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Um Homem Entre Gigantes
Um Homem Entre Gigantes
Um Homem Entre Gigantes tinha tudo para ser burocrático e cansativo, mas ainda que exagerando no sentimentalismo, ele consegue dialogar bem com seu público e nos apresentar uma história de superação e busca pela verdade. O problema é que continua exaltando o tal sonho americano de uma maneira bem complicada.
O Dr. Bennet Omalu é um PhD com diversos diplomas focando em pesquisa e que tem uma forma um tanto excêntrica de exercer o seu trabalho de médico legista, que incomoda o seu colega de trabalho. Mas, sua vida irá mudar mesmo quando o corpo do ex-jogador Mike Webster chegar ao seu plantão. Astro da Super Liga Norte Americana NFL, Webster estava vivendo como mendigo nos últimos anos e uma análise minuciosa faz o Dr. Omalu diagnosticar uma síndrome nova que batiza de ETC e atribui às diversas pancadas que o cérebro do jogador toma durante sua vida. E assim, ele vai comprar briga com empresários do esporte.
O filme de Peter Landesman poderia se perder entre termos médicos e disputas de poder cansativas, mas ele prefere construir um melodrama que acaba dialogando com o público e construindo uma narrativa agradável, ainda que sem maiores encantos. Não chega a ser uma cinebiografia, já que Omalu se torna personagem de uma jornada específica, de uma busca pela verdade, como ele define. Mas, acaba caindo em dois vícios incômodos, o excesso de sentimentalismo e a bandeira do sonho americano.
O melodrama é um gênero legítimo e que, bem conduzido, nos dá obras -primas que marcaram o cinema. Há uma valorização da emoção no gênero que ajuda a criar empatia com o protagonista e nos fazer embarcar em sua jornada. Há sofrimento, há técnicas repetitivas de utilização de música e câmeras para arrancar a emoção da plateia. Mas, nada disso precisa ser gratuito ou mesmo forçado. Como a relação de Omalu com sua esposa, ou mesmo a perseguição eterna do colega de trabalho. Mas, o que soa mais complicado na construção do protagonista é mesmo ele ser um nigeriano que sempre sonhou em ser americano. Pois lá era "a terra escolhida por Deus, onde você pode ser qualquer coisa".
Houve uma fase em que os Estados Unidos construíam seus filmes embutidos do American Way of Life de uma maneira tão bem arquitetada que a gente nem sentia e dizia amém inconscientemente. Hoje, esses traços parecem saltar mais aos olhos e na tela. E eles parecem fingir discutir o conceito colocando-o em cheque apenas para reforçá-lo. A briga de Dr. Omalu com a NFL é o ponto-chave dessa ideologia, quando ele se sente mal por ver que as pessoas que considerava superiores, em nome do dinheiro não querem discutir a verdade. Mas, ao mesmo tempo, há reviravoltas e reforços de que ele é quem representa o "verdadeiro americano". E seu discurso final sobre o futebol deixa tudo ainda mais induzido.
Mas, ainda que exalte sua filosofia de vida e exagere na dose de emoção muitas vezes, o filme consegue construir uma trama honesta que nos instiga e envolve. Tanto que não vemos passar as mais de duas horas de projeção. Muito do mérito disso está também na interpretação de Will Smith que se entrega com verdade para dar vida ao Dr. Omalu, demonstrando a pureza de suas intenções, o seu olhar focado e simples, quase ingênuo, em nome da ciência. Seu respeito e maneira como se posta diante dos mortos que analisa, sua briga para que a verdade seja conhecida por todos.
No final das contas, Um Homem Entre Gigantes não é um grande filme, mas cumpre o seu papel. Principalmente o papel de trazer à luz o Dr. Omalu e sua pesquisa que expõe os riscos de treinar e jogar o futebol americano.
