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Spotlight: Segredos Revelados
Spotlight: Segredos Revelados
Em 2002, um grupo de repórteres do Boston Globe chocou o mundo com uma contundente matéria sobre padres católicos pedófilos. Foi uma investigação tão contundente que eles acabaram levando o Prêmio Pulitzer. Spotlight: Segredos Revelados é um filme sobre essa investigação e tem seus méritos, apesar de não ser tão impressionante quanto a investigação em si.
Primeiro, precisamos entender as escolhas do diretor, e também um dos roteiristas,Tom McCarthy. A ele e ao outro roteirista Josh Singer não interessa exatamente entender os casos de pedofilia, nem a postura da Igreja em acobertá-los, nem mesmo na repercussão que isso pode vir a ter entre os fiéis. O foco é a investigação jornalística. É como essas personagens aceitaram o desafio de ir contra uma instituição tão forte e com tantos adeptos na cidade para trazer à luz os nomes dos padres e, mais do que isso, o esquema por trás deles, que os protegiam e os deslocavam para cidades diversas abafando escândalos.
Neste objetivo principal de demonstrar o processo investigativo dos repórteres o filme cumpre sua função. É instigante enquanto processo e o caso que retrata é assustadoramente envolvente. Queremos entender como aquilo pode acontecer assim, na frente de todos sem que ninguém veja, ou os que vejam não denunciem. Quando entra as falas do psiquiatra, é intrigante analisar a questão psicológica desses padres e a castração sexual que sofrem em sua formação acabando por se desviar para crimes tão absurdos com crianças inocentes. Torcemos para que a verdade venha à tona, mas o filme não se permite ir além.
Não vou aqui cair no engano de criticar o filme que gostaria de ter visto ou que penso que faria. Spotlight tem suas escolhas e é fiel a elas, apenas não me tocam quanto poderiam. Um tema tão forte e tão chocante não fica ecoando após a sessão porque tudo o que vem a mente é o ótimo trabalho de jornalismo investigativo que vimos. E este teve o seu final feliz, fechou o ciclo, não deixa margem para pensarmos, não deixa pontas soltas para preenchermos. Ao colocar a luz na investigação e não no caso, este fica quase esquecido, em segundo plano, sem tanto impacto.
Não nos envolvemos com a mesma força e emoção que a personagem de Mark Ruffalo, por exemplo, visivelmente o mais emocionalmente preso ao caso. Desde a primeira menção a possibilidade da Spotlight pegar o caso, Michael Rezendes demonstra entusiasmo, ele quer investigar aquilo. É ele quem primeiro fala na questão da fé e as implicações diante do descoberto, apesar da personagem de Rachel McAdams ter uma avó extremamente católica. A cena dele em pé no fundo da igreja vendo o coral de Natal é uma das mais fortes do filme. Falta mais disso, para que também sejamos impactados.
Não que o filme precisasse ser um melodrama sobre as vítimas, ou mesmo que precisasse ser imparcial ao ponto de ouvir também os representantes da igreja. Mas, o caso é conduzido de maneira muito esquemática. As vítimas são números, os padres são números, mesmo que alguns rostos e choros possam ser testemunhados. A curva dramática se centra na investigação e conclusão desse caso. E não há no roteiro, nem na direção nada que chame a atenção de uma maneira tão contundente a ponto de justificar as indicações a prêmios que o filme vem tendo, por exemplo. Há mais força no tema que no filme em si. Ainda que tenhamos bons momentos e ótimas atuações.
Spotlight: Segredos Revelados não é um filme ruim. Longe disso, é bem executado, cumpre a função a que se propõe e ajuda na lembrança de algo que ainda assusta a humanidade, a forma como o ser humano é capaz de utilizar de sua posição privilegiada para abusar de alguém mais frágil, independente de religião. Mas, acima de tudo é um filme ode ao jornalismo que anda tão menosprezado diante do mundo cibernético onde a informação se pulveriza de maneira inconsequente. Há força nessa obra, não posso negar. Mas, definitivamente, não é um filme tecnicamente tão eloquente que nos faça pensar estar diante de um dos grandes da história do cinema.
