
Ivan Locke é o típico homem bem sucedido. Feliz em seu casamento de quinze anos, com dois filhos que adora, admirado no trabalho, onde é considerado o melhor em sua área, mestre de obras que coordena demolições e construções, responsável. Mas, um dia, ele tem que ir à Londres, deixando a mulher e os filhos esperando em um divertido encontro familiar assistindo a um jogo de futebol, além de seu trabalho que tem uma entrega importante, a mais importante da companhia. Tudo isso, para consertar o único erro que cometeu em todo esse tempo.

De tudo a nada, ele vai em apenas noventa minutos, enquanto dirige freneticamente até a capital da Inglaterra. E é impressionante que, apesar de estarmos lá, no carro junto com ele, vamos viajando mentalmente por onde as conversas nos levam. Então, acompanhamos os filhos dele vibrando com o jogo na televisão, sua esposa no banheiro chorando, seu chefe desesperado em casa, seu funcionário nervoso no escritório, e, claro, Bethan e os médicos no hospital.

A câmera varia, nos mostrando partes da estrada, detalhes do painel, e até o banco traseiro, mas o foco é sempre Locke, suas expressões e suas emoções. E é impressionante como nada disso fica monótono ou cansativo. A ação se sustenta por toda a viagem, na tentativa de consertar cada ponta solta. Até os gols da partida perdida vamos sabendo com detalhes de dribles.
Locke é daqueles filmes intensos, instigantes e envolventes que nos prendem com muito poucos recursos. Um ótimo roteiro e bons atores que vão nos dando as ferramentas para acompanharmos tudo aquilo.
Locke (Locke, 2014 / Reino Unido)
Direção: Steven Knight
Roteiro: Steven Knight
Com: Tom Hardy, Olivia Colman, Ruth Wilson
Duração: 85 min.