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Paul Reiser
Whiplash: Em Busca da Perfeição
Whiplash: Em Busca da Perfeição
Qual o limite ético para cobrança de um professor? E qual o preço a ser pago por um aluno para se destacar? Whiplash é um eletrizante duelo entre essas duas personas, que, no final, querem a mesma coisa: a perfeição. Mas, será que ela é mesmo possível?
Andrew é um aluno da melhor faculdade de música dos Estados Unidos. Seu sonho é ser um baterista famoso como seu ídolo Buddy Rich. E, para isso, ele não pretende poupar esforços, horas de estudo e treinos que o levem a exaustão se for preciso. Tudo piora quando ele chama a atenção do professor Terence Fletcher, reverenciado e temido por toda a escola. Ele entra para a orquestra principal da instituição, mas isso só fará ele ser ainda mais cobrado.
Damien Chazelle conseguiu construir uma sinfonia em diversos tons. É um filme de música, com música. Mas, é também um filme sobre ambição, educação, superação e obsessão. É psicologicamente estafante porque o diretor e roteirista nos coloca na pele dos personagens de uma maneira tão intensa que sentimos o medo da mão do professor a cada sinal para parar a música. Talvez, por isso, o filme pareça mais longo do que é, o que não chega a ser algo ruim.
É interessante o quanto professor e aluno se parecem em diversos aspectos. O orgulho, a arrogância, a obsessão pela perfeição os persegue em igual intensidade ainda que um seja o carrasco e o outro a aparente vítima. Isso torna tudo ainda mais instigante, porque não vemos ali o vilão e o mocinho. Os dois se provocam, se fazem mal e bem ao mesmo tempo. Esse eterno questionamento do limite do jogo é que nos faz continuar ali, presos ao processo.
J.K. Simmons nos apresenta um professor que passa a admiração e o temor apenas com sua presença, sua postura, olhar. Desde a cena inicial, entendemos sua personalidade, seu rigor, seu sarcasmo. Da mesma forma que Miles Teller sustenta o jovem estudante de uma maneira intensa. Sua obsessão e orgulho pelo que vai conquistando fica claro a cada momento, mesmo quando vai ao cinema com o pai, ou paquera a bela balconista da bomboniere.
Mas, é em uma cena de um jantar em família que fica clara sua personalidade tão próxima do mestre. Temos ali um choque de referências, com as pessoas vibrando por conquistas que conhecem, sem compreender o que significa ele entrar para a orquestra de Shaffer. Sua irritação é crescente, seu orgulho vai inflando e, quando ele larga suas agressões aos familiares, lembra bem o professor massacrando os alunos durante os treinos. São duas faces de uma mesma moeda e, por isso, o embate é tão forte. Mais intenso do que o que vemos em Nascido para Matar, por exemplo, onde o comandante só parecia ter prazer em tripudiar de seu pelotão. Ou mais forte que em Cisne Negro, onde o diretor e Nina não pareciam ter uma sintonia tão grande.
Damien Chazelle ainda nos mostra isso com uma força imensa em suas imagens. São muitas cenas de ponto de vista dos personagens, enquadramentos que causam tensão e suspense. Sem falar na montagem que segue o ritmo do jazz de maneira tão visceral que nos parece que a música é quem conta tudo aquilo. Não por acaso é difícil sair da sala antes do final dos créditos, seguindo o ritmo dos acordes da música que dá nome ao filme.
Whiplash: Em Busca da Perfeição é um filme intenso e envolvente que discute exatamente essa busca e cobrança desenfreada pela perfeição. Discute também até que ponto um professor pode exigir de um aluno e quais os limites da educação. Mas, acima de tudo, é um filme sobre música, as dores e as delícias de se viver para ela. Um filme que nos absorve em diversos sentidos.
Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014 / EUA)
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Com: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist, Paul Reiser, Austin Stowell, Nate Lang
Duração: 107 min.
Andrew é um aluno da melhor faculdade de música dos Estados Unidos. Seu sonho é ser um baterista famoso como seu ídolo Buddy Rich. E, para isso, ele não pretende poupar esforços, horas de estudo e treinos que o levem a exaustão se for preciso. Tudo piora quando ele chama a atenção do professor Terence Fletcher, reverenciado e temido por toda a escola. Ele entra para a orquestra principal da instituição, mas isso só fará ele ser ainda mais cobrado.
Damien Chazelle conseguiu construir uma sinfonia em diversos tons. É um filme de música, com música. Mas, é também um filme sobre ambição, educação, superação e obsessão. É psicologicamente estafante porque o diretor e roteirista nos coloca na pele dos personagens de uma maneira tão intensa que sentimos o medo da mão do professor a cada sinal para parar a música. Talvez, por isso, o filme pareça mais longo do que é, o que não chega a ser algo ruim.
É interessante o quanto professor e aluno se parecem em diversos aspectos. O orgulho, a arrogância, a obsessão pela perfeição os persegue em igual intensidade ainda que um seja o carrasco e o outro a aparente vítima. Isso torna tudo ainda mais instigante, porque não vemos ali o vilão e o mocinho. Os dois se provocam, se fazem mal e bem ao mesmo tempo. Esse eterno questionamento do limite do jogo é que nos faz continuar ali, presos ao processo.
J.K. Simmons nos apresenta um professor que passa a admiração e o temor apenas com sua presença, sua postura, olhar. Desde a cena inicial, entendemos sua personalidade, seu rigor, seu sarcasmo. Da mesma forma que Miles Teller sustenta o jovem estudante de uma maneira intensa. Sua obsessão e orgulho pelo que vai conquistando fica claro a cada momento, mesmo quando vai ao cinema com o pai, ou paquera a bela balconista da bomboniere.
Mas, é em uma cena de um jantar em família que fica clara sua personalidade tão próxima do mestre. Temos ali um choque de referências, com as pessoas vibrando por conquistas que conhecem, sem compreender o que significa ele entrar para a orquestra de Shaffer. Sua irritação é crescente, seu orgulho vai inflando e, quando ele larga suas agressões aos familiares, lembra bem o professor massacrando os alunos durante os treinos. São duas faces de uma mesma moeda e, por isso, o embate é tão forte. Mais intenso do que o que vemos em Nascido para Matar, por exemplo, onde o comandante só parecia ter prazer em tripudiar de seu pelotão. Ou mais forte que em Cisne Negro, onde o diretor e Nina não pareciam ter uma sintonia tão grande.
Damien Chazelle ainda nos mostra isso com uma força imensa em suas imagens. São muitas cenas de ponto de vista dos personagens, enquadramentos que causam tensão e suspense. Sem falar na montagem que segue o ritmo do jazz de maneira tão visceral que nos parece que a música é quem conta tudo aquilo. Não por acaso é difícil sair da sala antes do final dos créditos, seguindo o ritmo dos acordes da música que dá nome ao filme.
Whiplash: Em Busca da Perfeição é um filme intenso e envolvente que discute exatamente essa busca e cobrança desenfreada pela perfeição. Discute também até que ponto um professor pode exigir de um aluno e quais os limites da educação. Mas, acima de tudo, é um filme sobre música, as dores e as delícias de se viver para ela. Um filme que nos absorve em diversos sentidos.
Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014 / EUA)
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Com: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist, Paul Reiser, Austin Stowell, Nate Lang
Duração: 107 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
2015-01-12T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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