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Alicia Vikander
Amber Heard
critica
drama
Eddie Redmayne
oscar 2016
Tom Hooper
A Garota Dinamarquesa
A Garota Dinamarquesa
Primeira pessoa a se submeter à mudança de sexo no planeta. Este é o fato histórico por trás de A Garota Dinamarquesa, que poderia até ser considerado um spoiler, mas, na verdade, o filme não é sobre a mudança em si, mas sobre a descoberta de um ser humano, amparada pela fidelidade e amor do outro. E de como ele conseguiu se libertar.
Gerda Wegener e Einar Wegener são casados, aparentemente felizes e bem estruturados. Ele é um pintor de sucesso, ela ainda busca seu lugar nas artes. Até que resolve utilizar o próprio esposo como modelo, só que transvestido de mulher, dando vida a Lili Elbe. O que ela não sabia era que a personagem ganharia mais força do que qualquer um pudesse prever.
Acima de tudo é um filme de personagens e consequentemente de atuações. Eddie Redmayne e Alicia Vikander nos presenteiam com uma intensidade emocional impressionante. Ele constrói sua dor, sua confusão diante dos sentimentos e sensações, sua transformação em pequenos detalhes. A postura e impostação de voz ao se transformar em Lili nos fazem crer realmente que são duas pessoas. A cena em que ele vê os esboços de Lili pela primeira vez, emociona. Já ela, consegue nos passar toda a dor e amor incondicional de uma pessoa diante de um fato tão inusitado. A cena da discussão após a exposição, por exemplo, é de cortar o coração.
Uma pena, no entanto, que roteiro e direção não conseguem acompanhar tamanha entrega, sendo apenas corretos, quase burocráticos diante de uma história tão impressionante. O roteiro nos guia apenas nessa transformação e a direção nos apresenta sempre os mesmos ângulos. Exagera nos tons, se demora nos planos, repetindo sempre a mesma situação, como se precisasse nos reexplicar a cada cena que Eddie se sente Lili.
De qualquer maneira, consegue instruir bem sobre o tema e nos mostrar um retrato de época, principalmente nas peregrinações por médicos que falam de perversão a esquizofrenia. Consegue distinguir bem também o homossexual do transsexual. E nesse ponto o filme é delicado, sem preconceitos ou julgamentos. Há um cuidado em construir situações e tratar de sentimentos de uma maneira bela.
E por mais que o óbvio sentimento de Lili nos embale, o que nos emociona de fato é o sentimento de Gerda. O amor completamente entregue daquela mulher que entende a pessoa que tem ao seu lado e abre mão de seus próprios sentimentos de posse para embarcar com ela em uma jornada insólita. Claro que há o choque, a dor, o medo, a quase súplica pelo marido de volta, mas há também a entrega e compreensão extrema que só o amor incondicional é capaz de proporcionar.
A Garota Dinamarquesa é, então, uma história incrível. Com duas atuações impressionantes, mas uma estrutura fílmica básica que poderia ousar mais e nos dar uma obra maravilhosa.
A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl, 2016 / EUA)
Direção: Tom Hooper
Roteiro: Lucinda Coxon
Com: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Amber Heard
Duração: 121 min.
Gerda Wegener e Einar Wegener são casados, aparentemente felizes e bem estruturados. Ele é um pintor de sucesso, ela ainda busca seu lugar nas artes. Até que resolve utilizar o próprio esposo como modelo, só que transvestido de mulher, dando vida a Lili Elbe. O que ela não sabia era que a personagem ganharia mais força do que qualquer um pudesse prever.
Acima de tudo é um filme de personagens e consequentemente de atuações. Eddie Redmayne e Alicia Vikander nos presenteiam com uma intensidade emocional impressionante. Ele constrói sua dor, sua confusão diante dos sentimentos e sensações, sua transformação em pequenos detalhes. A postura e impostação de voz ao se transformar em Lili nos fazem crer realmente que são duas pessoas. A cena em que ele vê os esboços de Lili pela primeira vez, emociona. Já ela, consegue nos passar toda a dor e amor incondicional de uma pessoa diante de um fato tão inusitado. A cena da discussão após a exposição, por exemplo, é de cortar o coração.
Uma pena, no entanto, que roteiro e direção não conseguem acompanhar tamanha entrega, sendo apenas corretos, quase burocráticos diante de uma história tão impressionante. O roteiro nos guia apenas nessa transformação e a direção nos apresenta sempre os mesmos ângulos. Exagera nos tons, se demora nos planos, repetindo sempre a mesma situação, como se precisasse nos reexplicar a cada cena que Eddie se sente Lili.
De qualquer maneira, consegue instruir bem sobre o tema e nos mostrar um retrato de época, principalmente nas peregrinações por médicos que falam de perversão a esquizofrenia. Consegue distinguir bem também o homossexual do transsexual. E nesse ponto o filme é delicado, sem preconceitos ou julgamentos. Há um cuidado em construir situações e tratar de sentimentos de uma maneira bela.
E por mais que o óbvio sentimento de Lili nos embale, o que nos emociona de fato é o sentimento de Gerda. O amor completamente entregue daquela mulher que entende a pessoa que tem ao seu lado e abre mão de seus próprios sentimentos de posse para embarcar com ela em uma jornada insólita. Claro que há o choque, a dor, o medo, a quase súplica pelo marido de volta, mas há também a entrega e compreensão extrema que só o amor incondicional é capaz de proporcionar.
A Garota Dinamarquesa é, então, uma história incrível. Com duas atuações impressionantes, mas uma estrutura fílmica básica que poderia ousar mais e nos dar uma obra maravilhosa.
A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl, 2016 / EUA)
Direção: Tom Hooper
Roteiro: Lucinda Coxon
Com: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Amber Heard
Duração: 121 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Garota Dinamarquesa
2016-02-10T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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