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Grandes Olhos
Grandes Olhos
Após alguns investidas frustradas e acusações de desgaste criativo, Tim Burton se vale de uma estranha história real para realizar uma obra com um tom mais naturalista, quase esquemático. Mas, que surpreendentemente funciona bem, contando uma história de maneira agradável e envolvente.
A história poderia ter saído da cabeça de Tim Burton. Margaret, uma pintora tímida e insegura, conhece o esperto Walter Keane que também se apresenta como pintor. Os dois se casam e Keane começa a vender as obras de ambos, mas acaba assumindo a autoria das pinturas de sua esposa que retrata crianças com grandes olhos, quando esta começa a fazer sucesso.
Aos que dizem não reconhecer Tim Burton na obra, além do tema nonsense, a própria obra de Margaret Keane com crianças estranhamente ampliadas com aqueles olhos nos lembra seus personagens. Fora, algumas licenças poéticas exageradas como um tribunal performático ou, de maneira mais explícita, uma cena no supermercado onde a imaginação toma conta da protagonista.
De qualquer maneira, a estrutura de Grandes Olhos é mesmo é mesmo mais tradicional. Temos toda a estrutura de plots e construção de curva dramática por tópicos, temos os papéis bem definidos de protagonistas e antagonistas e, mesmo as surpresas que a trama pensa reservar, são fáceis de imaginar. Tem, inclusive, a narração em voz over como guia da trama nos mostrando toda a trajetória de Margaret, a começar pela fuga do primeiro casamento "quando isso ainda não era moda", como brinca a narração.
Este é o tema por trás do filme, a situação da mulher nos anos cinquenta, dependente de um homem para ser alguém. A justificativa para que Margaret assine as obras apenas com o sobrenome Keane, o que facilita a troca de identidades dos pintores, é que ninguém compraria um quadro pintado por uma mulher. Logo no início vemos uma feira ao ar livre onde um casal não aceita pagar dois dólares por um de seus retratos, oferecendo apenas um, enquanto que logo ao lado, Walter Keane vende os seus por trinta dólares.
Mas, se na trama as mulheres não parecem ter vez, sendo os holofotes todos virados para Walter Keane, quem brilha mesmo por trás dos personagens é Amy Adams, criando uma Margaret extremamente tímida, sem jeito, apagada, mas ao mesmo tempo com uma força incrível ao pintar e falar de suas criações. Já Christoph Waltz, traz ecos de seus personagens mais famosos em Hollywood, apesar do talento evidente e um show à parte na cena do tribunal.
Grandes Olhos pode não demonstrar a criatividade latente de Tim Burton que já brincou inclusive com cinebiografias em um excelente Ed Wood, ou com o próprio melodrama, em obras como Peixe Grande ou Edward Mãos de Tesoura. Mas, apesar da estrutura mais tradicional, há personagens e elementos fantásticos na obra que em seu conjunto agradam. Torço para que esse exercício nos traga de volta o diretor que conquistou multidões com seu estilo próprio, principalmente agora, que ele trabalha na continuação de seu primeiro sucesso: Beetlejuice 2.
Grandes Olhos (Big Eyes, 2014 / EUA)
Direção: Tim Burton
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Com: Amy Adams, Christoph Waltz, Krysten Ritter
Duração: 106 min.
A história poderia ter saído da cabeça de Tim Burton. Margaret, uma pintora tímida e insegura, conhece o esperto Walter Keane que também se apresenta como pintor. Os dois se casam e Keane começa a vender as obras de ambos, mas acaba assumindo a autoria das pinturas de sua esposa que retrata crianças com grandes olhos, quando esta começa a fazer sucesso.
Aos que dizem não reconhecer Tim Burton na obra, além do tema nonsense, a própria obra de Margaret Keane com crianças estranhamente ampliadas com aqueles olhos nos lembra seus personagens. Fora, algumas licenças poéticas exageradas como um tribunal performático ou, de maneira mais explícita, uma cena no supermercado onde a imaginação toma conta da protagonista.
De qualquer maneira, a estrutura de Grandes Olhos é mesmo é mesmo mais tradicional. Temos toda a estrutura de plots e construção de curva dramática por tópicos, temos os papéis bem definidos de protagonistas e antagonistas e, mesmo as surpresas que a trama pensa reservar, são fáceis de imaginar. Tem, inclusive, a narração em voz over como guia da trama nos mostrando toda a trajetória de Margaret, a começar pela fuga do primeiro casamento "quando isso ainda não era moda", como brinca a narração.
Este é o tema por trás do filme, a situação da mulher nos anos cinquenta, dependente de um homem para ser alguém. A justificativa para que Margaret assine as obras apenas com o sobrenome Keane, o que facilita a troca de identidades dos pintores, é que ninguém compraria um quadro pintado por uma mulher. Logo no início vemos uma feira ao ar livre onde um casal não aceita pagar dois dólares por um de seus retratos, oferecendo apenas um, enquanto que logo ao lado, Walter Keane vende os seus por trinta dólares.
Mas, se na trama as mulheres não parecem ter vez, sendo os holofotes todos virados para Walter Keane, quem brilha mesmo por trás dos personagens é Amy Adams, criando uma Margaret extremamente tímida, sem jeito, apagada, mas ao mesmo tempo com uma força incrível ao pintar e falar de suas criações. Já Christoph Waltz, traz ecos de seus personagens mais famosos em Hollywood, apesar do talento evidente e um show à parte na cena do tribunal.
Grandes Olhos pode não demonstrar a criatividade latente de Tim Burton que já brincou inclusive com cinebiografias em um excelente Ed Wood, ou com o próprio melodrama, em obras como Peixe Grande ou Edward Mãos de Tesoura. Mas, apesar da estrutura mais tradicional, há personagens e elementos fantásticos na obra que em seu conjunto agradam. Torço para que esse exercício nos traga de volta o diretor que conquistou multidões com seu estilo próprio, principalmente agora, que ele trabalha na continuação de seu primeiro sucesso: Beetlejuice 2.
Grandes Olhos (Big Eyes, 2014 / EUA)
Direção: Tim Burton
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Com: Amy Adams, Christoph Waltz, Krysten Ritter
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Olhos
2015-02-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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