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O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos - filmeTalvez o maior problema da trilogia O Hobbit esteja na escolha de transformar 328 páginas em três filmes de longa duração. E as consequências dessa escolha podem ser vistas com mais evidência neste terceiro filme, onde tudo parece se arrastar em uma resolução interminável.

Os esforços de Peter Jackson e os outros três nomes que ele chamou para o ajudarem no roteiro da trilogia não pareceram suficientes. Por mais enxertos que tenha feito de apêndices e pontos de vistas apenas citados na obra de Tolkien. A jornada de Bilbo chega ao seu momento derradeiro sem fôlego. Isso, por incrível que pareça, não significa que A Batalha dos Cinco Exércitos seja um filme ruim, mas deixa uma sensação frustrante ao final dessa nova visita à Terra Média.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos - filmeAo contrário de O Senhor dos Anéis, que eram três livros com três atos definidos em cada um, apesar do arco dramático maior que ligava a trilogia, O Hobbit não possui esse esforço. O primeiro filme consegue funcionar bem e o segundo poderia coroar a construção de maneira satisfatória. Mas, a escolha de alongar para um terceiro filme deixou pouco a ser desenvolvido. Nem falo do fato da tal batalha do título ser apenas um capítulo do livro, mas a forma como os enxertos foram feitos, tornando a obra um grande terceiro ato sem tanta estrutura.

Bilbo bem que tenta, mas a loucura de Thorin parece ter dominado Peter Jackson em busca de seu próprio ouro. O resultado são cenas longas como a do chão que vai sugando o rei dos anões. Não falo contra a cena em si, mas o seu ritmo e duração. Esse é o maior problema de A Batalha dos Cinco Exércitos, todas as cenas poderiam ser menores, mesmo as das batalhas,que são muito bem orquestradas e empolgam em diversos momentos.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos - filmeJackson sofre também com a ação do tempo. É estranho vermos um Orlando Bloom, apesar da maquiagem e computação gráfica, tão mais pesado que o seu personagem na trilogia O Senhor dos Anéis que acontece 60 anos depois. De qualquer maneira, suas cenas em ação ganham força pela mise-en-scène. Ainda que perca força na adrenalina proposta já que sabemos que o personagem vai sobreviver.

Toda a ação enxertada de Gandalf, Galadriel, Saruman e Elrond contra o "necromante" também cria alguns incongruências na jornada e postura dos personagens sessenta anos depois. O que no livro era apenas uma pista, aqui ganha proporções imensas para ficar encubada por tanto tempo. O que torna também a utilização do anel por parte de Bilbo algo a ser questionado. Mas, este foi um problema criado ao trazer a história pregressa após o sucesso de O Senhor dos Anéis no cinema, tentando aproximar o clima sombrio das duas fases.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos - filmeMas, se temos que compreender as adaptações e diferenciações entre história do livro e história do filme, fica complicado entender as incongruências dentro do próprio universo criado por Peter Jackson. Há pequenos problemas em toda a jornada, mas nada comparada à conversa entre Legolas e seu pai Thranduil. Basta lembrar como é a primeira cena do personagem em A Sociedade do Anel e também observar o tempo passado entre uma história e outra, pensando em onde estariam os demais personagens que aqui não aparecem.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos - filmeApesar de todos os problemas, como já disse, O Hobbit não chega a ser um filme ruim. E muito do mérito está na empatia criada com seus protagonistas. Em especial, Bilbo Baggins e Thorin Oakenshield. A simpatia do hobbit e o talento do ator Martin Freeman continuam nos ganhando e rendendo ótimas cenas. E sua parceria com o anão interpretado por Richard Armitage nos traz momentos emocionantes.

Outro ponto positivo é técnico. Os efeitos especiais conseguem nos convencer. Desde a destruição proporcionada por Smaug, passando pela batalha em si e até a composição em cena dos personagens de tamanhos tão distintos. A trilha sonora também parece mais afinada aqui que nos demais filmes da trilogia, inclusive com referências a sons já conhecidos que acabam ajudando no clima épico.

O fato é que apesar do arrastar da trama, o universo criado por Tolkien e reproduzido com interferências próprias por Peter Jackson fascina. A missão de Bilbo pode não ser tão nobre quanto a de seu sobrinho, mas não deixa de ser uma aventura envolvente. E os temas de amizade, lealdade e luz versus sombra continua povoando a tela de maneira convincente. Poderia ser melhor, poderia ser mais objetivo, poderia ser mais fiel a Tolkien, mas não deixa de cumprir o seu papel, fechando a trilogia com uma batalha épica.


O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, 2014 / EUA)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson e Guillermo del Toro
Com: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Evangeline Lilly, Lee Pace, Cate Blanchett, Orlando Bloom, Aidan Turner, Christopher Lee, Hugo Weaving
Duração: 144 min.

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