Thomas Reilly é um funcionário de uma empresa que comprar outras que foram decretadas falência. Mas, o que o torna especial são quatro espíritos que o seguem desde o seu nascimento. Por obra do destino, ele nasceu no momento do acidente de ônibus que tirou a vida dessas pessoas e elas estão presas a ele. Até que descobrem que tudo isso é uma segunda chance para que eles resolvam problemas pendentes antes de ir embora de vez.
Na verdade, apesar da boa interpretação de Robert Downey Jr., principalmente quando tem seu corpo invadido por cada um dos quatro espíritos, Thomas acaba não sendo o personagem principal. Nossa empatia é construída com as quatro pessoas que perderam a vida e precisam resgatar algo. Tanto que o roteiro leva um bom tempo do primeiro ato apresentando cada um deles, para só, então, vermos Thomas nascendo.
Acaba que a estrutura da trama poderia ser melhor planejada, talvez a quantidade excessiva de roteiristas (quatro), tenha prejudicado o resultado final. As questões dos dois homens da turma são melhor desenvolvidas que a das duas mulheres, por exemplo. Principalmente de Julia, interpretada por Kyra Sedgwick, que acaba construindo quase um "Deus Ex-machina" na sua resolução, com direito a chuva mágica e tudo.
Há uma suspensão da realidade também, principalmente na parte de Thomas criança. Como aquele garoto tão pequeno fazia tudo o que fazia sozinho pelas ruas fica pouco explicado. Os pais só vão se preocupar de fato quando o dono do jóquei vai até a casa deles para contar o que estava acontecendo. Não que nada seja impossível, mas a forma como o roteiro trabalha nos faz questionar diversos momentos.
De qualquer maneira, o filme tem ritmo e nos envolvemos com as atrapalhadas dos quatro, primeiro brincando com Thomas, depois o convencendo a ajudá-los e por fim, em suas missões. É divertida e envolvente a amizade que criam com o menino e entre si, nos tornando mais próximos de todos eles. Como não se divertir com as diversas inserções de "Walk Like A Man", por exemplo?
E da mesma forma que diverte, é possível se emocionar com a trajetória de todos eles. Apesar de construída de maneira despretensiosa, o filme acaba tratando de histórias de resgate, deixando a mensagem de que devemos resolver nossos problemas ainda em vida, para não levarmos conosco. Coragem é um dos pontos principais da trama. Coragem para fazer o certo, seguir seu coração, enfrentar um desafio e deixar sua família em paz.
Ainda que sem grandes pretensões, Morrendo e Aprendendo acaba sendo um filme que diverte e emociona, merecendo ser lembrando já que teve tão pouco destaque por aqui. Quem sabe a fama de Robert Downey Jr. ajude a resgatar o filme.
Morrendo e Aprendendo (Heart and Souls, 1993 / EUA)
Direção: Ron Underwood
Roteiro: Gregory Hansen, Brent Maddock, S.S. Wilson e Erik Hansen
Com: Robert Downey Jr., Charles Grodin, Alfre Woodard, Kyra Sedgwick, Tom Sizemore, Elisabeth Shue, David Paymer
Duração: 104 min.