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oscar 2016
Trumbo: Lista Negra
Trumbo: Lista Negra
Mais do que sobre o roteirista Dalton Trumbo ou sobre a caça comunista que aconteceu nos Estados Unidos durante a Guerra Fria. Trumbo: Lista Negra é um filme sobre a impossibilidade de exercer sua função ou a tentativa de buscar alternativas para isso, sem perder seus próprios ideais. Ainda assim, a estrutura é de uma cinebiografia clássica, que acaba tirando um pouco o brilho da obra.
Roteirista bem-sucedido em Hollywood, Dalton Trumbo era também comunista assumido, sempre procurando apoiar causas dignas como greves de classe. Nenhum problema até a Guerra Fria iniciar e, com ela, a caça aos comunistas por órgãos como o Comitê de Atividades Antiamericanas. Levado ao tribunal, Trumbo, como outros de seus companheiros, se recusaram a entrar no jogo político e foram processados, presos e entraram para uma lista negra, não podendo mais ser contratados por nenhum estúdio cinematográfico, mesmo após sair da prisão. Incapaz de exercer sua profissão legalmente, ele aceitou escrever roteiros sem créditos e trabalhar para estúdios de filmes B. Ainda assim, ganhou dois Oscars e lutou para ser reconhecido.
A estrutura do roteiro de John McNamara é esquemática e clássica, provavelmente o próprio Dalton Trumbo daria mais tempero à trama de sua vida. Ainda assim, cumpre a função de nos apresentar esse personagem incrível, sua obra e esse momento sombrio não apenas de sua vida, como de Hollywood e dos Estados Unidos como um todo. A caça aos comunistas como se fosse um vírus a ser eliminado era cruel e irracional. Ainda assim, McNamara exagera na caricatura de personagens como a jornalista Hedda Hopper, interpretada por Helen Mirren, que parece uma bruxa de contos de fadas de tão cruel e perseguidora. Esses são pontos que enfraquecem a trama.
Já Dalton Trumbo, ainda que visto como homem admirável e um roteirista extraordinário, é também um ser humano com falhas, como exigir demais dos amigos e dos familiares, principalmente quando cria a estrutura de roteiros B. A cena em que ele é interrompido por sua filha quando está na banheira, por exemplo, tem um tom acima, mas mostra bem o estado de stress em que vive aquela família. Já em outro momento, Dalton faz um teste em sua filha para saber se ela seria comunista em uma metáfora simples, mas funcional, que mostra que ele só é uma pessoa em busca de justiça social.
A direção de Jay Roach, habituado a comédias, é também correta, sem grandes surpresas ou cenas que tirem o nosso fôlego, mas ele consegue traduzir bem o clima de tensão daquela época, dosando reuniões, tribunais, escritos e cenas em frente à televisão de maneira competente. Mas sua escolha de seguir uma estrutura clássica, com muita cena esquemática com rotinas repetidas como a família em frente à televisão vendo o Oscar, acaba não nos fazendo ir além.
Trumbo, então, se torna um filme muito mais forte pelo homem que retrata que pelo seu retrato em si. A atuação de Bryan Cranston é competente e nos dá momentos brilhantes, mas também não chega perto do que ele já foi capaz de nos dar em Breaking Bad, por exemplo. Da mesma forma que Helen Mirren se torna caricata como sua personagem, não nos entregando muito do que poderia. Já John Goodman parece se divertir em cena como o dono dos estúdios King Brothers Productions, Frank King.
Trumbo: Lista Negra é, então, um filme correto, que empolga mais pela história real por trás dele. Poderia ser melhor, sempre pode, mas não deixa de ser um registro digno e necessário.
Trumbo: Lista Negra (Trumbo, 2016 / EUA)
Direção: Jay Roach
Roteiro: John McNamara
Com: Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren, David Maldonado, John Goodman
Duração: 124 min.
Roteirista bem-sucedido em Hollywood, Dalton Trumbo era também comunista assumido, sempre procurando apoiar causas dignas como greves de classe. Nenhum problema até a Guerra Fria iniciar e, com ela, a caça aos comunistas por órgãos como o Comitê de Atividades Antiamericanas. Levado ao tribunal, Trumbo, como outros de seus companheiros, se recusaram a entrar no jogo político e foram processados, presos e entraram para uma lista negra, não podendo mais ser contratados por nenhum estúdio cinematográfico, mesmo após sair da prisão. Incapaz de exercer sua profissão legalmente, ele aceitou escrever roteiros sem créditos e trabalhar para estúdios de filmes B. Ainda assim, ganhou dois Oscars e lutou para ser reconhecido.
A estrutura do roteiro de John McNamara é esquemática e clássica, provavelmente o próprio Dalton Trumbo daria mais tempero à trama de sua vida. Ainda assim, cumpre a função de nos apresentar esse personagem incrível, sua obra e esse momento sombrio não apenas de sua vida, como de Hollywood e dos Estados Unidos como um todo. A caça aos comunistas como se fosse um vírus a ser eliminado era cruel e irracional. Ainda assim, McNamara exagera na caricatura de personagens como a jornalista Hedda Hopper, interpretada por Helen Mirren, que parece uma bruxa de contos de fadas de tão cruel e perseguidora. Esses são pontos que enfraquecem a trama.
Já Dalton Trumbo, ainda que visto como homem admirável e um roteirista extraordinário, é também um ser humano com falhas, como exigir demais dos amigos e dos familiares, principalmente quando cria a estrutura de roteiros B. A cena em que ele é interrompido por sua filha quando está na banheira, por exemplo, tem um tom acima, mas mostra bem o estado de stress em que vive aquela família. Já em outro momento, Dalton faz um teste em sua filha para saber se ela seria comunista em uma metáfora simples, mas funcional, que mostra que ele só é uma pessoa em busca de justiça social.
A direção de Jay Roach, habituado a comédias, é também correta, sem grandes surpresas ou cenas que tirem o nosso fôlego, mas ele consegue traduzir bem o clima de tensão daquela época, dosando reuniões, tribunais, escritos e cenas em frente à televisão de maneira competente. Mas sua escolha de seguir uma estrutura clássica, com muita cena esquemática com rotinas repetidas como a família em frente à televisão vendo o Oscar, acaba não nos fazendo ir além.
Trumbo, então, se torna um filme muito mais forte pelo homem que retrata que pelo seu retrato em si. A atuação de Bryan Cranston é competente e nos dá momentos brilhantes, mas também não chega perto do que ele já foi capaz de nos dar em Breaking Bad, por exemplo. Da mesma forma que Helen Mirren se torna caricata como sua personagem, não nos entregando muito do que poderia. Já John Goodman parece se divertir em cena como o dono dos estúdios King Brothers Productions, Frank King.
Trumbo: Lista Negra é, então, um filme correto, que empolga mais pela história real por trás dele. Poderia ser melhor, sempre pode, mas não deixa de ser um registro digno e necessário.
Trumbo: Lista Negra (Trumbo, 2016 / EUA)
Direção: Jay Roach
Roteiro: John McNamara
Com: Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren, David Maldonado, John Goodman
Duração: 124 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Trumbo: Lista Negra
2016-02-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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