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Rio, Eu Te Amo
Rio, Eu Te Amo
Seguindo o mesmo formato de Paris, Eu Te Amo e Nova York, Eu Te Amo, Rio, Eu Te amo, traz um leque de cineastas em curtas que traduzem suas visões da cidade maravilhosa.
Ao contrário dos demais, a versão sobre a cidade brasileira tenta unir todos os curtas em uma única linha temporal, colocando no mesmo universo obras bem distintas, o que cria um certo estranhamento, principalmente quando vemos o fragmento do diretor Im Sang Soo, O Vampiro do Rio. A primeira cena de Tonico Pereira é observando a personagem de Bruna Linzmeyer na praia, deixando claro estarem todos no mesmo universo, e o que acontece depois, com direito a um desfile de escola de samba estilizado, soa forçado.
Aliás, o estereótipo ao retratar o Rio de Janeiro continua permeando boa parte das tramas. Praia, mulheres, festa, paisagens turísticas. Não que cada um desses temas não pudessem existir, mas trazer um pouco mais da realidade de cada esquina daquela cidade poderia ser mais interessante. Vide a cena em que Cláudia Abreu vai à Lapa, ainda que o samba tome conta do cenário mais uma vez.
A visão da pobreza poética dos fragmentos de Andrucha Waddington com Dona Fulana e de Nadine Labaki com O Milagre, podem soar fora do tempo também. Como se fosse positivo viver nas ruas, como mendigo, em favor da liberdade. A personagem de Fernanda Montenegro pode ser simpática, até pelo carisma e talento da atriz, mas tudo soa forçado demais. Da mesma forma que ver uma criança de rua esperando o telefonema de Jesus e acompanhar a resolução daquela história forçada.
É como se os problemas do Rio de Janeiro como uma cidade grande de um país subdesenvolvido fossem retirados do filme, mascarando com poesias ingênuas que não cabem na realidade atual. O único curta que acaba citando as mazelas da cidade é o de José Padilha, onde vemos Wagner Moura em uma asa delta xingando a estátua do Cristo Redentor. Mas, até aqui, a crítica soa infantil e tola, principalmente porque o motivador do ato é um fora que ele toma da namorada.
Fernando Meirelles opta pelo fragmento mais estético de todos, através de um escultor de areia em busca de sua Musa em um roteiro que não tem muito sentido, mas que é construído com planos detalhes de pés e com uma utilização de som instigante que nos deixa envolvidos com o drama do protagonista. Da mesma forma que o de Carlos Saldanha, onde um casal de bailarinos dança no palco por trás de um pano branco onde vemos apenas suas sombras, também é bonito de ver.
A opção em tentar ligar todas as tramas, faz da história da personagem de Cláudia Abreu a mais fragmentada e estranha de acompanhar. É sobre nada e sobre tudo ao mesmo tempo. Ela é a intérprete do ator vivido por Harvey Keitel, é a ex-namorada do taxista que leva dois personagens distintos, é a professora de inglês de outros, outra ex do marido da musa e a mulher que está no bar ao lado do personagem de Rodrigo Santoro. Fica faltando a sua história de fato, com algo a ser desenvolvido.
No final das contas, Rio, Eu Te Amo poderia ter sido muito mais. Uma cidade que inspira a tantos, acabou construindo histórias clichês, estereotipadas, com pouca emoção ou criatividade. Principalmente ao tentar unir todas elas por um único fio narrativo. Muita coisa soa estranha. Mas, ironicamente, o Rio de Janeiro continua lindo.
Rio, Eu Te Amo (2014, Brasil / EUA)
Direção: César Charlone, Vicente Amorim, Guillermo Arriaga, Stephan Elliott, Sang-soo Im, Nadine Labaki, Fernando Meirelles, José Padilha, Carlos Saldanha, Paolo Sorrentino, John Turturro, Andrucha Waddington
Roteiro: Fellipe Barbosa, Rodney El Haddad, Stephan Elliott, Sang-soo Im, Nadine Labaki, Chico Mattoso, Khaled Mouzannar, Antonio Prata, Carlos Saldanha, Elena Soarez, Paolo Sorrentino, John Turturro, Andrucha Waddington, Mauricio Zacharias
Com: Cláudia Abreu, Marcelo Serrado, Tonico Pereira, Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Ryan Kwanten, Harvey Keitel, Emily Mortimer, Nadine Labaki, Basil Hoffman
Duração: 93 min.
