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Trash: A Esperança Vem do Lixo
Trash: A Esperança Vem do Lixo
Tão Forte e Tão Perto, Billy Elliot, O Leitor, As Horas... Stephen Daldry deixa claro em sua filmografia o seu interesse pela natureza humana. Pesando a mão no sentimentalismo, o que não quer dizer necessariamente algo ruim, ele dirige Trash com o mesmo olhar curioso, investigando o nosso país sem o irritante clichê estrangeiro ao dar voz aos meninos. Mas, nem tudo são flores nesse thriller.
Raphael e Gardo são dois garotos que vivem em uma região de alagados no Rio de Janeiro, onde trabalham catando material reciclado no lixão. Um dia, eles encontram uma carteira com dinheiro, documentos e uma chave estranha. O objeto é procurado pela polícia que oferece uma recompensa, mas os meninos resolvem não entregar e com a ajuda de Rato, outro garoto que vive nos esgotos próximos, vão investigar o mistério por trás de tudo isso em uma jornada de perigos e recompensas pelo que acham certo.
A narrativa não-linear nos dá o depoimento dos garotos para uma câmera, criando um início impactante. Ficamos presos à narrativa e o recurso se demonstra funcional, mas com o decorrer da trama, isso vai perdendo força, tornando-se didático e desnecessário. Poderia ficar apenas como abertura e encerramento, quem sabe. A opção por já colocar a polícia como vilã, perde o elemento da dúvida, do jogo dúbio e até mesmo da possibilidade de existirem policiais honestos em meio aos corruptos que estão a mando do deputado "em perigo". O próprio personagem de Wagner Moura poderia ser mais dúbio, tornando a narrativa mais instigante.
De qualquer maneira, o roteiro funciona em sua construção básica, ainda que não trabalhe tão bem os personagens, reforçando estereótipos maniqueístas e dando pouca função para os personagens de Martin Sheen, como padre, e Rooney Mara, como assistente social. O próprio vilão criado por Selton Mello nos assusta e é bem interpretado, mas não demonstra reações muito humanas ao ser tão frio em sua missão de salvar a pele do deputado corrupto e ganhar a sua propina.
Em contraste a isso, o roteiro de Richard Curtis, baseado no livro de Andy Mulligan, vai nos conduzindo a uma construção utópica da esperança baseada em uma fé que nem mesmo a música dos Paralamas do Sucesso conseguiu prever. Nada contra a fé, muito menos a esperança, mas a partir dessa premissa, algumas questões inverossímeis vão sendo desenvolvidas em busca de uma resolução ideal para tudo aquilo. Se a ideia era denunciar a realidade e fazer pensar sobre a honestidade nesse país, poderiam ser mais corajosos.
Os garotos que interpretam Rafhael, Gardo e Rato merecem um destaque especial. Sem experiência anterior, Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein respectivamente conseguiram passar uma naturalidade incrível, principalmente nas cenas mais tensas com a da tortura. Mais do que nos nomes famosos e experientes, é com eles que criamos a empatia e embarcamos nessa difícil jornada. A atuação deles, é fundamental para que compremos a ideia do jogo.
Bem feito e envolvente, Trash derrapa apenas em sua parte final, ao querer resolver a situação com uma ideia que traduz o desnecessário subtítulo brasileiro: a esperança vem do livro. De qualquer maneira, é um filme que merece nossa atenção, já que, mesmo não sendo brasileiro, traz uma nova perspectiva de filmagem no país.
Trash: A Esperança Vem do Lixo (Trash , 2014 / Reino Unido)
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Richard Curtis
Com: Rooney Mara, Martin Sheen, Wagner Moura, Selton Mello, Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein
Duração: 114 min.
Raphael e Gardo são dois garotos que vivem em uma região de alagados no Rio de Janeiro, onde trabalham catando material reciclado no lixão. Um dia, eles encontram uma carteira com dinheiro, documentos e uma chave estranha. O objeto é procurado pela polícia que oferece uma recompensa, mas os meninos resolvem não entregar e com a ajuda de Rato, outro garoto que vive nos esgotos próximos, vão investigar o mistério por trás de tudo isso em uma jornada de perigos e recompensas pelo que acham certo.
A narrativa não-linear nos dá o depoimento dos garotos para uma câmera, criando um início impactante. Ficamos presos à narrativa e o recurso se demonstra funcional, mas com o decorrer da trama, isso vai perdendo força, tornando-se didático e desnecessário. Poderia ficar apenas como abertura e encerramento, quem sabe. A opção por já colocar a polícia como vilã, perde o elemento da dúvida, do jogo dúbio e até mesmo da possibilidade de existirem policiais honestos em meio aos corruptos que estão a mando do deputado "em perigo". O próprio personagem de Wagner Moura poderia ser mais dúbio, tornando a narrativa mais instigante.
De qualquer maneira, o roteiro funciona em sua construção básica, ainda que não trabalhe tão bem os personagens, reforçando estereótipos maniqueístas e dando pouca função para os personagens de Martin Sheen, como padre, e Rooney Mara, como assistente social. O próprio vilão criado por Selton Mello nos assusta e é bem interpretado, mas não demonstra reações muito humanas ao ser tão frio em sua missão de salvar a pele do deputado corrupto e ganhar a sua propina.
Em contraste a isso, o roteiro de Richard Curtis, baseado no livro de Andy Mulligan, vai nos conduzindo a uma construção utópica da esperança baseada em uma fé que nem mesmo a música dos Paralamas do Sucesso conseguiu prever. Nada contra a fé, muito menos a esperança, mas a partir dessa premissa, algumas questões inverossímeis vão sendo desenvolvidas em busca de uma resolução ideal para tudo aquilo. Se a ideia era denunciar a realidade e fazer pensar sobre a honestidade nesse país, poderiam ser mais corajosos.
Os garotos que interpretam Rafhael, Gardo e Rato merecem um destaque especial. Sem experiência anterior, Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein respectivamente conseguiram passar uma naturalidade incrível, principalmente nas cenas mais tensas com a da tortura. Mais do que nos nomes famosos e experientes, é com eles que criamos a empatia e embarcamos nessa difícil jornada. A atuação deles, é fundamental para que compremos a ideia do jogo.
Bem feito e envolvente, Trash derrapa apenas em sua parte final, ao querer resolver a situação com uma ideia que traduz o desnecessário subtítulo brasileiro: a esperança vem do livro. De qualquer maneira, é um filme que merece nossa atenção, já que, mesmo não sendo brasileiro, traz uma nova perspectiva de filmagem no país.
Trash: A Esperança Vem do Lixo (Trash , 2014 / Reino Unido)
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Richard Curtis
Com: Rooney Mara, Martin Sheen, Wagner Moura, Selton Mello, Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weinstein
Duração: 114 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Trash: A Esperança Vem do Lixo
2014-10-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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