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O Silêncio dos Inocentes
O Silêncio dos Inocentes
Rever filme antigo é sempre um risco, pois nossa memória pode nos decepcionar em diversos aspectos. Mas, é tão bom quando vemos uma obra que se apresenta ainda melhor do que nos recordávamos. Assim é O Silêncio dos Inocentes, baseado no livro de Thomas Harris que Jonathan Demme transpôs com primor para as telas.
Clarice Starling é uma cadete do F.B.I. que recebe uma incumbência inusitada, entrevistar um famoso prisioneiro de um hospital psiquiátrico: Dr. Hannibal Lecter, um psicopata canibal. A jovem consegue algo que muitos tentaram e não conseguiram até então, criar um vínculo com o prisioneiro que vai acabar ajudando-a a investigar um serial killer que captura mulheres e retira sua pele.
A primeira questão que chama a atenção neste suspense é o roteiro. Não por acaso foi um dos quatro escolhidos por Syd Field para analisar em detalhes no seu livro Quatro Roteiros. A maneira como a obra vai nos apresentando sua trama é impressionante. Desde a apresentação de Clarice, reforçando sua posição de mulher em uma academia repleta de homens, passando pela expectativa criada até a aparição de Hannibal Lecter, a relação que vai se formando dos dois, a investigação e o clímax que é extremamente bem elaborado, nos surpreendendo de maneira positiva em diversos momentos.
Claro, que muito do roteiro já vem do livro. O Silêncio dos Inocentes possui dois personagens incríveis e uma trama instigante. O embate e parceria de Clarice e Hannibal é muito bem orquestrado. E a transposição para as telas ficou ainda mais eficiente com a interpretação de dois grandes atores. Jodie Foster e, principalmente, Anthony Hopkins dão um verdadeiro show em suas composições. A ausência de emoção do psicopata com a tentativa de controlar as da sua investigadora gera contrastes que só enriquecem a obra, e que ambos conseguem transmitir com perfeição.
A direção não fica atrás, desde a mise-en-scène até as escolhas de planos, tudo ajuda a nos dar uma sensação de tensão constante. As informações vão sendo passadas aos poucos, estamos praticamente presos ao que Clarice sabe, mas mesmo assim temos a possibilidade de supor e nos adiantarmos a ela. Mesmo quando nossa suposição não é tão certa assim. Há momentos sublimes como a primeira aparição do Dr. Hannibal, o caminhar dela naquele conjunto de celas até se deparar com o constraste aquela última completamente asseada e um homem todo de branco, bem penteado e com expressão tranquila. É impressionante.
A montagem também é muito bem orquestrada, principalmente quando mistura passado e presente, ou ações em paralelo como a cena da campainha da porta que constrói de maneira sublime a expectativa do público. A montagem também chama a atenção na composição de imagens, quando Clarice fala de seu passado para Dr. Hannibal explicando o porquê de ter fugido de uma fazenda. Mesmo sem ver as cenas descritas, a maneira como os cortes vão sendo montados, as vozes dos atores, os efeitos sonoros vão nos levando para aquele lugar e quase ouvimos os gritos dos cordeiros.
A metáfora do silêncio que Clarice busca torna o filme ainda mais belo. Tudo aqui nos traz ironia, um psicopata que ajuda a perseguir outro. Uma atormentada pela injustiça que busca se tornar parte da lei. Um homem que quer créditos por algo que não foi ele quem fez. Um ser que tira vidas daqueles que gostaria de ser. Uma sociedade em colapso, em um mundo onde não se pode mais confiar em ninguém.
O Silêncio dos Inocentes é daqueles filmes que ecoam em nossa mente. Nos encantam e nos assustam. Mas, acima de tudo nos fazem encantar ainda mais pelo bom cinema.
O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991 / EUA)
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Ted Tally
Com: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Lawrence A. Bonney
Duração: 118 min.
Clarice Starling é uma cadete do F.B.I. que recebe uma incumbência inusitada, entrevistar um famoso prisioneiro de um hospital psiquiátrico: Dr. Hannibal Lecter, um psicopata canibal. A jovem consegue algo que muitos tentaram e não conseguiram até então, criar um vínculo com o prisioneiro que vai acabar ajudando-a a investigar um serial killer que captura mulheres e retira sua pele.
A primeira questão que chama a atenção neste suspense é o roteiro. Não por acaso foi um dos quatro escolhidos por Syd Field para analisar em detalhes no seu livro Quatro Roteiros. A maneira como a obra vai nos apresentando sua trama é impressionante. Desde a apresentação de Clarice, reforçando sua posição de mulher em uma academia repleta de homens, passando pela expectativa criada até a aparição de Hannibal Lecter, a relação que vai se formando dos dois, a investigação e o clímax que é extremamente bem elaborado, nos surpreendendo de maneira positiva em diversos momentos.
Claro, que muito do roteiro já vem do livro. O Silêncio dos Inocentes possui dois personagens incríveis e uma trama instigante. O embate e parceria de Clarice e Hannibal é muito bem orquestrado. E a transposição para as telas ficou ainda mais eficiente com a interpretação de dois grandes atores. Jodie Foster e, principalmente, Anthony Hopkins dão um verdadeiro show em suas composições. A ausência de emoção do psicopata com a tentativa de controlar as da sua investigadora gera contrastes que só enriquecem a obra, e que ambos conseguem transmitir com perfeição.
A direção não fica atrás, desde a mise-en-scène até as escolhas de planos, tudo ajuda a nos dar uma sensação de tensão constante. As informações vão sendo passadas aos poucos, estamos praticamente presos ao que Clarice sabe, mas mesmo assim temos a possibilidade de supor e nos adiantarmos a ela. Mesmo quando nossa suposição não é tão certa assim. Há momentos sublimes como a primeira aparição do Dr. Hannibal, o caminhar dela naquele conjunto de celas até se deparar com o constraste aquela última completamente asseada e um homem todo de branco, bem penteado e com expressão tranquila. É impressionante.
A montagem também é muito bem orquestrada, principalmente quando mistura passado e presente, ou ações em paralelo como a cena da campainha da porta que constrói de maneira sublime a expectativa do público. A montagem também chama a atenção na composição de imagens, quando Clarice fala de seu passado para Dr. Hannibal explicando o porquê de ter fugido de uma fazenda. Mesmo sem ver as cenas descritas, a maneira como os cortes vão sendo montados, as vozes dos atores, os efeitos sonoros vão nos levando para aquele lugar e quase ouvimos os gritos dos cordeiros.
A metáfora do silêncio que Clarice busca torna o filme ainda mais belo. Tudo aqui nos traz ironia, um psicopata que ajuda a perseguir outro. Uma atormentada pela injustiça que busca se tornar parte da lei. Um homem que quer créditos por algo que não foi ele quem fez. Um ser que tira vidas daqueles que gostaria de ser. Uma sociedade em colapso, em um mundo onde não se pode mais confiar em ninguém.
O Silêncio dos Inocentes é daqueles filmes que ecoam em nossa mente. Nos encantam e nos assustam. Mas, acima de tudo nos fazem encantar ainda mais pelo bom cinema.
O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991 / EUA)
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Ted Tally
Com: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Lawrence A. Bonney
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Silêncio dos Inocentes
2015-07-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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