Um Homem Entre Gigantes (Concussion, 2016 / EUA)
Direção: Peter Landesman
Roteiro: Peter Landesman
Com: Will Smith, Alec Baldwin, Albert Brooks, Gugu Mbatha-Raw, Adewale Akinnuoye-Agbaje
Duração: 129 min.
O Dr. Bennet Omalu é um PhD com diversos diplomas focando em pesquisa e que tem uma forma um tanto excêntrica de exercer o seu trabalho de médico legista, que incomoda o seu colega de trabalho. Mas, sua vida irá mudar mesmo quando o corpo do ex-jogador Mike Webster chegar ao seu plantão. Astro da Super Liga Norte Americana NFL, Webster estava vivendo como mendigo nos últimos anos e uma análise minuciosa faz o Dr. Omalu diagnosticar uma síndrome nova que batiza de ETC e atribui às diversas pancadas que o cérebro do jogador toma durante sua vida. E assim, ele vai comprar briga com empresários do esporte.
O filme de Peter Landesman poderia se perder entre termos médicos e disputas de poder cansativas, mas ele prefere construir um melodrama que acaba dialogando com o público e construindo uma narrativa agradável, ainda que sem maiores encantos. Não chega a ser uma cinebiografia, já que Omalu se torna personagem de uma jornada específica, de uma busca pela verdade, como ele define. Mas, acaba caindo em dois vícios incômodos, o excesso de sentimentalismo e a bandeira do sonho americano.
O melodrama é um gênero legítimo e que, bem conduzido, nos dá obras -primas que marcaram o cinema. Há uma valorização da emoção no gênero que ajuda a criar empatia com o protagonista e nos fazer embarcar em sua jornada. Há sofrimento, há técnicas repetitivas de utilização de música e câmeras para arrancar a emoção da plateia. Mas, nada disso precisa ser gratuito ou mesmo forçado. Como a relação de Omalu com sua esposa, ou mesmo a perseguição eterna do colega de trabalho. Mas, o que soa mais complicado na construção do protagonista é mesmo ele ser um nigeriano que sempre sonhou em ser americano. Pois lá era "a terra escolhida por Deus, onde você pode ser qualquer coisa".
Houve uma fase em que os Estados Unidos construíam seus filmes embutidos do American Way of Life de uma maneira tão bem arquitetada que a gente nem sentia e dizia amém inconscientemente. Hoje, esses traços parecem saltar mais aos olhos e na tela. E eles parecem fingir discutir o conceito colocando-o em cheque apenas para reforçá-lo. A briga de Dr. Omalu com a NFL é o ponto-chave dessa ideologia, quando ele se sente mal por ver que as pessoas que considerava superiores, em nome do dinheiro não querem discutir a verdade. Mas, ao mesmo tempo, há reviravoltas e reforços de que ele é quem representa o "verdadeiro americano". E seu discurso final sobre o futebol deixa tudo ainda mais induzido.
Mas, ainda que exalte sua filosofia de vida e exagere na dose de emoção muitas vezes, o filme consegue construir uma trama honesta que nos instiga e envolve. Tanto que não vemos passar as mais de duas horas de projeção. Muito do mérito disso está também na interpretação de Will Smith que se entrega com verdade para dar vida ao Dr. Omalu, demonstrando a pureza de suas intenções, o seu olhar focado e simples, quase ingênuo, em nome da ciência. Seu respeito e maneira como se posta diante dos mortos que analisa, sua briga para que a verdade seja conhecida por todos.
No final das contas, Um Homem Entre Gigantes não é um grande filme, mas cumpre o seu papel. Principalmente o papel de trazer à luz o Dr. Omalu e sua pesquisa que expõe os riscos de treinar e jogar o futebol americano.
Um Homem Entre Gigantes (Concussion, 2016 / EUA)
Direção: Peter Landesman
Roteiro: Peter Landesman
Com: Will Smith, Alec Baldwin, Albert Brooks, Gugu Mbatha-Raw, Adewale Akinnuoye-Agbaje
Duração: 129 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Homem Entre Gigantes
2016-03-14T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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