Spotlight: Segredos Revelados (Spotlight, 2016 / EUA)
Direção: Tom McCarthy
Roteiro: Josh Singer, Tom McCarthy
Com: Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, Stanley Tucci
Duração: 128 min.
Primeiro, precisamos entender as escolhas do diretor, e também um dos roteiristas,Tom McCarthy. A ele e ao outro roteirista Josh Singer não interessa exatamente entender os casos de pedofilia, nem a postura da Igreja em acobertá-los, nem mesmo na repercussão que isso pode vir a ter entre os fiéis. O foco é a investigação jornalística. É como essas personagens aceitaram o desafio de ir contra uma instituição tão forte e com tantos adeptos na cidade para trazer à luz os nomes dos padres e, mais do que isso, o esquema por trás deles, que os protegiam e os deslocavam para cidades diversas abafando escândalos.
Neste objetivo principal de demonstrar o processo investigativo dos repórteres o filme cumpre sua função. É instigante enquanto processo e o caso que retrata é assustadoramente envolvente. Queremos entender como aquilo pode acontecer assim, na frente de todos sem que ninguém veja, ou os que vejam não denunciem. Quando entra as falas do psiquiatra, é intrigante analisar a questão psicológica desses padres e a castração sexual que sofrem em sua formação acabando por se desviar para crimes tão absurdos com crianças inocentes. Torcemos para que a verdade venha à tona, mas o filme não se permite ir além.
Não vou aqui cair no engano de criticar o filme que gostaria de ter visto ou que penso que faria. Spotlight tem suas escolhas e é fiel a elas, apenas não me tocam quanto poderiam. Um tema tão forte e tão chocante não fica ecoando após a sessão porque tudo o que vem a mente é o ótimo trabalho de jornalismo investigativo que vimos. E este teve o seu final feliz, fechou o ciclo, não deixa margem para pensarmos, não deixa pontas soltas para preenchermos. Ao colocar a luz na investigação e não no caso, este fica quase esquecido, em segundo plano, sem tanto impacto.
Não nos envolvemos com a mesma força e emoção que a personagem de Mark Ruffalo, por exemplo, visivelmente o mais emocionalmente preso ao caso. Desde a primeira menção a possibilidade da Spotlight pegar o caso, Michael Rezendes demonstra entusiasmo, ele quer investigar aquilo. É ele quem primeiro fala na questão da fé e as implicações diante do descoberto, apesar da personagem de Rachel McAdams ter uma avó extremamente católica. A cena dele em pé no fundo da igreja vendo o coral de Natal é uma das mais fortes do filme. Falta mais disso, para que também sejamos impactados.
Não que o filme precisasse ser um melodrama sobre as vítimas, ou mesmo que precisasse ser imparcial ao ponto de ouvir também os representantes da igreja. Mas, o caso é conduzido de maneira muito esquemática. As vítimas são números, os padres são números, mesmo que alguns rostos e choros possam ser testemunhados. A curva dramática se centra na investigação e conclusão desse caso. E não há no roteiro, nem na direção nada que chame a atenção de uma maneira tão contundente a ponto de justificar as indicações a prêmios que o filme vem tendo, por exemplo. Há mais força no tema que no filme em si. Ainda que tenhamos bons momentos e ótimas atuações.
Spotlight: Segredos Revelados não é um filme ruim. Longe disso, é bem executado, cumpre a função a que se propõe e ajuda na lembrança de algo que ainda assusta a humanidade, a forma como o ser humano é capaz de utilizar de sua posição privilegiada para abusar de alguém mais frágil, independente de religião. Mas, acima de tudo é um filme ode ao jornalismo que anda tão menosprezado diante do mundo cibernético onde a informação se pulveriza de maneira inconsequente. Há força nessa obra, não posso negar. Mas, definitivamente, não é um filme tecnicamente tão eloquente que nos faça pensar estar diante de um dos grandes da história do cinema.
Spotlight: Segredos Revelados (Spotlight, 2016 / EUA)
Direção: Tom McCarthy
Roteiro: Josh Singer, Tom McCarthy
Com: Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, Stanley Tucci
Duração: 128 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Spotlight: Segredos Revelados
2016-01-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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