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Magia ao Luar
Magia ao Luar
Woody Allen é um artista impressionante. Conseguir realizar um filme por ano, com qualidade, é para poucos. Não acerta completamente em todos, é verdade. Mas, seus filmes sempre tem algo de interessante a se ressaltar. Magia ao Luar não é diferente. Um filme com altos e baixos, que traz uma metáfora da própria essência do diretor.
Um mágico famoso é contratado para desmascarar uma jovem e bela médium que está envolvendo uma família de milionários no sul da França. Um cético inveterado, ele vai sendo seduzido aos poucos pelo charme e pelos supostos poderes da moça.
Uma comédia irônica, com o típico humor ácido de Woody Allen e uma certa melancolia que Colin Firth parece encarnar do próprio cineasta. Aquele tom meio ingênuo e complexo ao mesmo tempo, fascinado e ao mesmo tempo fechado ao universo feminino. E em crise de consciência.
Através do ceticismo em relação ao além e os poderes de comunicação de Sophie, temos mais do que uma discussão religiosa ou mesmo filosófica sobre o tema. O que importa ali é a encenação e a capacidade de construir ilusões. Tal qual o cinema faz. Parece uma mea culpa de Allen em relação ao seu dom de iludir. Isso justifica o tom meio nonsense das próprias sessões e da crença alheia, a coletiva de imprensa, a mise-en-scène.
Mas, ao mesmo tempo, tudo se torna tolo, pela forma pouco inspirada com a qual Woody Allen vai conduzindo a trama em seus pontos de virada. A cena na casa da tia Vanessa chega a ser tola em sua resolução rápida e pobre. Difícil de acreditar em uma mudança tão profunda daquela maneira simples. Da mesma maneira que a cena da reza é o reverso também abrupto.
Não que os acontecimentos fossem impossíveis de ganhar o rumo apresentado. Mas, há precipitação em muitos detalhes e a fábula se torna um grande conto de fadas mal resolvido. Como se tudo resolvesse de fato com mágica.
Magia ao Luar demonstra que Woody Allen parece também mais amargo e sem paciência para as trivialidades da vida. Como se não acreditasse mais no sentido de seu próprio trabalho. Ou até no sentido da vida. E queira, desesperadamente, encontrar alguma inspiração que o faça mudar seu ponto de vista, mas também é cético quanto a possibilidade disso.
De qualquer maneira, é um filme Woodialiano de ser. Apesar de algumas precipitações, possui um texto inteligente, irônico e divertido. Com boas atuações e uma direção correta. Não entra para o hall de suas pérolas, mas não é um filme ruim.
Magia ao Luar (Magic in the Moonlight, 2014 / EUA)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Antonia Clarke, Natasha Andrews
Duração: 97 min.
Um mágico famoso é contratado para desmascarar uma jovem e bela médium que está envolvendo uma família de milionários no sul da França. Um cético inveterado, ele vai sendo seduzido aos poucos pelo charme e pelos supostos poderes da moça.
Uma comédia irônica, com o típico humor ácido de Woody Allen e uma certa melancolia que Colin Firth parece encarnar do próprio cineasta. Aquele tom meio ingênuo e complexo ao mesmo tempo, fascinado e ao mesmo tempo fechado ao universo feminino. E em crise de consciência.
Através do ceticismo em relação ao além e os poderes de comunicação de Sophie, temos mais do que uma discussão religiosa ou mesmo filosófica sobre o tema. O que importa ali é a encenação e a capacidade de construir ilusões. Tal qual o cinema faz. Parece uma mea culpa de Allen em relação ao seu dom de iludir. Isso justifica o tom meio nonsense das próprias sessões e da crença alheia, a coletiva de imprensa, a mise-en-scène.
Mas, ao mesmo tempo, tudo se torna tolo, pela forma pouco inspirada com a qual Woody Allen vai conduzindo a trama em seus pontos de virada. A cena na casa da tia Vanessa chega a ser tola em sua resolução rápida e pobre. Difícil de acreditar em uma mudança tão profunda daquela maneira simples. Da mesma maneira que a cena da reza é o reverso também abrupto.
Não que os acontecimentos fossem impossíveis de ganhar o rumo apresentado. Mas, há precipitação em muitos detalhes e a fábula se torna um grande conto de fadas mal resolvido. Como se tudo resolvesse de fato com mágica.
Magia ao Luar demonstra que Woody Allen parece também mais amargo e sem paciência para as trivialidades da vida. Como se não acreditasse mais no sentido de seu próprio trabalho. Ou até no sentido da vida. E queira, desesperadamente, encontrar alguma inspiração que o faça mudar seu ponto de vista, mas também é cético quanto a possibilidade disso.
De qualquer maneira, é um filme Woodialiano de ser. Apesar de algumas precipitações, possui um texto inteligente, irônico e divertido. Com boas atuações e uma direção correta. Não entra para o hall de suas pérolas, mas não é um filme ruim.
Magia ao Luar (Magic in the Moonlight, 2014 / EUA)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver, Antonia Clarke, Natasha Andrews
Duração: 97 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Magia ao Luar
2014-09-01T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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