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Êxodo: Deuses e Reis
Êxodo: Deuses e Reis
Os épicos tiveram seu apogeu na época áurea do Cinema Clássico Norte-Americano. Os exemplares mais recentes parecem ter perdido o brilho e a grandiosidade proposta, até pela evolução da linguagem cinematográfica. Só este ano, tivemos tentativas frustradas como Noé, Pompéia e Hércules. Sem falar de 300 que apesar de ser outra proposta também ficou aquém do esperado. Êxodo: Deuses e Reis consegue um resultado mais interessante, ainda que também tenha problemas.
Êxodo: Deuses e Reis. O nome já nos dá uma pista do foco. A já conhecida história de Moisés que tem seu representante mais forte no filme Os Dez Mandamentos de Cecil B. DeMille, tem na disputa entre deuses e reis seu ponto crucial. E também seu maior problema, pois o filme de Ridley Scott acaba não se decidindo entre o mito e o real. Por muitas vezes, temos a intenção da proposta mais realista do que poderia ter acontecido, mas, então, o mito surge com força em cenas fantasiosas como a sequência das pragas do Egito.
A figura de Moisés, aqui interpretado por Christian Bale também parece modificada. Em muitos momentos nos lembra um guerreiro romano, ou um gladiador. Em outros, o próprio Jesus Cristo em uma mistura também de homem e escolhido de Deus para salvar o seu povo. Até a sua vestimenta sempre se destaca dos demais nunca pertencendo completamente ao povo egípcio nem ao hebreu. Sua armadura de ferro difere dos adornos egípcios, e na cena em que o vice-rei vai falar com Ramsés, Moisés é o único que está com uma túnica de lã, se destacando dos demais. Já quando começa a guiar seu povo ele volta a usar alguns acessórios egípcios como a armadura e a espada que o destaca da multidão.
Christian Bale consegue nos convencer das nuanças desse personagem tão complexo. A questão da fé é algo sempre presente e a forma como Moisés vai conduzindo seu raciocínio de maneira lógica, é marcada desde que não acredita na profetisa egípcia, passando pelo Deus da esposa até encontrar o seu próprio Deus. Há sempre dúvidas, brigas, discordâncias. E os roteiristas são corajosos ao colocar o personagem como o ponto de equilíbrio entre os dois povos, onde nenhum é visto como o bom ou o mal. O momento das pragas é onde isso fica mais evidente e questionamos junto a ele o sentido de tudo aquilo.
De qualquer maneira, é um épico bíblico que lida com um tema que é caro a diversos povos e Ridley Scott consegue apresentar algo digno do mito em grandiosidade de imagens e efeitos especiais. A já citada sequência das sete pragas do Egito impressiona nos detalhes e na tensão construída. Já a famosa cena do Mar Vermelho pode decepcionar alguns, apesar de também ter grande força em suas imagens e significados. A fotografia pesada, com tons escuros, torna a trama mais sombria e tensa. E tudo parece crescer em tela.
O elenco também está bem, com destaque para o já citado Christian Bale, Ben Kingsley e Joel Edgerton que nos apresenta um Ramsés que vai se desnudando em nossa frente. Arrogante e distante, aos poucos vemos suas nuanças e brigas internas. Um homem que foi criado para ser um Deus, mas não passa de um rei falho que tem que odiar o irmão que cresceu amando por questões políticas e religiosas. O jogo de poder e as representações de ambos os lados é que torna Êxodo mais interessante, não tornando os egípcios apenas secundários na história do povo escolhido por Deus.
Êxodo: Deuses e Reis tem falhas, mas consegue nos envolver em um épico de uma maneira satisfatória como há muito tempo o cinema não conseguia. É longo, fica no meio termo entre o mito e o realismo, mas consegue levantar também questões de fé, disputas e questões religiosas. Só por isso, já é válido.
Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, 2014 / EUA)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine, Steven Zaillian
Com: Christian Bale, Joel Edgerton, Ben Kingsley, Aaron Paul, John Turturro, Sigourney Weaver
Duração: 150 min.
Êxodo: Deuses e Reis. O nome já nos dá uma pista do foco. A já conhecida história de Moisés que tem seu representante mais forte no filme Os Dez Mandamentos de Cecil B. DeMille, tem na disputa entre deuses e reis seu ponto crucial. E também seu maior problema, pois o filme de Ridley Scott acaba não se decidindo entre o mito e o real. Por muitas vezes, temos a intenção da proposta mais realista do que poderia ter acontecido, mas, então, o mito surge com força em cenas fantasiosas como a sequência das pragas do Egito.
A figura de Moisés, aqui interpretado por Christian Bale também parece modificada. Em muitos momentos nos lembra um guerreiro romano, ou um gladiador. Em outros, o próprio Jesus Cristo em uma mistura também de homem e escolhido de Deus para salvar o seu povo. Até a sua vestimenta sempre se destaca dos demais nunca pertencendo completamente ao povo egípcio nem ao hebreu. Sua armadura de ferro difere dos adornos egípcios, e na cena em que o vice-rei vai falar com Ramsés, Moisés é o único que está com uma túnica de lã, se destacando dos demais. Já quando começa a guiar seu povo ele volta a usar alguns acessórios egípcios como a armadura e a espada que o destaca da multidão.
Christian Bale consegue nos convencer das nuanças desse personagem tão complexo. A questão da fé é algo sempre presente e a forma como Moisés vai conduzindo seu raciocínio de maneira lógica, é marcada desde que não acredita na profetisa egípcia, passando pelo Deus da esposa até encontrar o seu próprio Deus. Há sempre dúvidas, brigas, discordâncias. E os roteiristas são corajosos ao colocar o personagem como o ponto de equilíbrio entre os dois povos, onde nenhum é visto como o bom ou o mal. O momento das pragas é onde isso fica mais evidente e questionamos junto a ele o sentido de tudo aquilo.
De qualquer maneira, é um épico bíblico que lida com um tema que é caro a diversos povos e Ridley Scott consegue apresentar algo digno do mito em grandiosidade de imagens e efeitos especiais. A já citada sequência das sete pragas do Egito impressiona nos detalhes e na tensão construída. Já a famosa cena do Mar Vermelho pode decepcionar alguns, apesar de também ter grande força em suas imagens e significados. A fotografia pesada, com tons escuros, torna a trama mais sombria e tensa. E tudo parece crescer em tela.
O elenco também está bem, com destaque para o já citado Christian Bale, Ben Kingsley e Joel Edgerton que nos apresenta um Ramsés que vai se desnudando em nossa frente. Arrogante e distante, aos poucos vemos suas nuanças e brigas internas. Um homem que foi criado para ser um Deus, mas não passa de um rei falho que tem que odiar o irmão que cresceu amando por questões políticas e religiosas. O jogo de poder e as representações de ambos os lados é que torna Êxodo mais interessante, não tornando os egípcios apenas secundários na história do povo escolhido por Deus.
Êxodo: Deuses e Reis tem falhas, mas consegue nos envolver em um épico de uma maneira satisfatória como há muito tempo o cinema não conseguia. É longo, fica no meio termo entre o mito e o realismo, mas consegue levantar também questões de fé, disputas e questões religiosas. Só por isso, já é válido.
Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, 2014 / EUA)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine, Steven Zaillian
Com: Christian Bale, Joel Edgerton, Ben Kingsley, Aaron Paul, John Turturro, Sigourney Weaver
Duração: 150 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Êxodo: Deuses e Reis
2014-12-20T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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