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Alejandro Monteverde
Cary-Hiroyuki Tagawa
critica
David Henrie
drama
Emily Watson
Jakob Salvati
Kevin James
Little Boy - Além do Impossível
Little Boy - Além do Impossível
Dirigido pelo mexicano Alejandro Monteverde, que em 2006 conquistou o público de Toronto com o filme Bella, Little Boy é outro melodrama com todos os ingredientes para conquistar grandes públicos. Ainda que exagere na dose em alguns momentos e traga um final questionável, não exatamente pelo que acontece, mas pela forma.
Pepper Flynt Busbee é um garotinho com uma estatura abaixo da média, que tem em seu pai um ídolo, um parceiro e único amigo, já que a maioria dos garotos caçoam de sua altura, chamando-o de anão. Porém, o chefe da família Busbee é enviado para a Guerra e o garotinho passa a sonhar com seu retorno. Como isso demora, ao ouvir o discurso do padre local sobre a fé que remove montanhas, ele começa a acreditar que tenha poderes para trazer seu pai de volta, iniciando uma jornada de conquista da fé.
Fé, aliás, é o principal tema da obra. Não apenas a fé religiosa que o garotinho nem tem noção exata ainda, mas a fé em si mesmo. A crença em sua capacidade de realizar feitos admiráveis é que o leva, de fato, a realizá-los. Pepper, Little Boy, acredita nisso a partir de um truque de mágica, mas passa a praticar a partir de uma indicação religiosa que o leva a crer que se formos seres humanos melhores, Deus irá nos ajudar a conquistar o que queremos.
Há beleza nessa trajetória, principalmente por ser construída pelo olhar inocente da criança. Ainda que um Pepper velho nos narre a trama, temos o ponto de vista do Pepper pequeno vivenciando-a, o que traz certo eco com o filme francês O Pequeno Nicolau. Toda a construção da semente de mostarda movendo montanhas e da lista ancestral para ter o direito aos poderes divinos são passados com uma ingenuidade que nos envolve e faz querer em algum momento que aquilo realmente aconteça.
Nesse ponto, o garotinho Jakob Salvati também tem méritos nessa torcida e envolvimento do público. Ele consegue passar emoção com seu little boy, nos fazendo crer e criar empatia com ele. Seu olhar triste e inocente nos leva a desejar também que sua sina seja positiva. Aprendemos também com ele e com seu desejo de estar com o pai, acima de tudo.
O filme traz ainda um retrato interessante dos Estados Unidos em plena segunda guerra. Principalmente em relação à aversão a japoneses. As cenas que envolvem os maus tratos a Hashimoto, assim como a aproximação de Pepper dele, são bem conduzidas trazendo cenas chaves como o almoço na casa dos Busbee e uma certa invasão.
Trata-se de um melodrama bem dosado, com momentos de reflexão e de emoção genuína, escorregando apenas na parte final. Não exatamente pelo que acontece, mas o como isso acontece. Como se Alejandro Monteverde se dividisse em como ele queria emocionar seu público. Na dúvida, colocou as duas formas e isso criou uma certa virada incômoda.
De qualquer maneira, é um bom filme, que deve agradar ao grande público.
Little Boy - Além do Impossível (Little Boy, 2016 /EUA)
Direção: Alejandro Monteverde
Roteiro: Alejandro Monteverde, Pepe Portillo
Com: Jakob Salvati, Emily Watson, David Henrie, Kevin James, Cary-Hiroyuki Tagawa
Duração: 106 min.
Pepper Flynt Busbee é um garotinho com uma estatura abaixo da média, que tem em seu pai um ídolo, um parceiro e único amigo, já que a maioria dos garotos caçoam de sua altura, chamando-o de anão. Porém, o chefe da família Busbee é enviado para a Guerra e o garotinho passa a sonhar com seu retorno. Como isso demora, ao ouvir o discurso do padre local sobre a fé que remove montanhas, ele começa a acreditar que tenha poderes para trazer seu pai de volta, iniciando uma jornada de conquista da fé.
Fé, aliás, é o principal tema da obra. Não apenas a fé religiosa que o garotinho nem tem noção exata ainda, mas a fé em si mesmo. A crença em sua capacidade de realizar feitos admiráveis é que o leva, de fato, a realizá-los. Pepper, Little Boy, acredita nisso a partir de um truque de mágica, mas passa a praticar a partir de uma indicação religiosa que o leva a crer que se formos seres humanos melhores, Deus irá nos ajudar a conquistar o que queremos.
Há beleza nessa trajetória, principalmente por ser construída pelo olhar inocente da criança. Ainda que um Pepper velho nos narre a trama, temos o ponto de vista do Pepper pequeno vivenciando-a, o que traz certo eco com o filme francês O Pequeno Nicolau. Toda a construção da semente de mostarda movendo montanhas e da lista ancestral para ter o direito aos poderes divinos são passados com uma ingenuidade que nos envolve e faz querer em algum momento que aquilo realmente aconteça.
Nesse ponto, o garotinho Jakob Salvati também tem méritos nessa torcida e envolvimento do público. Ele consegue passar emoção com seu little boy, nos fazendo crer e criar empatia com ele. Seu olhar triste e inocente nos leva a desejar também que sua sina seja positiva. Aprendemos também com ele e com seu desejo de estar com o pai, acima de tudo.
O filme traz ainda um retrato interessante dos Estados Unidos em plena segunda guerra. Principalmente em relação à aversão a japoneses. As cenas que envolvem os maus tratos a Hashimoto, assim como a aproximação de Pepper dele, são bem conduzidas trazendo cenas chaves como o almoço na casa dos Busbee e uma certa invasão.
Trata-se de um melodrama bem dosado, com momentos de reflexão e de emoção genuína, escorregando apenas na parte final. Não exatamente pelo que acontece, mas o como isso acontece. Como se Alejandro Monteverde se dividisse em como ele queria emocionar seu público. Na dúvida, colocou as duas formas e isso criou uma certa virada incômoda.
De qualquer maneira, é um bom filme, que deve agradar ao grande público.
Little Boy - Além do Impossível (Little Boy, 2016 /EUA)
Direção: Alejandro Monteverde
Roteiro: Alejandro Monteverde, Pepe Portillo
Com: Jakob Salvati, Emily Watson, David Henrie, Kevin James, Cary-Hiroyuki Tagawa
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Little Boy - Além do Impossível
2016-03-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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