantasmas Contra-Atacam. E aqui, a repetição do dia o vai moldando. Assim como a paixão que vai despertando por Rita, personagem de Andie MacDowell.
As personas são bastante estereotipadas, Rita, por exemplo, é uma mulher certinha ao extremo. Quando ela diz que costuma brindar pela "paz mundial", percebe-se que a ironia é uma dose forte na trama. Phil é um fracassado, que se sente mal pelo trabalho que faz e por ser escalado todo ano para acompanhar uma festa que odeia. Ele queria mesmo era ser um astro admirado.
A construção da apresentação do personagem é bem feita, com seu quadro do tempo no jornal. A âncora deixa claro a situação constrangedora que é, para ele, aquela reportagem em Punxsutawney. Na cidade, os detalhes também vão construindo melhor a personalidade de Phil, seu sentimento de fracasso e as ironias da vida, como o ex-colega de colégio.
Tudo vai sendo exageradamente marcado para nos mostrar as pequenas mudanças, inclusive com o destino de um certo mendigo. Tanto os momentos de revolta quanto os de aprendizados de Phil são divertidos de acompanhar. A cena da perseguição da polícia, as aulas de piano, o garoto que cai da árvore, o ex-colega, o mendigo. Tudo vai sendo construído em experiências únicas que vão tornando Phil um ser humano melhor. Não apenas por repetir a exaustão as possibilidades, mas por aprender a deixar de olhar apenas para si e olhar para o outro.
Harold Ramis, uma das perdas do cinema deste ano, nos apresenta um filme agradável, dando o ritmo exato entre a comédia e o melodrama. O ator e diretor faz inclusive uma participação no filme como um dos médicos que atende Phil em sua crise de repetição diária. É sempre nostálgico ver os dois juntos na tela. Impossível não lembrar de Os Caça Fantasmas.
Feitiço do Tempo é um filme despretensioso. Divertido e envolvente, marcou uma época e foi repetido a exaustão na televisão em uma quase metáfora do Dia da Marmota em seu ciclo aparentemente infinito. Daqueles para conferir quando se quer divertir e nada mais, ainda que tenha suas lições de vida.
Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993 / EUA)
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Danny Rubin, Harold Ramis
Com: Bill Murray, Andie MacDowell, Chris Elliott
Duração: 101 min.
A história mesmo quem nunca viu o filme sabe. É o Dia da Marmota, e o repórter do tempo Phil Connors vai à pequena cidade de Punxsutawney para acompanhar o evento. Mas, algo misterioso acontece e Phil começa a reviver o mesmo dia incontáveis vezes, ficando preso em seu maior pesadelo. Mas, também tendo a oportunidade de aprender e se tornar uma pessoa melhor.
O roteiro é nonsense, da mesma forma que a festa da Marmota. Afinal, aguardar todo dois de fevereiro para ver se uma animalzinho, ao sair de sua toca, irá prever se o inverno acabará ou durará mais seis semanas não tem lógica. O porquê de Phil ficar preso naquele dia é um mistério. Não há explicação científica, talvez uma metáfora emocional. Mas, o filme não se preocupa muito com isso.
A trama se baseia no carisma de Bill Murray que sempre parece fazer esse rabugento de bom coração. O personagem já tinha sido lapidado por uma experiência fantástica na comédia Os Fantasmas Contra-Atacam. E aqui, a repetição do dia o vai moldando. Assim como a paixão que vai despertando por Rita, personagem de Andie MacDowell.
As personas são bastante estereotipadas, Rita, por exemplo, é uma mulher certinha ao extremo. Quando ela diz que costuma brindar pela "paz mundial", percebe-se que a ironia é uma dose forte na trama. Phil é um fracassado, que se sente mal pelo trabalho que faz e por ser escalado todo ano para acompanhar uma festa que odeia. Ele queria mesmo era ser um astro admirado.
A construção da apresentação do personagem é bem feita, com seu quadro do tempo no jornal. A âncora deixa claro a situação constrangedora que é, para ele, aquela reportagem em Punxsutawney. Na cidade, os detalhes também vão construindo melhor a personalidade de Phil, seu sentimento de fracasso e as ironias da vida, como o ex-colega de colégio.
Tudo vai sendo exageradamente marcado para nos mostrar as pequenas mudanças, inclusive com o destino de um certo mendigo. Tanto os momentos de revolta quanto os de aprendizados de Phil são divertidos de acompanhar. A cena da perseguição da polícia, as aulas de piano, o garoto que cai da árvore, o ex-colega, o mendigo. Tudo vai sendo construído em experiências únicas que vão tornando Phil um ser humano melhor. Não apenas por repetir a exaustão as possibilidades, mas por aprender a deixar de olhar apenas para si e olhar para o outro.
Harold Ramis, uma das perdas do cinema deste ano, nos apresenta um filme agradável, dando o ritmo exato entre a comédia e o melodrama. O ator e diretor faz inclusive uma participação no filme como um dos médicos que atende Phil em sua crise de repetição diária. É sempre nostálgico ver os dois juntos na tela. Impossível não lembrar de Os Caça Fantasmas.
Feitiço do Tempo é um filme despretensioso. Divertido e envolvente, marcou uma época e foi repetido a exaustão na televisão em uma quase metáfora do Dia da Marmota em seu ciclo aparentemente infinito. Daqueles para conferir quando se quer divertir e nada mais, ainda que tenha suas lições de vida.
Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993 / EUA)
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Danny Rubin, Harold Ramis
Com: Bill Murray, Andie MacDowell, Chris Elliott
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Feitiço do Tempo
2014-08-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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