Contos da Noite
Michel Ocelot declarou certa vez que não faz seus filmes para crianças e, por isso elas gostam dele. É um pensamento interessante. Ao vermos Contos da Noite, percebemos histórias bem simples, fábulas, mas que trazem temas fortes como mentira, morte e sacrifícios construídos de maneira honesta e sem se preocupar com regras.
Mas, o que chama a atenção em primeira instância não é nem a história, mas a forma como nos é passada. O desenho mistura técnicas antigas com modernas, utilizando a técnica das sombras chinesas para os seus personagens. O contraste das pessoas na sombra andando em cenários coloridos e em três dimensões da um resultado extremamente belo e poético que nos envolve ainda mais.
O roteiro macro que liga os seis contos que acompanhamos é também uma metáfora bela sobre o próprio cinema artesão. Um senhor, um jovem e uma jovem estão em um cinema abandonado, brincando de criar histórias. Eles selecionam lendas, mitos, contos e os representam. De uma maneira mágica, que pode ser a própria imaginação, constroem figurinos, adereços e vivenciam culturas diversas.
Temos, então, o drama de um jovem lobisomem entre duas irmãs, uma má e outra boa. Um rapaz destemido que vai parar no mundo dos mortos e tem que enfrentar três desafios. Um rapaz que salva uma moça do sacrifício tendo que ajudar uma cidade a se reorganizar. Um jovem de uma tribo africana que tem um talento especial para batucar. Um camponês simples que nunca mente. E uma jovem que é transformada por um feiticeiro e precisa que seu amor a salve.
São todas histórias com potencial dramático, mas que narradas de maneira simples vão nos conduzindo sem maiores problemas. E todas trazem lições como boas fábulas, principalmente, o ensinamento de boas condutas como o Joãozinho que, em vez de matar, alimenta os animais que o ajudarão no futuro. Ou o rapaz que mantém sua palavra falando a verdade mesmo com a possibilidade de castigo. Ou ainda o Jovem Tam Tam que em vez de brigar, batuca para vencer seus inimigos.
Contos da Noite é daquelas animações que chamam a atenção pelo seu conjunto, significados, formas que entretém crianças e adultos, ainda que com uma linguagem extremamente simples para tratar de temas, por vezes, tão densos e trágicos.
Os seis contos: "Lobisomem", "Joãozinho e a Bela sem Saber", "A eleita da Cidade de Ouro", "Jovem Tam-Tam", "O Rapaz que Nunca Mente" e "A Filha da Corça e o Filho do Arquiteto"
Contos da Noite (Les contes de la nuit, 2011 / França)
Direção: Michel Ocelot
Roteiro: Michel Ocelot
Duração: 84 min.
Mas, o que chama a atenção em primeira instância não é nem a história, mas a forma como nos é passada. O desenho mistura técnicas antigas com modernas, utilizando a técnica das sombras chinesas para os seus personagens. O contraste das pessoas na sombra andando em cenários coloridos e em três dimensões da um resultado extremamente belo e poético que nos envolve ainda mais.
O roteiro macro que liga os seis contos que acompanhamos é também uma metáfora bela sobre o próprio cinema artesão. Um senhor, um jovem e uma jovem estão em um cinema abandonado, brincando de criar histórias. Eles selecionam lendas, mitos, contos e os representam. De uma maneira mágica, que pode ser a própria imaginação, constroem figurinos, adereços e vivenciam culturas diversas.
Temos, então, o drama de um jovem lobisomem entre duas irmãs, uma má e outra boa. Um rapaz destemido que vai parar no mundo dos mortos e tem que enfrentar três desafios. Um rapaz que salva uma moça do sacrifício tendo que ajudar uma cidade a se reorganizar. Um jovem de uma tribo africana que tem um talento especial para batucar. Um camponês simples que nunca mente. E uma jovem que é transformada por um feiticeiro e precisa que seu amor a salve.
São todas histórias com potencial dramático, mas que narradas de maneira simples vão nos conduzindo sem maiores problemas. E todas trazem lições como boas fábulas, principalmente, o ensinamento de boas condutas como o Joãozinho que, em vez de matar, alimenta os animais que o ajudarão no futuro. Ou o rapaz que mantém sua palavra falando a verdade mesmo com a possibilidade de castigo. Ou ainda o Jovem Tam Tam que em vez de brigar, batuca para vencer seus inimigos.
Contos da Noite é daquelas animações que chamam a atenção pelo seu conjunto, significados, formas que entretém crianças e adultos, ainda que com uma linguagem extremamente simples para tratar de temas, por vezes, tão densos e trágicos.
Os seis contos: "Lobisomem", "Joãozinho e a Bela sem Saber", "A eleita da Cidade de Ouro", "Jovem Tam-Tam", "O Rapaz que Nunca Mente" e "A Filha da Corça e o Filho do Arquiteto"
Contos da Noite (Les contes de la nuit, 2011 / França)
Direção: Michel Ocelot
Roteiro: Michel Ocelot
Duração: 84 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Contos da Noite
2015-01-25T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|cinema europeu|critica|Michel Ocelot|
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