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As Duas Faces de um Crime
As Duas Faces de um Crime
Primeiro filme de Edward Norton, As Duas Faces de um Crime é uma obra que instiga do início ao fim pela forma como conduz o mistério por trás do crime. A todo momento, o roteiro nos mostra que há algo mais por trás daquilo tudo.
Um crime hediondo. Um arcebispo é morto em seu quatro com 78 facadas. Um jovem de 19 anos, com olhar assustado e dificuldade de se expressar é o único suspeito. Mas, falta um motivo para o crime. Ao mesmo tempo em que muitos mistérios em torno do bairro vão sendo trazidos à tona. Por tudo isso, o famoso advogado criminalista Martin Vail resolve assumir a defesa do rapaz, sem cobrar honorários por isso.
O filme já começa de maneira instigante, uma conversa entre Martin Vail e um jornalista mostra o pensamento do advogado em relação aos julgamentos. Conhecido por defender criminosos, ele explica sua teoria de que todos merecem defesa e que qualquer pessoa é inocente até que se prove o contrário. Entre um jogo ético e financeiro, o personagem interpretado por Richard Gere cria empatia com o público, que se aproxima de sua visão e faz com que também criemos simpatia com o jovem Aaron quando ele surge.
Aaron é coroinha e cantor do coral administrado pelo arcebispo Rushman. Se não fosse pela fama alcançada por Edward Norton, seria difícil sua primeira aparição cantando no coro chamar a atenção do público. O personagem vem à tela de fato quando está fugindo da cena do crime, todo ensanguentado com a polícia em sua cola. E quando Vail o encontra na cela pela primeira vez, já preparados pela visão do advogado e pelo olhar assustado e inocente do garoto, compramos a ideia de que o crime deve ter outra explicação.
É interessante como o roteiro, baseado no livro de William Diehl, vai trabalhando com diversas teses, levantado questões para o público. Teorias diversas são criadas, da mesma forma que surpresas são reveladas a todo o momento. Entre briga financeira, discussões políticas, segredos guardados em fitas VHS e a suposição de insanidade mental, as peças são se juntando e nos dando uma visão macro do crime, ainda que nada seja definitivo.
A direção de Gregory Hoblit é hábil ao transitar entre tribunal e investigação sempre com uma câmera precisa que nos faz observar o todo ao mesmo tempo em que foca em detalhes. Troca de olhares, gestos, objetos esquecidos. A cena de Vail analisando a fita da médica com Aaron quando Roy surge pela primeira vez é bem interessante. Temos a imagem na tela e a expressão de Richard Gere bem dosadas. Em uma trama de suspense instigante, destaca-se ainda a interpretação madura do estreante Edward Norton que dá ao Aaron uma veracidade impressionante em sua fraqueza, da mesma forma que surpreende com a força de Roy.
Talvez um ponto que sobre na trama seja a relação de Vail com seu cliente anterior e toda a questão do bairro. Ajudam em uma das suposições do motivo do crime, mas acaba sendo deixada de lado, quando nem mesmo chega ao tribunal e ainda há reviravoltas sem maiores sentidos. Inclusive a inserção quase didática da música Canção do Mar na voz da portuguesa Dulce Pontes que se destaca em tela além do necessário, já que tem pouco a acrescentar de fato além da força e beleza do fado.
As Duas Faces de um Crime é daqueles suspenses que nos instiga, surpreendendo a cada momento e nos dando uma instigante reviravolta. Tudo porque roteiro e direção calcularam muito bem a forma de nos fazer envolver com o filme e seus personagens.
As Duas Faces de um Crime (Primal Fear, 1996 / EUA)
Direção: Gregory Hoblit
Roteiro: Steve Shagan e Ann Biderman
Com: Richard Gere, Laura Linney, Edward Norton, Terry O'Quinn
Duração: 129 min.
Um crime hediondo. Um arcebispo é morto em seu quatro com 78 facadas. Um jovem de 19 anos, com olhar assustado e dificuldade de se expressar é o único suspeito. Mas, falta um motivo para o crime. Ao mesmo tempo em que muitos mistérios em torno do bairro vão sendo trazidos à tona. Por tudo isso, o famoso advogado criminalista Martin Vail resolve assumir a defesa do rapaz, sem cobrar honorários por isso.
O filme já começa de maneira instigante, uma conversa entre Martin Vail e um jornalista mostra o pensamento do advogado em relação aos julgamentos. Conhecido por defender criminosos, ele explica sua teoria de que todos merecem defesa e que qualquer pessoa é inocente até que se prove o contrário. Entre um jogo ético e financeiro, o personagem interpretado por Richard Gere cria empatia com o público, que se aproxima de sua visão e faz com que também criemos simpatia com o jovem Aaron quando ele surge.
Aaron é coroinha e cantor do coral administrado pelo arcebispo Rushman. Se não fosse pela fama alcançada por Edward Norton, seria difícil sua primeira aparição cantando no coro chamar a atenção do público. O personagem vem à tela de fato quando está fugindo da cena do crime, todo ensanguentado com a polícia em sua cola. E quando Vail o encontra na cela pela primeira vez, já preparados pela visão do advogado e pelo olhar assustado e inocente do garoto, compramos a ideia de que o crime deve ter outra explicação.
É interessante como o roteiro, baseado no livro de William Diehl, vai trabalhando com diversas teses, levantado questões para o público. Teorias diversas são criadas, da mesma forma que surpresas são reveladas a todo o momento. Entre briga financeira, discussões políticas, segredos guardados em fitas VHS e a suposição de insanidade mental, as peças são se juntando e nos dando uma visão macro do crime, ainda que nada seja definitivo.
A direção de Gregory Hoblit é hábil ao transitar entre tribunal e investigação sempre com uma câmera precisa que nos faz observar o todo ao mesmo tempo em que foca em detalhes. Troca de olhares, gestos, objetos esquecidos. A cena de Vail analisando a fita da médica com Aaron quando Roy surge pela primeira vez é bem interessante. Temos a imagem na tela e a expressão de Richard Gere bem dosadas. Em uma trama de suspense instigante, destaca-se ainda a interpretação madura do estreante Edward Norton que dá ao Aaron uma veracidade impressionante em sua fraqueza, da mesma forma que surpreende com a força de Roy.
Talvez um ponto que sobre na trama seja a relação de Vail com seu cliente anterior e toda a questão do bairro. Ajudam em uma das suposições do motivo do crime, mas acaba sendo deixada de lado, quando nem mesmo chega ao tribunal e ainda há reviravoltas sem maiores sentidos. Inclusive a inserção quase didática da música Canção do Mar na voz da portuguesa Dulce Pontes que se destaca em tela além do necessário, já que tem pouco a acrescentar de fato além da força e beleza do fado.
As Duas Faces de um Crime é daqueles suspenses que nos instiga, surpreendendo a cada momento e nos dando uma instigante reviravolta. Tudo porque roteiro e direção calcularam muito bem a forma de nos fazer envolver com o filme e seus personagens.
As Duas Faces de um Crime (Primal Fear, 1996 / EUA)
Direção: Gregory Hoblit
Roteiro: Steve Shagan e Ann Biderman
Com: Richard Gere, Laura Linney, Edward Norton, Terry O'Quinn
Duração: 129 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Duas Faces de um Crime
2015-01-20T08:30:00-03:00
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