
Pepper Flynt Busbee é um garotinho com uma estatura abaixo da média, que tem em seu pai um ídolo, um parceiro e único amigo, já que a maioria dos garotos caçoam de sua altura, chamando-o de anão. Porém, o chefe da família Busbee é enviado para a Guerra e o garotinho passa a sonhar com seu retorno. Como isso demora, ao ouvir o discurso do padre local sobre a fé que remove montanhas, ele começa a acreditar que tenha poderes para trazer seu pai de volta, iniciando uma jornada de conquista da fé.

Há beleza nessa trajetória, principalmente por ser construída pelo olhar inocente da criança. Ainda que um Pepper velho nos narre a trama, temos o ponto de vista do Pepper pequeno vivenciando-a, o que traz certo eco com o filme francês O Pequeno Nicolau. Toda a construção da semente de mostarda movendo montanhas e da lista ancestral para ter o direito aos poderes divinos são passados com uma ingenuidade que nos envolve e faz querer em algum momento que aquilo realmente aconteça.

O filme traz ainda um retrato interessante dos Estados Unidos em plena segunda guerra. Principalmente em relação à aversão a japoneses. As cenas que envolvem os maus tratos a Hashimoto, assim como a aproximação de Pepper dele, são bem conduzidas trazendo cenas chaves como o almoço na casa dos Busbee e uma certa invasão.
Trata-se de um melodrama bem dosado, com momentos de reflexão e de emoção genuína, escorregando apenas na parte final. Não exatamente pelo que acontece, mas o como isso acontece. Como se Alejandro Monteverde se dividisse em como ele queria emocionar seu público. Na dúvida, colocou as duas formas e isso criou uma certa virada incômoda.
De qualquer maneira, é um bom filme, que deve agradar ao grande público.
Little Boy - Além do Impossível (Little Boy, 2016 /EUA)
Direção: Alejandro Monteverde
Roteiro: Alejandro Monteverde, Pepe Portillo
Com: Jakob Salvati, Emily Watson, David Henrie, Kevin James, Cary-Hiroyuki Tagawa
Duração: 106 min.