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Vestido Pra Casar
Vestido Pra Casar
Quando entrevistei o diretor Gerson Sanginitto no lançamento de seu primeiro longa-metragem, Area Q, fiquei animada com sua vontade de fazer um cinema diferente do que víamos por aqui. Se dizendo influenciado pelo cinema de Steven Spielberg, ele buscava novos caminhos, ficção científica, ainda que com uma questão espiritual forte. Mas, parece que a questão comercial o enquadrou em mais uma comédia vazia.
Vestido Pra Casar é o típico filme que falta consistência. Um roteiro absurdo que se baseia simplesmente em uma sucessão de gags para Leandro Hassum explorar os mesmos tipos e tiques que tem feito nos últimos trabalhos. Acaba perdendo a graça, ou mesmo o sentido. É difícil diferenciar seus personagens, nos dando a sensação de ver mais do mesmo.
A trama se baseia em um quadro inusitado. O personagem de Hassum, Fernando, rasga sem querer o vestido de uma ex-BBB, mulher de um senador no dia em que vai buscar sua noiva no aeroporto para o casamento. A vestimenta da moça era uma peça exclusiva de um estilista famoso e, como estava acompanhada do amante e ainda foi flagrada pela câmera de um paparazzi, ela precisa de outro para retornar à casa, impecável.
Começa, então, uma saga absurda de Fernando em busca do tal vestido enquanto tenta tapear a noiva e sua família fingindo estar passando por todas as etapas do casamento, que incluem o cartório, a festa e a noite de núpcias. E nessa jornada vamos sendo "presenteados" com bordões repetitivos "este casamento está acabado", "primo pode" e outras bobagens que tornam tudo uma sensação ainda maior de déjà vù.
Acho que a coisa mais sensata que ouvimos durante a projeção é uma frase de Hassum que diz em uma discussão "essa conversa está sem sentido". Não é só a conversa, tudo parece sem sentido no filme. Por mais que se dê um desconto para a liberdade criativa, é difícil comprar a maioria das situações. Tudo parece nonsense demais e, o pior, não consegue cumprir sua principal função que é o riso.
O elenco tem qualidades, mas fica preso em personagens estereotipados e forçados, não conseguindo fluir a graça naturalmente. Alguns atores parecem desconfortáveis em seus papéis como a atriz Fernanda Rodrigues que faz a noiva Narinha. Eliezer Motta constrói um irritante contador, que apesar de ser um dos poucos que faz graça, acaba cansando pela gag repetitiva. A única personagem que parece funcionar bem em cena é Julia Rabello, ainda que sem tanta graça, passa verdade em seu personagem e suas situações.
Leandro Hassum é um bom ator, um ótimo comediante, tem raciocínio rápido, mas ele parece ter se prendido a um tipo único que se repete em todos os filmes. Isso funcionou com alguns comediantes no passado, inclusive o ídolo dele Jerry Lewis. Mas, a comédia mudou, a dinâmica é outra e repetir sempre o mesmo tipo, cansa. Além do mais, é preciso ter o entorno construído para esse tipo funcionar. E aqui, simplesmente, não funciona.
Vestido Pra Casar é uma comédia frágil, onde nada parece ter sentido de ser. Mesmo o riso pelo riso falha, em meio a sucessão de absurdos que vemos em cena. Uma pena que uma reunião de talentos resulte em algo tão pouco embasado.
Vestido Pra Casar (Vestido Pra Casar, 2014 / Brasil)
Direção: Gerson Sanginitto, Paulo Aragão
Roteiro: Cláudio Torres Gonzaga, Celso Taddei, Audemir Leuzinger
Com: Leandro Hassum, Fernanda Rodrigues, Catarina Abdala, Mariana Brassaroto, Érico Brás, Cláudio Tovar, Julia Rabello, Renata Dominguez, Ricardo Conti, André Mattos, Marcos Veras
Duração: 101 min.
Vestido Pra Casar é o típico filme que falta consistência. Um roteiro absurdo que se baseia simplesmente em uma sucessão de gags para Leandro Hassum explorar os mesmos tipos e tiques que tem feito nos últimos trabalhos. Acaba perdendo a graça, ou mesmo o sentido. É difícil diferenciar seus personagens, nos dando a sensação de ver mais do mesmo.
A trama se baseia em um quadro inusitado. O personagem de Hassum, Fernando, rasga sem querer o vestido de uma ex-BBB, mulher de um senador no dia em que vai buscar sua noiva no aeroporto para o casamento. A vestimenta da moça era uma peça exclusiva de um estilista famoso e, como estava acompanhada do amante e ainda foi flagrada pela câmera de um paparazzi, ela precisa de outro para retornar à casa, impecável.
Começa, então, uma saga absurda de Fernando em busca do tal vestido enquanto tenta tapear a noiva e sua família fingindo estar passando por todas as etapas do casamento, que incluem o cartório, a festa e a noite de núpcias. E nessa jornada vamos sendo "presenteados" com bordões repetitivos "este casamento está acabado", "primo pode" e outras bobagens que tornam tudo uma sensação ainda maior de déjà vù.
Acho que a coisa mais sensata que ouvimos durante a projeção é uma frase de Hassum que diz em uma discussão "essa conversa está sem sentido". Não é só a conversa, tudo parece sem sentido no filme. Por mais que se dê um desconto para a liberdade criativa, é difícil comprar a maioria das situações. Tudo parece nonsense demais e, o pior, não consegue cumprir sua principal função que é o riso.
O elenco tem qualidades, mas fica preso em personagens estereotipados e forçados, não conseguindo fluir a graça naturalmente. Alguns atores parecem desconfortáveis em seus papéis como a atriz Fernanda Rodrigues que faz a noiva Narinha. Eliezer Motta constrói um irritante contador, que apesar de ser um dos poucos que faz graça, acaba cansando pela gag repetitiva. A única personagem que parece funcionar bem em cena é Julia Rabello, ainda que sem tanta graça, passa verdade em seu personagem e suas situações.
Leandro Hassum é um bom ator, um ótimo comediante, tem raciocínio rápido, mas ele parece ter se prendido a um tipo único que se repete em todos os filmes. Isso funcionou com alguns comediantes no passado, inclusive o ídolo dele Jerry Lewis. Mas, a comédia mudou, a dinâmica é outra e repetir sempre o mesmo tipo, cansa. Além do mais, é preciso ter o entorno construído para esse tipo funcionar. E aqui, simplesmente, não funciona.
Vestido Pra Casar é uma comédia frágil, onde nada parece ter sentido de ser. Mesmo o riso pelo riso falha, em meio a sucessão de absurdos que vemos em cena. Uma pena que uma reunião de talentos resulte em algo tão pouco embasado.
Vestido Pra Casar (Vestido Pra Casar, 2014 / Brasil)
Direção: Gerson Sanginitto, Paulo Aragão
Roteiro: Cláudio Torres Gonzaga, Celso Taddei, Audemir Leuzinger
Com: Leandro Hassum, Fernanda Rodrigues, Catarina Abdala, Mariana Brassaroto, Érico Brás, Cláudio Tovar, Julia Rabello, Renata Dominguez, Ricardo Conti, André Mattos, Marcos Veras
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Vestido Pra Casar
2014-08-02T09:01:00-03:00
Amanda Aouad
André Mattos|cinema brasileiro|comedia|critica|Érico Brás|Fernanda Rodrigues|filme brasileiro|Gerson Sanginitto|Julia Rabello|Leandro Hassum|Marcos Veras|Paulo Aragão|Renata Dominguez|
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