Um Senhor Estagiário
Um Senhor Estagiário tem um trocadilho bobo, mas toca em assuntos extremamente importantes como a questão do idoso e da mulher no mercado de trabalho. Daquelas comédias sensíveis, inteligentes e divertidas que Nancy Meyers já demonstrou fazer.
Anne Hathaway agora é a chefe que precisa lidar com um estagiário, só que ele é idoso. Se fosse Meryl Streep daria uma bela piada com O Diabo Veste Prada, mas é Robert DeNiro, outro grande ator que cria uma química incrível com a bela jovem e bem sucedida chefe. Do atrito inicial começa a surgir uma bela amizade e lições de vida.
O grande mote do filme nem chega a ser a questão do idoso, apesar desta também ser abordada, mas a questão feminina. Jules Ostin é uma jovem empreendedora que começou seu negócio em casa, foi ampliando aos poucos e quando viu já estava gerenciando uma empresa com mais de 200 funcionários. Porém, nunca deixou de fazer do seu próprio jeito e isso causa problemas pessoais.
É a velha questão da mulher trabalhando que não dá conta da casa, do marido e dos filhos. Preconceitos e tabus que continuam sendo apontados, principalmente pelas outras mães no colégio da filha e na postura do marido que tem que ficar em casa cuidando do que tradicionalmente seria papel da mulher. Nancy Meyers nos passa isso de uma maneira muito tranquila no filme, sem apontar preconceitos de maneira exagerada, mas com a naturalidade dos diálogos causais e situações típicas.
Para completar, Jules é jovem e construiu tudo baseada no seu próprio feeling, os investidores preferem que ela contrate um CEO mais experiente, gerando novos conflitos para ela, ainda que vislumbre com isso mais tempo para a família. Este é o grande plot do filme. Encontrar um CEO não é simplesmente uma tarefa de contratar um funcionário, mas colocar nas mãos de um estranho o futuro de sua empresa. O roteiro é bastante feliz ao passar todo o drama que isso significa e nos faz lembrar de Steve Jobs e as famosas brigas com o CEO da Apple.
Se falta tempo para as questões pessoais em Jules, Ben Whittaker é o oposto. Aposentado, viúvo com os filho morando longe. O que ele mais tem é tempo. O programa de estagiários para terceira idade é a oportunidade de se sentir útil novamente. A delicadeza da construção de Robert De Niro nos faz compreender a personagem com muita facilidade. Seja na vontade de ser útil, nas regras que se impõe no novo trabalho, como esperar a chefe para ir embora, ou mesmo na observação daquela mulher tão atarefada.
O mais interessante em Um Senhor Estagiário é que preconceitos, conceitos e recolocação de papéis são temas delicados tocados de uma maneira muito leve e divertida, nos envolvendo aos poucos na trama, na vida das personagens e naquele universo tão próximo da realidade. O ritmo é ágil, com muitas piadas e dinâmica nas cenas que não nos fazem ver o tempo passar.
Daqueles filmes que podem parecer clichês, mas funciona para toda a família.
Um Senhor Estagiário (The Intern, 2015 / EUA)
Direção: Nancy Meyers
Roteiro: Nancy Meyers
Com: Anne Hathaway, Robert De Niro, Rene Russo
Duração: 121 min.
Anne Hathaway agora é a chefe que precisa lidar com um estagiário, só que ele é idoso. Se fosse Meryl Streep daria uma bela piada com O Diabo Veste Prada, mas é Robert DeNiro, outro grande ator que cria uma química incrível com a bela jovem e bem sucedida chefe. Do atrito inicial começa a surgir uma bela amizade e lições de vida.
O grande mote do filme nem chega a ser a questão do idoso, apesar desta também ser abordada, mas a questão feminina. Jules Ostin é uma jovem empreendedora que começou seu negócio em casa, foi ampliando aos poucos e quando viu já estava gerenciando uma empresa com mais de 200 funcionários. Porém, nunca deixou de fazer do seu próprio jeito e isso causa problemas pessoais.
É a velha questão da mulher trabalhando que não dá conta da casa, do marido e dos filhos. Preconceitos e tabus que continuam sendo apontados, principalmente pelas outras mães no colégio da filha e na postura do marido que tem que ficar em casa cuidando do que tradicionalmente seria papel da mulher. Nancy Meyers nos passa isso de uma maneira muito tranquila no filme, sem apontar preconceitos de maneira exagerada, mas com a naturalidade dos diálogos causais e situações típicas.
Para completar, Jules é jovem e construiu tudo baseada no seu próprio feeling, os investidores preferem que ela contrate um CEO mais experiente, gerando novos conflitos para ela, ainda que vislumbre com isso mais tempo para a família. Este é o grande plot do filme. Encontrar um CEO não é simplesmente uma tarefa de contratar um funcionário, mas colocar nas mãos de um estranho o futuro de sua empresa. O roteiro é bastante feliz ao passar todo o drama que isso significa e nos faz lembrar de Steve Jobs e as famosas brigas com o CEO da Apple.
Se falta tempo para as questões pessoais em Jules, Ben Whittaker é o oposto. Aposentado, viúvo com os filho morando longe. O que ele mais tem é tempo. O programa de estagiários para terceira idade é a oportunidade de se sentir útil novamente. A delicadeza da construção de Robert De Niro nos faz compreender a personagem com muita facilidade. Seja na vontade de ser útil, nas regras que se impõe no novo trabalho, como esperar a chefe para ir embora, ou mesmo na observação daquela mulher tão atarefada.
O mais interessante em Um Senhor Estagiário é que preconceitos, conceitos e recolocação de papéis são temas delicados tocados de uma maneira muito leve e divertida, nos envolvendo aos poucos na trama, na vida das personagens e naquele universo tão próximo da realidade. O ritmo é ágil, com muitas piadas e dinâmica nas cenas que não nos fazem ver o tempo passar.
Daqueles filmes que podem parecer clichês, mas funciona para toda a família.
Um Senhor Estagiário (The Intern, 2015 / EUA)
Direção: Nancy Meyers
Roteiro: Nancy Meyers
Com: Anne Hathaway, Robert De Niro, Rene Russo
Duração: 121 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Senhor Estagiário
2015-09-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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