Ao contrário dos demais, a versão sobre a cidade brasileira tenta unir todos os curtas em uma única linha temporal, colocando no mesmo universo obras bem distintas, o que cria um certo estranhamento, principalmente quando vemos o fragmento do diretor Im Sang Soo, O Vampiro do Rio. A primeira cena de Tonico Pereira é observando a personagem de Bruna Linzmeyer na praia, deixando claro estarem todos no mesmo universo, e o que acontece depois, com direito a um desfile de escola de samba estilizado, soa forçado.
Aliás, o estereótipo ao retratar o Rio de Janeiro continua permeando boa parte das tramas. Praia, mulheres, festa, paisagens turísticas. Não que cada um desses temas não pudessem existir, mas trazer um pouco mais da realidade de cada esquina daquela cidade poderia ser mais interessante. Vide a cena em que Cláudia Abreu vai à Lapa, ainda que o samba tome conta do cenário mais uma vez.
A visão da pobreza poética dos fragmentos de Andrucha Waddington com Dona Fulana e de Nadine Labaki com O Milagre, podem soar fora do tempo também. Como se fosse positivo viver nas ruas, como mendigo, em favor da liberdade. A personagem de Fernanda Montenegro pode ser simpática, até pelo carisma e talento da atriz, mas tudo soa forçado demais. Da mesma forma que ver uma criança de rua esperando o telefonema de Jesus e acompanhar a resolução daquela história forçada.
É como se os problemas do Rio de Janeiro como uma cidade grande de um país subdesenvolvido fossem retirados do filme, mascarando com poesias ingênuas que não cabem na realidade atual. O único curta que acaba citando as mazelas da cidade é o de José Padilha, onde vemos Wagner Moura em uma asa delta xingando a estátua do Cristo Redentor. Mas, até aqui, a crítica soa infantil e tola, principalmente porque o motivador do ato é um fora que ele toma da namorada.
Fernando Meirelles opta pelo fragmento mais estético de todos, através de um escultor de areia em busca de sua Musa em um roteiro que não tem muito sentido, mas que é construído com planos detalhes de pés e com uma utilização de som instigante que nos deixa envolvidos com o drama do protagonista. Da mesma forma que o de Carlos Saldanha, onde um casal de bailarinos dança no palco por trás de um pano branco onde vemos apenas suas sombras, também é bonito de ver.
A opção em tentar ligar todas as tramas, faz da história da personagem de Cláudia Abreu a mais fragmentada e estranha de acompanhar. É sobre nada e sobre tudo ao mesmo tempo. Ela é a intérprete do ator vivido por Harvey Keitel, é a ex-namorada do taxista que leva dois personagens distintos, é a professora de inglês de outros, outra ex do marido da musa e a mulher que está no bar ao lado do personagem de Rodrigo Santoro. Fica faltando a sua história de fato, com algo a ser desenvolvido.
No final das contas, Rio, Eu Te Amo poderia ter sido muito mais. Uma cidade que inspira a tantos, acabou construindo histórias clichês, estereotipadas, com pouca emoção ou criatividade. Principalmente ao tentar unir todas elas por um único fio narrativo. Muita coisa soa estranha. Mas, ironicamente, o Rio de Janeiro continua lindo.
Rio, Eu Te Amo (2014, Brasil / EUA)
Direção: César Charlone, Vicente Amorim, Guillermo Arriaga, Stephan Elliott, Sang-soo Im, Nadine Labaki, Fernando Meirelles, José Padilha, Carlos Saldanha, Paolo Sorrentino, John Turturro, Andrucha Waddington
Roteiro: Fellipe Barbosa, Rodney El Haddad, Stephan Elliott, Sang-soo Im, Nadine Labaki, Chico Mattoso, Khaled Mouzannar, Antonio Prata, Carlos Saldanha, Elena Soarez, Paolo Sorrentino, John Turturro, Andrucha Waddington, Mauricio Zacharias
Com: Cláudia Abreu, Marcelo Serrado, Tonico Pereira, Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Ryan Kwanten, Harvey Keitel, Emily Mortimer, Nadine Labaki, Basil Hoffman
Duração: 93 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Rio, Eu Te Amo
2014-09-12T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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