Por um pensamento crítico
Desde 2010, o Panorama Internacional Coisa de Cinema realiza a Oficina de Crítica Cinematográfica. Dela, são selecionados cinco alunos para compor o Júri Jovem do Festival, ajudando a fomentar o pensamento crítico local e o exercício de um olhar sobre o cinema que vai além da simples apreciação. Um caráter extremamente positivo que surgiu junto com a origem do próprio Coisa de Cinema e que casa com o pensamento dos seus idealizadores.
A oficina era dada pelo crítico João Carlos Sampaio que nos deixou precocemente no início deste ano. João sempre foi um entusiasta do projeto e do Panorama. Lembro sua alegria ao falar do processo e dos "seus meninos". É justo, então, que a iniciativa continue e que o novo tutor venha exatamente da oficina. Rafael Carvalho foi aluno da Oficina de 2011, integrou o Júri Jovem e passou a escrever para o Coisa de Cinema. Doutorando na UFBA, estuda atualmente a crítica na internet , já tendo feito sua dissertação sobre Walter da Silveira. Ou seja, ele respira crítica. E sua oficina teve este viés.
"A oficina que João dava era própria dele, uma oficina de fruição e crítica. E a gente queria fazer algo voltado para a crítica mesmo. A oficina teve um caráter muito prático. Tinham questões teóricas, discussões sobre a crítica, a função, o sentido, de você pensar o exercício crítico. Mas foi também um momento dos participantes assistirem filmes, escreverem e fazer esse trabalho prático. Mostrando críticas de outros profissionais e fazendo com que eles desenvolvessem essa atividade na prática. ", explicou.
Segundo Rafael, o cenário do Panorama é bastante propício para essa troca, pois há uma interação grande entre os participantes que circulam por ali. "Não só pela quantidade de filmes, mas pelo clima de Festival, pelo contato com os cineastas, com outros críticos, isso era muito interessante, muito importante", ressaltou.
Já a escolha do Júri Jovem foi um processo complexo já que muitos dos alunos tinham interesse na função. A princípio, seriam três escolhidos, mas eles acabaram mantendo os cinco. "Tentei formar um Júri Jovem mais variado, com pessoas que tinham esse perfil de discutir mais e se debruçar sobre os filmes. Acho que esta é uma coisa importante da crítica. Este interesse, esta disposição em olhar para os filmes, em discutir, tentar compreender o que está ali", explicou. E ainda elegeram outros cinco nomes para escrever sobre os filmes durante o Panorama em um blog especial chamado Pílulas Críticas.
Em uma época em que vemos plateias tão pouco interessadas em cinema, frequentando salas de shopping apenas por diversão volátil, não deixa de ser estimulante ver dez pessoas dedicadas ao exercício crítico. Assistir filmes e discutir visões é mais do que um jogo de opiniões, é também aprendizado, exercício retórico, onde todos aprendem algo mais. E este desejo de ir além do superficial, segundo Rafael, dominou os dias de oficina.
"As pessoas estavam empolgadas em escrever, em discutir , em falar dos filmes. Queriam estar no Panorama, participar. E isso me deixou animado a fazer esse trabalho de acompanhamento, de ler os textos. Dessa troca mais próxima. Fiquei muito satisfeito com o resultado", concluiu.
E como não poderia deixar de ser, o Júri Jovem e o Panorama prestaram sua homenagem a João Carlos Sampaio. Em discurso na noite de premiação, Rafael Carvalho falou da importância do crítico para a formação dele e do projeto. E o prêmio dado por esse júri passou este ano a ter o nome "Prêmio João Carlos Sampaio". Era possível ouvir gritos na plateia de "Viva a João", reforçando o quanto ele era querido por críticos e cineastas. Fica aqui também a nossa homenagem a ele e ao Panorama por manter viva essa chama em tempos onde a crítica parece perder espaço nos meios tradicionais.
Júri Jovem:
Monica Grisi, Marise Urbano, Klaus Hastenreiter, Daniel Mendes e Luna Matos.
