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A Ponte do Rio Kwai
A Ponte do Rio Kwai
Dizem que soldado mandado não tem crime. Talvez seja por isso que eles prefiram seguir cegamente seus comandantes em situações críticas. Brincadeiras à parte, A Ponte do Rio Kwai nos mostra o quão sem sentido podem ser os valores seguidos por esses homens seja no campo de batalha ou no campo de prisioneiros. Como diz o médico local, "Ainda precisa muito para eu entender o exército".
A trama se passa em plena Segunda Guerra Mundial. Um batalhão inglês é feito prisioneiro dos japoneses e o coronel Saito quer os obrigar a construir uma ponte sobre o rio Kwai, mas o coronel inglês não admite que altas patentes peguem no pesado alegando o código de Genebra. Muita luta de braço acontecerá, antes que japoneses e ingleses comecem a trabalhar juntos sem se dar conta do que isso significa e o que está sendo tramado pelo exército inglês para além daquele campo.
Honra, regras e poder são algumas que estão em jogo nesse campo e impressiona o quão tudo isso pode ser absurdo. O médico acaba sendo nosso olhar diante da situação que não consegue entender como trabalhar na construção possa ser pior que ficar preso em uma estrutura embaixo da terra, em um calor absurdo, sem se alimentar, por exemplo.
A forma irracional como o coronel Saito e o coronel Nicholson lidam com a situação dão o tom tragicômico da trama. Vamos acompanhando aquela quebra de braço, mesmo quando entram aparentemente em um acordo e percebendo que há uma escalada na loucura de ambos. Os dois levam a sério demais seus próprios princípios. E chega a ser admirável que, apesar de tudo isso, os comandados de ambos continuem seguindo suas ordens sem questionar.
Paralelo a essa disputa inglês vs japonês, há ainda o americano Major Shears que apesar de também ter seus vícios, é outra voz da razão ali dentro. Ele é o estereótipo do cafajeste que só quer livrar sua própria pele. Finge estar doente, arma fuga, mente, se diverte, mas no final, demonstra que vai além da imagem.
Apesar de ter quase três horas de duração, a narrativa flui de uma maneira extremamente ágil. David Lean tem a capacidade de nos envolver em grandes épicos vide Lawrence da Arábia e Doutor Jivago. E aqui não fica atrás, dosando bem as cenas de discussão com as de ação, fazendo sempre a narrativa andar de uma maneira criativa e surpreendente.
Há tensão, há drama, há comédia em A Ponte do Rio Kwai, mas há, principalmente, uma crítica forte e incisiva à guerra e ao orgulho humano. Não por acaso se tornou um clássico do cinema mundial. E claro, a emblemática música que abre e fecha a trama acaba resumindo o retrato do exército inglês. Não importa o que está acontecendo, assobie e marche.
A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, 1957 / Reino Unido)
Direção: David Lean
Roteiro: Carl Foreman
Com: William Holden, Alec Guinness, Jack Hawkins
Duração: 161 min.
A trama se passa em plena Segunda Guerra Mundial. Um batalhão inglês é feito prisioneiro dos japoneses e o coronel Saito quer os obrigar a construir uma ponte sobre o rio Kwai, mas o coronel inglês não admite que altas patentes peguem no pesado alegando o código de Genebra. Muita luta de braço acontecerá, antes que japoneses e ingleses comecem a trabalhar juntos sem se dar conta do que isso significa e o que está sendo tramado pelo exército inglês para além daquele campo.
Honra, regras e poder são algumas que estão em jogo nesse campo e impressiona o quão tudo isso pode ser absurdo. O médico acaba sendo nosso olhar diante da situação que não consegue entender como trabalhar na construção possa ser pior que ficar preso em uma estrutura embaixo da terra, em um calor absurdo, sem se alimentar, por exemplo.
A forma irracional como o coronel Saito e o coronel Nicholson lidam com a situação dão o tom tragicômico da trama. Vamos acompanhando aquela quebra de braço, mesmo quando entram aparentemente em um acordo e percebendo que há uma escalada na loucura de ambos. Os dois levam a sério demais seus próprios princípios. E chega a ser admirável que, apesar de tudo isso, os comandados de ambos continuem seguindo suas ordens sem questionar.
Paralelo a essa disputa inglês vs japonês, há ainda o americano Major Shears que apesar de também ter seus vícios, é outra voz da razão ali dentro. Ele é o estereótipo do cafajeste que só quer livrar sua própria pele. Finge estar doente, arma fuga, mente, se diverte, mas no final, demonstra que vai além da imagem.
Apesar de ter quase três horas de duração, a narrativa flui de uma maneira extremamente ágil. David Lean tem a capacidade de nos envolver em grandes épicos vide Lawrence da Arábia e Doutor Jivago. E aqui não fica atrás, dosando bem as cenas de discussão com as de ação, fazendo sempre a narrativa andar de uma maneira criativa e surpreendente.
Há tensão, há drama, há comédia em A Ponte do Rio Kwai, mas há, principalmente, uma crítica forte e incisiva à guerra e ao orgulho humano. Não por acaso se tornou um clássico do cinema mundial. E claro, a emblemática música que abre e fecha a trama acaba resumindo o retrato do exército inglês. Não importa o que está acontecendo, assobie e marche.
A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, 1957 / Reino Unido)
Direção: David Lean
Roteiro: Carl Foreman
Com: William Holden, Alec Guinness, Jack Hawkins
Duração: 161 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Ponte do Rio Kwai
2016-03-20T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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