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Renato Terra
Ricardo Calil
Eu Sou Carlos Imperial
Eu Sou Carlos Imperial
O documentário sobre Carlos Imperial já começa bem. Um clipe na praia com o empresário, compositor, cantor, apresentador mais controverso do país correndo na praia ao som de um de seus sucessos: "Mamãe Passou Açúcar em Mim". E ao lado dele, milhares de mulheres. Esse é o retrato do artista que, com suas atitudes, em um mundo de hoje, estaria preso ou no mínimo com uma coleção imensa de processos judiciais sérios.
Carlos Imperial se auto-denominava um cafajeste. Porque segundo ele próprio, foi assim que ele descobriu que pegaria muitas mulheres. Mas, era também um homem inteligente e galanteador, capaz de gestos delicados. Mais do que isso, quando gostava de uma pessoa, fazia de tudo por ela. Lançou muitos artistas, ajudou muita gente, mas também passou a perna em um grande números de pessoas. Como esquecer o boato por exemplo que quase acabou com a carreira de Mário Gomes?
Ele lançou nomes como Roberto Carlos, Elis Regina, Wilson Simonal, Tim Maia. Foi praticamente o pai da Jovem Guarda e assina grandes sucessos da nossa música. Algumas delas, ele não era o autor de fato, como a canção popular Meu Limão Meu Limoeiro, mas o senso de oportunidade do artista sempre o fez estar à frente no planejamento da própria carreira e dos outros. Não por acaso, inventou "verdades absolutas" como o fato de os Beatles terem gravado uma versão de Asa Branca. Ou ele ter feito uma adaptação de um conto de Pasolini para os cinemas.
Cinema esse em que se dizia o "Orson Welles brasileiro" e com sua mente fértil fazia milhares de filmes sem roteiro ou censura, em sua maioria onde ele também atuava e tinha muitas cenas de sexo explícito. Foi em um desses filmes em que conheceu o ator Mário Gomes que não gostou do cartaz que ele produziu onde ele aparecia de travesti e proibiu sua exibição, sendo o estopim para tornar-se inimigo número um do empresário.
O documentário de Renato Terra e Ricardo Calil procura retratar essa figura polêmica sem julgá-la. Todos esses fatos controversos são expostos por depoimentos de pessoas que conviveram com ele. Artistas ajudados ou prejudicados, mas que conduziram de maneira natural a passagem daquele homem por suas vidas. A ausência de um depoimento de Mário Gomes é sentida, mas, talvez o ator queira esquecer esse momento de sua vida.
Os depoimentos mais marcantes acabam sendo de seus filhos Marco Antônio e Maria Luíza que possuem lembranças e relações bem distintas com o pai. Maria Luíza diz que o via como um amigo mais velho, "nunca consegui ter nele a figura de um pai". E lidava com naturalidade com sua casa sempre cheia de mulheres nuas ou semi-nuas. Já Marco Antônio possui uma relação mais intensa, tendo sofrido com cobranças e brigas ao ponto de ser expulso de casa por querer namorar ou ser deserdado por ter um filho. Seus depoimentos são os momentos mais intensos do filme.
Além dos filhos, diversos artistas dão depoimentos, além de pesquisadores que vão reconstruindo a vida e momentos marcantes de Carlos Imperial junto a imagens de arquivo, com entrevistas antigas do artista, cenas de seu programa na televisão e filmes feitos por ele. Eu Sou Carlos Imperial impressiona pela figura que retrata, nos dando apenas um vislumbre desse que foi, talvez, o personagem mais controverso da cultura popular brasileira.
Filme visto no In-Edit 2015 - Etapa Salvador.
Eu Sou Carlos Imperial (2015, Brasil)
Direção: Renato Terra e Ricardo Calil
Duração: 90 min.
Carlos Imperial se auto-denominava um cafajeste. Porque segundo ele próprio, foi assim que ele descobriu que pegaria muitas mulheres. Mas, era também um homem inteligente e galanteador, capaz de gestos delicados. Mais do que isso, quando gostava de uma pessoa, fazia de tudo por ela. Lançou muitos artistas, ajudou muita gente, mas também passou a perna em um grande números de pessoas. Como esquecer o boato por exemplo que quase acabou com a carreira de Mário Gomes?
Ele lançou nomes como Roberto Carlos, Elis Regina, Wilson Simonal, Tim Maia. Foi praticamente o pai da Jovem Guarda e assina grandes sucessos da nossa música. Algumas delas, ele não era o autor de fato, como a canção popular Meu Limão Meu Limoeiro, mas o senso de oportunidade do artista sempre o fez estar à frente no planejamento da própria carreira e dos outros. Não por acaso, inventou "verdades absolutas" como o fato de os Beatles terem gravado uma versão de Asa Branca. Ou ele ter feito uma adaptação de um conto de Pasolini para os cinemas.
Cinema esse em que se dizia o "Orson Welles brasileiro" e com sua mente fértil fazia milhares de filmes sem roteiro ou censura, em sua maioria onde ele também atuava e tinha muitas cenas de sexo explícito. Foi em um desses filmes em que conheceu o ator Mário Gomes que não gostou do cartaz que ele produziu onde ele aparecia de travesti e proibiu sua exibição, sendo o estopim para tornar-se inimigo número um do empresário.
O documentário de Renato Terra e Ricardo Calil procura retratar essa figura polêmica sem julgá-la. Todos esses fatos controversos são expostos por depoimentos de pessoas que conviveram com ele. Artistas ajudados ou prejudicados, mas que conduziram de maneira natural a passagem daquele homem por suas vidas. A ausência de um depoimento de Mário Gomes é sentida, mas, talvez o ator queira esquecer esse momento de sua vida.
Os depoimentos mais marcantes acabam sendo de seus filhos Marco Antônio e Maria Luíza que possuem lembranças e relações bem distintas com o pai. Maria Luíza diz que o via como um amigo mais velho, "nunca consegui ter nele a figura de um pai". E lidava com naturalidade com sua casa sempre cheia de mulheres nuas ou semi-nuas. Já Marco Antônio possui uma relação mais intensa, tendo sofrido com cobranças e brigas ao ponto de ser expulso de casa por querer namorar ou ser deserdado por ter um filho. Seus depoimentos são os momentos mais intensos do filme.
Além dos filhos, diversos artistas dão depoimentos, além de pesquisadores que vão reconstruindo a vida e momentos marcantes de Carlos Imperial junto a imagens de arquivo, com entrevistas antigas do artista, cenas de seu programa na televisão e filmes feitos por ele. Eu Sou Carlos Imperial impressiona pela figura que retrata, nos dando apenas um vislumbre desse que foi, talvez, o personagem mais controverso da cultura popular brasileira.
Filme visto no In-Edit 2015 - Etapa Salvador.
Eu Sou Carlos Imperial (2015, Brasil)
Direção: Renato Terra e Ricardo Calil
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Eu Sou Carlos Imperial
2015-07-25T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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