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O Exterminador do Futuro: Gênesis
O Exterminador do Futuro: Gênesis
Em 1984, James Cameron levou aos cinemas The Terminator. Uma obra crua de ação e ficção científica que elevou seu nome na indústria cinematográfica, já que sua estreia nos cinemas não tinha sido algo digno de nota. O sucesso foi tanto que sete anos depois e com muito mais dinheiro e tecnologia, ele realizou a excelente continuação. Sábio foi ele que parou por aí, mas o Exterminador acabou sendo arrastado para um terceiro filme completamente esquecível que gerou um quarto igualmente problemático. Restou, então, um reboot e continuação ao mesmo tempo em Gênesis, um filme que pelo menos é digno do que foi criado pelo diretor de Titanic e Avatar.
A história é conhecida, ainda que com algumas mudanças. Em determinado momento da história da humanidade, as máquinas tomam o controle do mundo, capitaneadas pela Skynet, mas os humanos tem sua resistência. É enviado, então, um exterminador para matar Sarah Connor, a mãe do líder dos humanos John Connor, antes que ele seja concebido. Mas, John envia Kyle Reese para o passado, na tentativa de proteger sua mãe. O problema é que aquilo que ela tinha lhe contado sobre como foi a história não vai ser a realidade que Kyle vai encontrar em 1984.
Não queiram saber muito mais do que isso, conselho de amiga. O trailer do filme, por exemplo, possui um spoiler que prejudica boa parte da expectativa da trama. Toda viagem no tempo gera mudança, vide a jornada de Marty McFly que a cada visita ao passado ou futuro, gera mudanças na realidade conhecida. É natural, então, que a ida de Kyle e do Exterminador no primeiro retorno a 1984 geraria outras informações para a Skynet que traçaria outras estratégias para o passado. Afinal, o seu intento continua ser destruir a humanidade e essa resistência reforçada pela família Connor é um problema.
É curioso, no entanto, a preocupação de Alan Taylor em reverenciar a obra de James Cameron a todo momento, inclusive com a chegada do T-800 ao passado, com semelhanças em cenários e planos. Isso sem falar no incrível CGI que dá vida à versão original de Arnold Schwarzenegger em rosto, juventude e músculos. A cena dele chegando ao passado, com direito a um close com uma virada de rosto para explicitar os detalhes é de deixar qualquer um impressionado.
A homenagem ao ator e a obra original continua com a participação do próprio Schwarzenegger como outro T-800 envelhecido. A justificativa na trama é de que a pele do exterminador envelhece, já que é humana. Esse fato serve também para uma reafirmação da capacidade da terceira idade e uma crítica ao preconceito para com eles. "Velho, sim, mas não obsoleto", ele repete em diversos momentos. Um ator de ação não pode continuar atuando mesmo depois de uma certa idade? O ex-governador da Califórnia demonstra que sim.
Como é de se esperar, o filme possui efeitos especiais incríveis e uma ação competente que nos envolve e nos deixa tensos em diversos momentos. Porém, o roteiro parece querer insistir no mesmo tema que já foi esgotado nos dois primeiros filmes. A ambição humana de ser uma espécie de Deus, a supremacia das máquinas sobre isso, que, com inteligência, são capazes de se renovar a cada instante, estando sempre um passo a frente da humanidade. Algumas escolhas do roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier incomodam não apenas por isso, mas por uma decisão quase tola na criação do antagonista perfeito para essa nova Sarah Connor, Kyle Reese e o velho exterminador, que nos faz lembrar os dilemas de Robocop.
Mais de trinta anos depois, é interessante ainda observar como os filmes de ação evoluíram. Não apenas na questão tecnológica e no ritmo da montagem, sempre mais acelerada e alucinante. Mas, também na questão de gênero e no papel da mulher nesse tipo de filme. Em 84, Sarah Connor era uma mulher indefesa e quase histérica que precisava ser salva por Kyle. No segundo filme, ela se torna heroína, mas para isso se masculiniza e fica quase louca. Agora, temos uma Sarah Connor feminina e nem por isso, menos heroína, inteligente e ágil que salva Kyle mais vezes do que ele a ela. É curioso ainda perceber que a atriz Linda Hamilton possuía na época a mesma idade de Emilia Clarke hoje, 28 anos. Porém, a atriz de Game of Thrones possui uma aparência de menina, enquanto a ex-mulher de James Cameron possuía uma aparência muito mais madura, pela postura, roupas e cabelo demonstrando um reflexo da época.
De qualquer maneira, O Exterminador do Futuro: Gênesis é um competente filme de ação. Nos deixa presos à sua narrativa que nem parece durar mais de duas horas, envolvendo com a jornada daqueles personagens que já nos são caros há muito tempo. O problema apenas é que ao final da sessão fica a sensação de estar rodando em círculos ao redor de um tema que já teve o seu ponto final em algum lugar do passado que insiste em retornar de maneira diferente.
