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Kingsman: Serviço Secreto
Kingsman: Serviço Secreto
O cinema está repleto de espiões famosos. Assim como de organizações secretas. E também de histórias de mestres e aprendizes. Kingsman: Serviço Secreto tem um pouco de cada um deles, mas ainda assim consegue soar original em sua fórmula.
Adaptado da série de quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons, o roteiro nos mostra a trajetória de Eggsy, um garoto que vive na periferia de Londres com a mãe e um padrasto violento, tendo como futuro incerto o mundo do crime. Até que surge em sua frente o agente Harry Hart, de uma organização que está recrutando um novo membro ao mesmo tempo em que tentam impedir um mirabolante plano do vilão Valentine.
Uma das coisas que já chama a atenção em Kingsman são as referências e a forma como brinca com elas. Por exemplo, o plano do vilão, vivido por Samuel L. Jackson não nos é apresentado nem durante a sua construção nem naquele momento esperado em que "Eu conto todo o meu plano, enquanto você tenta descobrir uma forma de me parar". Esse tipo de escolha torna o filme especial e envolvente exatamente por brincar com os clichês que possivelmente utilize.
O mundo criado nos subterrâneos de uma alfaiataria não é inovador. Pelo contrário, vamos identificando relações óbvias como James Bond, Agente 86, Homens de Preto. E outras conceituais como Karatê Kid ou Kick Ass. Mas, o que torna Kingsman único é o fato de não esconder isso de sua própria essência. Eles são uma mistura de tudo e brincam com isso, inclusive nas frases de seus personagens que são fãs de tudo isso, a ponto de utilizarem como codinomes de trabalho os nomes dos cavaleiros da Távola Redonda do Rei Artur.
Aliás, a junção de cavaleiro (knight) com cavalheiro (gentleman) é a essência do Kingsman e os testes que os recrutas passam acabam sendo uma prova disso. Trabalho em equipe, lealdade, inteligência, capacidade de cumprir ordens e fazer o que é necessário em momentos críticos. Mas, acima de tudo, um cavalheiro, como um bom inglês, não perde a fleuma nem mesmo no momento da luta. Vide o ritual que Colin Firth segue quando vai dar uma lição na gangue que persegue Eggsy.
São os detalhes que nos encantam, ainda que o conjunto da obra seja bem orquestrado, com cenas de ação impressionantes, lutas que parecem uma dança de tão bem coreografadas e efeitos especiais bem construídos. Destaque ainda para a composição de efeitos emocionais, vide a expressão de JB, cão da raça Pug, em um momento crucial para ele e Eggsy. Nem o agente F de MIB conseguiu um feito tão convincente.
Como se não bastassem as referências, diversão e criatividade, ainda existe, claro, uma crítica social interessante que tem a ver com o plano mirabolante de Valentine para "salvar o mundo". A construção do plano, as bases que o fazem ser "justificável" e a resolução são apresentados em formato de brincadeira, mas que, no fundo, constroem um reflexão profunda sobre o nosso comportamento nesse mundo.
Kingsman: Serviço Secreto é daqueles filmes divertidos e bem feitos que pode não se tornar um clássico do gênero, mas não deixa de trazer o seu tempero especial para um formato que já está tão requentado.
Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, 2014 / Reino Unido)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn
Com: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Mark Strong, Michael Caine
Duração: 129 min.
Adaptado da série de quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons, o roteiro nos mostra a trajetória de Eggsy, um garoto que vive na periferia de Londres com a mãe e um padrasto violento, tendo como futuro incerto o mundo do crime. Até que surge em sua frente o agente Harry Hart, de uma organização que está recrutando um novo membro ao mesmo tempo em que tentam impedir um mirabolante plano do vilão Valentine.
Uma das coisas que já chama a atenção em Kingsman são as referências e a forma como brinca com elas. Por exemplo, o plano do vilão, vivido por Samuel L. Jackson não nos é apresentado nem durante a sua construção nem naquele momento esperado em que "Eu conto todo o meu plano, enquanto você tenta descobrir uma forma de me parar". Esse tipo de escolha torna o filme especial e envolvente exatamente por brincar com os clichês que possivelmente utilize.
O mundo criado nos subterrâneos de uma alfaiataria não é inovador. Pelo contrário, vamos identificando relações óbvias como James Bond, Agente 86, Homens de Preto. E outras conceituais como Karatê Kid ou Kick Ass. Mas, o que torna Kingsman único é o fato de não esconder isso de sua própria essência. Eles são uma mistura de tudo e brincam com isso, inclusive nas frases de seus personagens que são fãs de tudo isso, a ponto de utilizarem como codinomes de trabalho os nomes dos cavaleiros da Távola Redonda do Rei Artur.
Aliás, a junção de cavaleiro (knight) com cavalheiro (gentleman) é a essência do Kingsman e os testes que os recrutas passam acabam sendo uma prova disso. Trabalho em equipe, lealdade, inteligência, capacidade de cumprir ordens e fazer o que é necessário em momentos críticos. Mas, acima de tudo, um cavalheiro, como um bom inglês, não perde a fleuma nem mesmo no momento da luta. Vide o ritual que Colin Firth segue quando vai dar uma lição na gangue que persegue Eggsy.
São os detalhes que nos encantam, ainda que o conjunto da obra seja bem orquestrado, com cenas de ação impressionantes, lutas que parecem uma dança de tão bem coreografadas e efeitos especiais bem construídos. Destaque ainda para a composição de efeitos emocionais, vide a expressão de JB, cão da raça Pug, em um momento crucial para ele e Eggsy. Nem o agente F de MIB conseguiu um feito tão convincente.
Como se não bastassem as referências, diversão e criatividade, ainda existe, claro, uma crítica social interessante que tem a ver com o plano mirabolante de Valentine para "salvar o mundo". A construção do plano, as bases que o fazem ser "justificável" e a resolução são apresentados em formato de brincadeira, mas que, no fundo, constroem um reflexão profunda sobre o nosso comportamento nesse mundo.
Kingsman: Serviço Secreto é daqueles filmes divertidos e bem feitos que pode não se tornar um clássico do gênero, mas não deixa de trazer o seu tempero especial para um formato que já está tão requentado.
Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, 2014 / Reino Unido)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn
Com: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Mark Strong, Michael Caine
Duração: 129 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Kingsman: Serviço Secreto
2015-06-24T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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