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Boyhood - Da infância à juventude
Boyhood - Da infância à juventude
Doze anos, esse foi o tempo que Richard Linklater levou para realizar Boyhood. Um experimento, mais do que um filme, onde a cada ano, a equipe se reunia para gravar uma fase da trama que acompanha o crescimento do personagem Mason dos seis aos dezoito anos.
Por ser um produto experimental, com uma proposta tão realista, Boyhood nos dá uma sensação quase documental. Acompanhamos aquele garoto e aquela família ao passar dos anos de uma maneira bem particular, saltando a acontecimentos aparentemente aleatórios que nos dão um vislumbre de sua vida, mas nunca chega a aprofundar personagem ou trama.
Não que isso seja exatamente ruim. O filme tem uma das principais características do roteirista e diretor Richard Linklater que é nos deixar à vontade em cenas com diálogos profundos e envolventes. A sensação é de vida real, não de simulação dela. Nos sentimos parte daquilo, acompanhamos com curiosidade. E não deixa de ser instigante ver os garotos crescendo aos nossos olhos.
O recorte, no entanto, é por vezes brusco. Saltamos de um ano a outro com uma sensação aleatória, onde algumas elipses nos fazem falta. Ou pelo menos nos deixam instigados a saber o que aconteceu naquele ínterim. Simplesmente de um corte de uma cena a outra, percebemos a passagem de tempo pela fisionomia dos atores e por aterrissarmos em outra realidade sem muitas explicações. Vamos pescando as mudanças.
Ao mesmo tempo que causa estranhamento, isso também acaba nos envolvendo ainda mais. A própria sensação de querer saber mais mesmo depois de 165 minutos de projeção demonstra que fomos fisgados pelos personagens. Talvez por isso, tantos estejam elevando o status do filme mais do que deveriam. É inegável que temos aqui algo instigante e envolvente.
Porém, os saltos acabam dando à trama um tom quase artificial. Mesmo depois de acompanhar doze anos de sua vida, não conseguimos falar muito sobre Mason, por exemplo. A construção do personagem não parece tão sólida a ponto de poder defini-lo. E de nenhum personagem. Não aprofundamos suas personalidades nem histórias, ao ver apenas recortes delas.
De qualquer maneira, há de se elogiar a ousadia e recriação de linguagem diante de um experimento tão inusitado. Um projeto que contou também com a sorte de boas escolhas de equipe e elenco. Todos os atores conseguem comprar a ideia de viver aqueles personagens durante os anos, evoluindo junto com eles. Principalmente os antes crianças hoje jovens, Ellar Coltrane, que interpreta Mason e sua irmã Samantha, interpretada por Lorelei Linklater.
O ritmo do filme segue o tom documental, já característico de Richard Linklater, com planos longos conduzidos por diálogos fluidos. Não há a tradicional construção de curva dramática tão definida, nos guiando em plots pouco deterministas, apenas seguindo o fluxo da vida.
No final, Boyhood, que a distribuição brasileira teve que criar o desnecessário subtítulo "Da infância à juventude", atrai mais pela experiência que pelo filme. Porém, pela verdade e sensibilidade dos envolvidos não deixa de ser uma bela experiência cinematográfica.
Boyhood - Da infância à juventude (Boyhood, 2014 / EUA)
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater
Com: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke, Lorelei Linklater
Duração: 165 min.
Por ser um produto experimental, com uma proposta tão realista, Boyhood nos dá uma sensação quase documental. Acompanhamos aquele garoto e aquela família ao passar dos anos de uma maneira bem particular, saltando a acontecimentos aparentemente aleatórios que nos dão um vislumbre de sua vida, mas nunca chega a aprofundar personagem ou trama.
Não que isso seja exatamente ruim. O filme tem uma das principais características do roteirista e diretor Richard Linklater que é nos deixar à vontade em cenas com diálogos profundos e envolventes. A sensação é de vida real, não de simulação dela. Nos sentimos parte daquilo, acompanhamos com curiosidade. E não deixa de ser instigante ver os garotos crescendo aos nossos olhos.
O recorte, no entanto, é por vezes brusco. Saltamos de um ano a outro com uma sensação aleatória, onde algumas elipses nos fazem falta. Ou pelo menos nos deixam instigados a saber o que aconteceu naquele ínterim. Simplesmente de um corte de uma cena a outra, percebemos a passagem de tempo pela fisionomia dos atores e por aterrissarmos em outra realidade sem muitas explicações. Vamos pescando as mudanças.
Ao mesmo tempo que causa estranhamento, isso também acaba nos envolvendo ainda mais. A própria sensação de querer saber mais mesmo depois de 165 minutos de projeção demonstra que fomos fisgados pelos personagens. Talvez por isso, tantos estejam elevando o status do filme mais do que deveriam. É inegável que temos aqui algo instigante e envolvente.
Porém, os saltos acabam dando à trama um tom quase artificial. Mesmo depois de acompanhar doze anos de sua vida, não conseguimos falar muito sobre Mason, por exemplo. A construção do personagem não parece tão sólida a ponto de poder defini-lo. E de nenhum personagem. Não aprofundamos suas personalidades nem histórias, ao ver apenas recortes delas.
De qualquer maneira, há de se elogiar a ousadia e recriação de linguagem diante de um experimento tão inusitado. Um projeto que contou também com a sorte de boas escolhas de equipe e elenco. Todos os atores conseguem comprar a ideia de viver aqueles personagens durante os anos, evoluindo junto com eles. Principalmente os antes crianças hoje jovens, Ellar Coltrane, que interpreta Mason e sua irmã Samantha, interpretada por Lorelei Linklater.
O ritmo do filme segue o tom documental, já característico de Richard Linklater, com planos longos conduzidos por diálogos fluidos. Não há a tradicional construção de curva dramática tão definida, nos guiando em plots pouco deterministas, apenas seguindo o fluxo da vida.
No final, Boyhood, que a distribuição brasileira teve que criar o desnecessário subtítulo "Da infância à juventude", atrai mais pela experiência que pelo filme. Porém, pela verdade e sensibilidade dos envolvidos não deixa de ser uma bela experiência cinematográfica.
Boyhood - Da infância à juventude (Boyhood, 2014 / EUA)
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater
Com: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke, Lorelei Linklater
Duração: 165 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Boyhood - Da infância à juventude
2014-10-28T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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