Escritores do Pílulas Críticas:
Maria Elisa Portella, Pedro Rocha, Tadeu Araújo, Tatiane Carvalho e Victória Negreiros.
A oficina era dada pelo crítico João Carlos Sampaio que nos deixou precocemente no início deste ano. João sempre foi um entusiasta do projeto e do Panorama. Lembro sua alegria ao falar do processo e dos "seus meninos". É justo, então, que a iniciativa continue e que o novo tutor venha exatamente da oficina. Rafael Carvalho foi aluno da Oficina de 2011, integrou o Júri Jovem e passou a escrever para o Coisa de Cinema. Doutorando na UFBA, estuda atualmente a crítica na internet , já tendo feito sua dissertação sobre Walter da Silveira. Ou seja, ele respira crítica. E sua oficina teve este viés.
"A oficina que João dava era própria dele, uma oficina de fruição e crítica. E a gente queria fazer algo voltado para a crítica mesmo. A oficina teve um caráter muito prático. Tinham questões teóricas, discussões sobre a crítica, a função, o sentido, de você pensar o exercício crítico. Mas foi também um momento dos participantes assistirem filmes, escreverem e fazer esse trabalho prático. Mostrando críticas de outros profissionais e fazendo com que eles desenvolvessem essa atividade na prática. ", explicou.
Segundo Rafael, o cenário do Panorama é bastante propício para essa troca, pois há uma interação grande entre os participantes que circulam por ali. "Não só pela quantidade de filmes, mas pelo clima de Festival, pelo contato com os cineastas, com outros críticos, isso era muito interessante, muito importante", ressaltou.
Já a escolha do Júri Jovem foi um processo complexo já que muitos dos alunos tinham interesse na função. A princípio, seriam três escolhidos, mas eles acabaram mantendo os cinco. "Tentei formar um Júri Jovem mais variado, com pessoas que tinham esse perfil de discutir mais e se debruçar sobre os filmes. Acho que esta é uma coisa importante da crítica. Este interesse, esta disposição em olhar para os filmes, em discutir, tentar compreender o que está ali", explicou. E ainda elegeram outros cinco nomes para escrever sobre os filmes durante o Panorama em um blog especial chamado Pílulas Críticas.
Em uma época em que vemos plateias tão pouco interessadas em cinema, frequentando salas de shopping apenas por diversão volátil, não deixa de ser estimulante ver dez pessoas dedicadas ao exercício crítico. Assistir filmes e discutir visões é mais do que um jogo de opiniões, é também aprendizado, exercício retórico, onde todos aprendem algo mais. E este desejo de ir além do superficial, segundo Rafael, dominou os dias de oficina.
"As pessoas estavam empolgadas em escrever, em discutir , em falar dos filmes. Queriam estar no Panorama, participar. E isso me deixou animado a fazer esse trabalho de acompanhamento, de ler os textos. Dessa troca mais próxima. Fiquei muito satisfeito com o resultado", concluiu.
E como não poderia deixar de ser, o Júri Jovem e o Panorama prestaram sua homenagem a João Carlos Sampaio. Em discurso na noite de premiação, Rafael Carvalho falou da importância do crítico para a formação dele e do projeto. E o prêmio dado por esse júri passou este ano a ter o nome "Prêmio João Carlos Sampaio". Era possível ouvir gritos na plateia de "Viva a João", reforçando o quanto ele era querido por críticos e cineastas. Fica aqui também a nossa homenagem a ele e ao Panorama por manter viva essa chama em tempos onde a crítica parece perder espaço nos meios tradicionais.
Júri Jovem:
Monica Grisi, Marise Urbano, Klaus Hastenreiter, Daniel Mendes e Luna Matos.
Escritores do Pílulas Críticas:
Maria Elisa Portella, Pedro Rocha, Tadeu Araújo, Tatiane Carvalho e Victória Negreiros.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Por um pensamento crítico
2014-11-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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