Ah, tem uma cena após os primeiros créditos que podem deixar fãs animados ou ainda mais cansados.
O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys, 2015 / EUA)
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Laeta Kalogridis, Patrick Lussier
Com: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke, Jai Courtney, J.K. Simmons
Duração: 126 min.
A história é conhecida, ainda que com algumas mudanças. Em determinado momento da história da humanidade, as máquinas tomam o controle do mundo, capitaneadas pela Skynet, mas os humanos tem sua resistência. É enviado, então, um exterminador para matar Sarah Connor, a mãe do líder dos humanos John Connor, antes que ele seja concebido. Mas, John envia Kyle Reese para o passado, na tentativa de proteger sua mãe. O problema é que aquilo que ela tinha lhe contado sobre como foi a história não vai ser a realidade que Kyle vai encontrar em 1984.
Não queiram saber muito mais do que isso, conselho de amiga. O trailer do filme, por exemplo, possui um spoiler que prejudica boa parte da expectativa da trama. Toda viagem no tempo gera mudança, vide a jornada de Marty McFly que a cada visita ao passado ou futuro, gera mudanças na realidade conhecida. É natural, então, que a ida de Kyle e do Exterminador no primeiro retorno a 1984 geraria outras informações para a Skynet que traçaria outras estratégias para o passado. Afinal, o seu intento continua ser destruir a humanidade e essa resistência reforçada pela família Connor é um problema.
É curioso, no entanto, a preocupação de Alan Taylor em reverenciar a obra de James Cameron a todo momento, inclusive com a chegada do T-800 ao passado, com semelhanças em cenários e planos. Isso sem falar no incrível CGI que dá vida à versão original de Arnold Schwarzenegger em rosto, juventude e músculos. A cena dele chegando ao passado, com direito a um close com uma virada de rosto para explicitar os detalhes é de deixar qualquer um impressionado.
A homenagem ao ator e a obra original continua com a participação do próprio Schwarzenegger como outro T-800 envelhecido. A justificativa na trama é de que a pele do exterminador envelhece, já que é humana. Esse fato serve também para uma reafirmação da capacidade da terceira idade e uma crítica ao preconceito para com eles. "Velho, sim, mas não obsoleto", ele repete em diversos momentos. Um ator de ação não pode continuar atuando mesmo depois de uma certa idade? O ex-governador da Califórnia demonstra que sim.
Como é de se esperar, o filme possui efeitos especiais incríveis e uma ação competente que nos envolve e nos deixa tensos em diversos momentos. Porém, o roteiro parece querer insistir no mesmo tema que já foi esgotado nos dois primeiros filmes. A ambição humana de ser uma espécie de Deus, a supremacia das máquinas sobre isso, que, com inteligência, são capazes de se renovar a cada instante, estando sempre um passo a frente da humanidade. Algumas escolhas do roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier incomodam não apenas por isso, mas por uma decisão quase tola na criação do antagonista perfeito para essa nova Sarah Connor, Kyle Reese e o velho exterminador, que nos faz lembrar os dilemas de Robocop.
Mais de trinta anos depois, é interessante ainda observar como os filmes de ação evoluíram. Não apenas na questão tecnológica e no ritmo da montagem, sempre mais acelerada e alucinante. Mas, também na questão de gênero e no papel da mulher nesse tipo de filme. Em 84, Sarah Connor era uma mulher indefesa e quase histérica que precisava ser salva por Kyle. No segundo filme, ela se torna heroína, mas para isso se masculiniza e fica quase louca. Agora, temos uma Sarah Connor feminina e nem por isso, menos heroína, inteligente e ágil que salva Kyle mais vezes do que ele a ela. É curioso ainda perceber que a atriz Linda Hamilton possuía na época a mesma idade de Emilia Clarke hoje, 28 anos. Porém, a atriz de Game of Thrones possui uma aparência de menina, enquanto a ex-mulher de James Cameron possuía uma aparência muito mais madura, pela postura, roupas e cabelo demonstrando um reflexo da época.
De qualquer maneira, O Exterminador do Futuro: Gênesis é um competente filme de ação. Nos deixa presos à sua narrativa que nem parece durar mais de duas horas, envolvendo com a jornada daqueles personagens que já nos são caros há muito tempo. O problema apenas é que ao final da sessão fica a sensação de estar rodando em círculos ao redor de um tema que já teve o seu ponto final em algum lugar do passado que insiste em retornar de maneira diferente.
Ah, tem uma cena após os primeiros créditos que podem deixar fãs animados ou ainda mais cansados.
O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys, 2015 / EUA)
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Laeta Kalogridis, Patrick Lussier
Com: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke, Jai Courtney, J.K. Simmons
Duração: 126 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Exterminador do Futuro: Gênesis
2015-07-01T08:30:00-03:00
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