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Se Eu Ficar

Se Eu FicarO que vale a pena nessa vida? Amor? Carreira? Família? Só funcionaria se fosse tudo isso junto?

As questões da adolescência parecem ganhar ares cada vez mais melancólicos nas literaturas de sucesso da atualidade. Seja de maneira realista com uma doença terminal, como A Culpa é das Estrelas. Ou com doses de fantasia, a exemplo de uma paixão por um vampiro, em Crepúsculo, ou maldições como em Dezesseis Luas.

Se Eu Ficar não é diferente. Baseado no romance de Gayle Forman, a trama traz um casal e dilemas existenciais que questionam mais do que simplesmente o amor entre eles.

Se Eu FicarMia Hall é uma garota tímida, mas com um talento incrível para a música. Violoncelista promissora, ela se apaixona pelo jovem guitarrista de uma banda de rock, Adam. Mia vem de uma família de roqueiros, daqueles saídos de um cenário de Woodstock, que mudam de vida para criar melhor os filhos, mas sem perder a alma roqueira. O contraste da filha com aquele mundo e com o mundo de Adam é visível, mas ela começa a transitar entre eles, até que um acidente vai deixá-la em uma posição incômoda de ter que escolher entre morrer e viver.

Se Eu FicarA trama se constrói então em duas linhas temporais paralelas. Mia como um espírito vagando pelo hospital observando as consequências do acidente com a família e as pessoas que vão visitá-la. E seu passado que volta em lembranças que podem ajudar em sua decisão. Uma premissa interessante, mas que, em sua essência, não traz nada de tão novo ou inovador.

Mia e Adam são um casal bonitinho, com questões típicas da idade, mas não chegam a criar uma empatia tão forte que os tornem únicos em nossos corações. Após encantar o mundo com sua Hit Girl, Chloë Grace Moretz não mais nos deu algo que realmente convença, ainda que estivesse bem em Deixe-me Entrar. É uma atriz competente, mas não vai muito além. Já Jamie Blackley, que faz o Adam, não convence tanto, o que prejudica ainda mais o casal.

Se Eu FicarJá os pais de Mia, interpretados por Mireille Enos e Joshua Leonard constroem um casal repleto de carisma e peculiaridades. O passado desregrado deles, o contraste com a filha certinha, a vida ainda com ecos dos tempos antigos, tudo contribui para torná-los divertidos e envolventes. A cena em que interferem em uma conversa ao se revelar atrás da cortina, por exemplo, é ótima. É interessante porque eles não são simples estereótipos de roqueiros aposentados, há uma construção particular que os torna únicos. Talvez isso falte em Mia e principalmente em Adam.

De qualquer maneira, o filme vai construindo seu ritmo próprio onde os dois tempos funcionam bem. A forma como Mia vai e retorna ao acidente também é muito bem construída, demonstrando que ela está presa às suas emoções e não exatamente a um espaço físico. Não por acaso todas as vezes que a luz a chama, algo novo surge em sua memória.

Se Eu Ficar é um romance adolescente como muitos que temos visto por aí atualmente. O que nos faz pensar sobre essa nova geração tão pessimista e melancólica em relação à vida e ao amor. Como se fosse preciso morrer um pouco, ou abdicar de muito para viver um relacionamento intenso. De qualquer maneira, consegue funcionar em seu principal intento de emocionar com uma triste e bela história de amor.


Se Eu Ficar (If I Stay, 2014 / EUA)
Direção: R.J. Cutler
Roteiro: Shauna Cross
Com: Chloë Grace Moretz, Mireille Enos, Jamie Blackley, Joshua Leonard, Liana Liberato
Duração: 107 min.

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