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Adam McKay
Brad Pitt
Christian Bale
critica
drama
Marisa Tomei
oscar 2016
Ryan Gosling
Steve Carell
A Grande Aposta
A Grande Aposta
Quando a situação está muito ruim, um ditado diz: "Se jogar uma lona, vira um circo. Se cercar, vira um hospício". Isso pode resumir de certa maneira a bolha imobiliária dos Estados Unidos que gerou uma crise em 2007 que quase destrói a economia mundial. Adam McKay foi feliz, então, ao contar essa história em tom de sátira, construindo um ótimo filme que nos deixa feliz pela técnica e triste pela raça humana.
Tudo começou quando o dono de uma pequena empresa de seguros, Michael Burry, resolve investir todo o seu dinheiro em um novo fundo que opere contra o mercado imobiliário. Ele fez isso ao perceber que, da forma como o negócio era feito, bastava tempo para quebrar, já que a inadimplência se acumulava e os bancos continuavam vendendo hipoteca em cima de hipoteca. Quando ele fez isso, chamou a atenção do corretor Jared Vennett que conseguiu contactar e convencer um dono de uma corretora, Mark Baum, de que seguir o exemplo de Burry era uma boa. E, paralelo a isso, dois novos investidores também descobrem a jogada e vão correr atrás da oportunidade, assessorados por Ben Rickert, um ex-guru de Wall Street.
A grande sacada do roteiro é costurar acontecimentos técnicos tão complexos de economia com piadas, simulações e metáforas que tornam a trama divertida e didática ao mesmo tempo. Tem uma metáfora do peixe, por exemplo, que é muito boa. Mas, o que torna o filme mais satírico é que vamos sendo conduzidos pelo personagem de Ryan Gosling, o corretor Jared Vennett. Isso porque ele é o mais anti-ético da história. E pouco se importa com o que está acontecendo, só quer ganhar dinheiro. Michael Burry, personagem de Christian Bale, é um nerd que quer provar um ponto. Mark Baum, personagem de Steve Carell, é um homem descrente do sistema que quer se vingar dos bancos. E os dois garotos assessorados por Brad Pitt são deslumbrados, enquanto que o mentor só entrou nessa para ajudar os meninos, pois a muito tempo desistiu de tudo isso.
Guiados pelo sarcasmo, vamos acompanhando a trama em seus pormenores. Em muitos momentos, o roteiro brinca com o real e a ficção, fazendo personagens pararem a cena para dizer que isso ou aquilo não foi exatamente assim. Temos também clipes de acontecimentos da época intercalando alguns acontecimentos como se dissessem, enquanto isso está para acontecer, o mundo está de olho nessas outras coisas. Ainda que de maneira cômica, há um amargor no texto que nos deixa desesperançosos ao final da sessão. Afinal, é muita transação ilícita e irresponsável como um cara que coloca a hipoteca no nome do próprio cachorro, ou a falta de cuidado em investigar quem vai fazer um novo empréstimo.
Além da escolha do roteiro e direção, outro grande trunfo do filme é o elenco, não apenas os principais. Todos funcionam perfeitamente no mesmo ritmo, até mesmo as participações especiais em esquetes que tentam explicar uma determinada situação. Mas, Christian Bale acaba sendo um destaque em meio aos grandes pela sua concepção de um homem recluso, com problemas de sociabilidade e um olho de vidro. É possível perceber a diferença dos dois olhos nos pequenos gestos.
A Grande Aposta demonstra, então, ser um grande filme. Não por acaso está bem cotado na corrida do Oscar, ainda mais após vencer o prêmio do Sindicato de Produtores. Ele pega um tema de difícil acesso para o público leigo e consegue contar uma história concisa, de maneira inteligente, crítica e divertida. Podemos não entender todos os pormenores daquela situação, mas fica muito claro o problema e os caminhos escolhidos por cada personagem.
A Grande Aposta (The Big Short, 2015 / EUA)
Direção: Adam McKay
Roteiro: Charles Randolph, Adam McKay
Com: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Brad Pitt
Duração: 130 min.
Tudo começou quando o dono de uma pequena empresa de seguros, Michael Burry, resolve investir todo o seu dinheiro em um novo fundo que opere contra o mercado imobiliário. Ele fez isso ao perceber que, da forma como o negócio era feito, bastava tempo para quebrar, já que a inadimplência se acumulava e os bancos continuavam vendendo hipoteca em cima de hipoteca. Quando ele fez isso, chamou a atenção do corretor Jared Vennett que conseguiu contactar e convencer um dono de uma corretora, Mark Baum, de que seguir o exemplo de Burry era uma boa. E, paralelo a isso, dois novos investidores também descobrem a jogada e vão correr atrás da oportunidade, assessorados por Ben Rickert, um ex-guru de Wall Street.
A grande sacada do roteiro é costurar acontecimentos técnicos tão complexos de economia com piadas, simulações e metáforas que tornam a trama divertida e didática ao mesmo tempo. Tem uma metáfora do peixe, por exemplo, que é muito boa. Mas, o que torna o filme mais satírico é que vamos sendo conduzidos pelo personagem de Ryan Gosling, o corretor Jared Vennett. Isso porque ele é o mais anti-ético da história. E pouco se importa com o que está acontecendo, só quer ganhar dinheiro. Michael Burry, personagem de Christian Bale, é um nerd que quer provar um ponto. Mark Baum, personagem de Steve Carell, é um homem descrente do sistema que quer se vingar dos bancos. E os dois garotos assessorados por Brad Pitt são deslumbrados, enquanto que o mentor só entrou nessa para ajudar os meninos, pois a muito tempo desistiu de tudo isso.
Guiados pelo sarcasmo, vamos acompanhando a trama em seus pormenores. Em muitos momentos, o roteiro brinca com o real e a ficção, fazendo personagens pararem a cena para dizer que isso ou aquilo não foi exatamente assim. Temos também clipes de acontecimentos da época intercalando alguns acontecimentos como se dissessem, enquanto isso está para acontecer, o mundo está de olho nessas outras coisas. Ainda que de maneira cômica, há um amargor no texto que nos deixa desesperançosos ao final da sessão. Afinal, é muita transação ilícita e irresponsável como um cara que coloca a hipoteca no nome do próprio cachorro, ou a falta de cuidado em investigar quem vai fazer um novo empréstimo.
Além da escolha do roteiro e direção, outro grande trunfo do filme é o elenco, não apenas os principais. Todos funcionam perfeitamente no mesmo ritmo, até mesmo as participações especiais em esquetes que tentam explicar uma determinada situação. Mas, Christian Bale acaba sendo um destaque em meio aos grandes pela sua concepção de um homem recluso, com problemas de sociabilidade e um olho de vidro. É possível perceber a diferença dos dois olhos nos pequenos gestos.
A Grande Aposta demonstra, então, ser um grande filme. Não por acaso está bem cotado na corrida do Oscar, ainda mais após vencer o prêmio do Sindicato de Produtores. Ele pega um tema de difícil acesso para o público leigo e consegue contar uma história concisa, de maneira inteligente, crítica e divertida. Podemos não entender todos os pormenores daquela situação, mas fica muito claro o problema e os caminhos escolhidos por cada personagem.
A Grande Aposta (The Big Short, 2015 / EUA)
Direção: Adam McKay
Roteiro: Charles Randolph, Adam McKay
Com: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Brad Pitt
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Grande Aposta
2016-01-31T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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